Como criticar seu pastor

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O “ungido do Senhor” pode errar, mas deve ser tratado com carinho e respeito
Rafael Stehling
Foto: Adobe Stock

Em pouco mais de uma década de ministério, já ouvi inúmeras críticas. Algumas me ajudaram muito, outras apenas deixaram marcas profundas no coração. Concluí que você pode criticar o pastor, mas da maneira correta.

Há uma história muito interessante registrada em 2 Samuel 19:5 e 6 em que o general Joabe chama a atenção do rei Davi e é bem-sucedido. Os soldados haviam lutado em defesa do reino contra Absalão e um grupo desertor. Após árduas lutas, a maior rebelião de que já se tinha ouvido falar foi reprimida. Os soldados retornaram vitoriosos. No entanto, Davi, o pai enlutado, só queria lamentar a morte do filho rebelde. Com audácia, Joabe censurou a atitude dele e sugeriu que o rei encorajasse os soldados. Foi o que Davi fez.

Quanta habilidade ao usar as palavras certas no momento exato! Este continua um grande desafio para líderes e liderados, pastores e membros. Muitos hoje precisam aprender “a criticar” de forma positiva o seu pastor. Por isso, aqui vão algumas dicas para que você consiga ajudá-lo, sem impor sobre ele uma carga maior.

1. Ore por seu pastor e peça sabedoria divina para sua fala. Deus lhe dará palavras sábias e sensatas e preparará o coração do seu pastor para ouvir as observações.

2. Não o convide para ir à sua casa a fim de criticá-lo. Pense num time que joga fora de campo. É chato ir a uma visita e sair de lá criticado. Tenha o carinho de visitar seu pastor no seu escritório ou em sua casa para realizar tal conversa.

3. Entenda a dificuldade do seu pastor em separar crítica ao trabalho de crítica pessoal. Ele não tem trabalho; o ministério pastoral é uma vocação. É a vida dele. Então, seja carinhoso.

4. Evite comparar com outros pastores. Cada ministro tem suas características e estilo. Muitas vezes, um pastor compensará justamente naquilo que o anterior era falho e agradará pessoas diferentes. Então, respeite essas peculiaridades e aproveite ao máximo o seu pastor naquilo que ele é bom.

5. Evite fazer críticas inúteis. Algumas vezes criticamos mais para nosso alívio do que por um objetivo efetivo. Questionar a simpatia ou o temperamento do pastor, por exemplo, não ajuda. Talvez ele já não goste de algo em sua personalidade há anos. Se a crítica não tiver a chance de motivar uma mudança, esqueça-a.

6. Critique sem condenar. Tenha empatia e se coloque no lugar dele. Reflita sobre como seu pastor vai ouvir suas palavras. Talvez a “verdade” precise ser melhor trabalhada no amor.

7. Compartilhe seus sentimentos. Isso significa contar sobre suas lutas e falhas, mostrar que você entende seu pastor. Falar de suas batalhas aproxima o pastor de seu ponto de vista.

8. Não use as mídias sociais. O avanço das tecnologias de informação está facilitando muito a vida de todos, mas também complicando as coisas. A conversa direta não tem comparação com uma mensagem de texto enviada friamente por WhatsApp ou Facebook.

9. Ouça o ponto de vista dele. Muitas observações são injustas por falta de conhecimento de causa. O pastor precisa manter sigilo sobre muitos casos. Considere a possibilidade de você estar equivocado. Não foram poucos os casos em que fui questionado por decisões administrativas que, se expostas a público, seriam prontamente apoiadas.

10. Esteja disposto a ajudar. A pior coisa é receber críticas de quem nada faz. Sugira mudanças práticas, comprometa-se em ajudar e seja ativo em sua realidade.

Podemos ser uma igreja cada vez mais unida e apaixonada no ministério do Senhor, ajudando uns aos outros com nossa percepção e amizade. Esse é um desafio para ambas as partes. Procure ser uma bênção ao seu pastor.

RAFAEL STEHLING é pastor e líder de jovens no sul do Espírito Santo

(Artigo publicado na seção Enfim da edição de outubro de 2019 da Revista Adventista)

Última atualização em 10 de dezembro de 2019 por Márcio Tonetti.