Onda de desemprego

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Saiba o que fazer se você estiver entre os 12 milhões de brasileiros que perderam o trabalho
Talita Castelão
Crédito da imagem: Adobe Stock

Seu chefe acabou de chamá-lo para comunicar que seus serviços não serão mais necessários. Um frio percorre sua espinha e um filme vem à sua mente: como pagar a escola dos filhos, o aluguel da casa e as compras do mês? Infelizmente, muitas famílias têm enfrentado dificuldades financeiras em virtude da onda de desemprego que afeta o país. Gerir uma família sem os recursos necessários acarreta problemas secundários e pode inclusive destruir a saúde e os relacionamentos.

Nos últimos tempos, o fantasma do desemprego tem assombrado muitas famílias. Os índices revelam que a população desocupada gira em torno de 12 milhões de pessoas. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O bom sinal é que a taxa de desemprego recuou para 11,8% no trimestre encerrado em julho de 2019. A população ocupada ultrapassa os 93 milhões de pessoas. Este é o maior número desde 2012. Entretanto, houve aumento de trabalhadores informais e diminuição da renda média.

Em tempos de crise, buscar se diferenciar é muito importante. Mesmo que o desemprego atinja diversos grupos sociais, o aumento da escolaridade ainda é diretamente proporcional à empregabilidade. E, mesmo que não garanta a inserção no mercado de trabalho, a conclusão do ensino superior traz vantagens, inclusive na questão salarial. Um estudo realizado pelo professor Sergio Firpo, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), indicou que trabalhadores com diploma chegam a ganhar até 5,7 vezes mais do que trabalhadores com outros níveis de escolaridade. Segundo ele, quem termina uma faculdade recebe em média R$ 4 mil, comparado a quem possui um ano de estudo, que ganha em média R$ 850.

Quem vive o desemprego enfrenta considerável estresse físico e emocional. Quanto maior é a demora para a recolocação profissional, maiores são os danos. Não só a autoestima fica abalada, mas podem ocorrer episódios de angústia, ansiedade e depressão. Noites sem dormir, pressão alta, ganho de peso, queda de cabelo, infarto e até câncer podem atingir pessoas mais vulneráveis. Por isso, é recomendável que a pessoa adote alimentação balanceada, prática de atividade física e terapia durante o período de inatividade laboral.

Outra sugestão que proporciona bem-estar é a prática de serviço voluntário, principalmente porque a pessoa sem emprego tende ao isolamento social. Claro que é normal ficar triste e com raiva durante o luto do emprego que “morreu”. Mas demorar-se nesse estado compromete ainda mais a vida que segue, pois será necessário rever os custos e fazer novo planejamento financeiro. Em alguns casos, é preciso se desfazer de algum bem e mudar de casa. Tudo isso pode gerar uma grande tensão na família.

Em casa o desemprego chega a causar desavenças e separações. Às vezes, é o homem quem se sente mais desvalorizado. Ele começa a se achar menos viril ou menos admirado pela companheira, podendo com isso ter comportamento hostil para com ela. Outras vezes, é a mulher sem emprego que se sente sem atratividade e utilidade, inclusive diante dos filhos. Cobranças e críticas de ambos os lados são prejudiciais. Mas é também nesse momento que o casal e a família podem se reinventar. Com humildade, misericórdia e apreço, além da busca da ajuda divina, fica mais fácil enfrentar qualquer dificuldade.

TALITA CASTELÃO é psicóloga clínica, sexóloga e doutora em Ciências

(Artigo publicado na seção Em Família da edição de novembro de 2019 da Revista Adventista)

Última atualização em 14 de novembro de 2019 por Márcio Tonetti.