Desenterrando tesouros

3 minutos de leitura
Arqueólogos adventistas comemoram cinco décadas de escavações na Jordânia  
Darla Martin Tucker e equipe da Adventist Review
Jarro de aproximadamente 3 mil anos que integra o acervo do Centro de Arqueologia do Oriente Próximo: um dos frutos das escavações realizadas na Jordânia. Foto: La Sierra University News

Os primeiros arqueólogos adventistas do sétimo dia a escavar o solo arenoso do centro da Jordânia buscavam encontrar evidências da antiga cidade de Hesbom, mencionada no Antigo Testamento (Nm 21:27), que estava ligada ao Êxodo e à conquista israelita. Mas eles não esperavam que, a partir daquele momento, fossem começar ali uma jornada que já dura cinco décadas e revelou importantes achados do mundo antigo. Com o passar do tempo, ficou claro que a arqueologia bíblica e suas práticas tinham um futuro promissor.

O trabalho dos grupos de escavações abrangia três locais – os sítios arqueológicos de Tall Hisban, Tall al-‘Umayri e Tall Jalul, que começaram a ser explorados em 1968, 1984 e 1992, respectivamente – que vieram a ser conhecidos posteriormente como Projeto Planícies de Madaba. O trabalho se concentrou em duas instituições adventistas nos Estados Unidos: na Universidade La Sierra, na Califórnia, e na Universidade Andrews, em Michigan.

Em todos esses anos, as escavações arqueológicas nesses lugares atraíram mais de 2,2 mil arqueólogos, estudantes e voluntários ao longo de 56 temporadas coletivas. Como resultado, já foi possível desenterrar remanescentes da Idade do Bronze e da Idade do Ferro de grandes assentamentos, templos, um sistema de defesa massivo, enormes reservatórios e sistemas de água, evidências dos reinos bíblicos amonitas e moabitas, e muitos artefatos de épocas posteriores.

Reinvenção da arqueologia

O arqueólogo Ostein LaBianca é um dos líderes das expedições arqueológicas adventistas na Jordânia. Ele foi um dos palestrantes do 10º Encontro Anual de Descobertas Arqueólogicas, realizado em novembro na Universidade La Sierra. Foto: La Sierra University News

No decorrer de meio século, os arqueólogos adventistas procuraram desenvolver uma nova visão da arqueologia bíblica. “A tarefa de reinventar a arqueologia bíblica é desenvolver uma visão mais inclusiva do passado e ver como isso também pode informar nossa compreensão do tempo antigo”, afirmou Ostein LaBianca, professor de antropologia da Andrews University, durante palestra num evento que celebrou os 50 anos de escavações.

“O caminho para a arqueologia nesta parte do mundo é o que chamo de arqueologia comunitária. Não estamos apenas contando a história que é importante para nós. Estamos contando uma história da história global. É uma história inclusiva que inclui a história das pessoas que moram lá hoje”, completou o pesquisador.

A reinvenção da arqueologia bíblica também envolveu mudanças na forma de as escavações serem planejadas e conduzidas. Nas últimas décadas, as escavações foram organizadas como expedições militares, com todos os suprimentos fornecidos no exterior e com pouca interação da comunidade, observou LaBianca. Em Hisban, o primeiro sítio escavado, os arqueólogos inverteram essa abordagem e formaram parcerias com a comunidade local para preservar e apresentar o local.

Bill Dever, ex-aluno de teologia e notável arqueólogo, conhece os organizadores do projeto Madaba há anos. “O projeto Planícies de Madaba é o mais longo projeto arqueológico norte-americano em execução contínua no Oriente Médio”, constatou Dever. “É, e provavelmente foi, o projeto mais bem equipado no campo”, acrescentou.

Campo promissor

A arqueologia vem despertando o interesse de muitos estudiosos e sendo relevante no meio científico. Segundo o Dr. Rodrigo Silva, “sendo usada com prudência e exatidão, a arqueologia poderá ser uma grande ferramenta de estudo não apenas para contextualizar corretamente passagens da Bíblia, mas também para confirmar a historicidade do seu relato”.

Nem sempre as terras bíblicas foram alvo do interesse dos estudiosos. A partir do século 13, um dos acontecimentos mais importantes foi a descoberta da Pedra de Roseta, ocorrida em 1798, levando muitos especialistas a se interessarem pela história do Egito, da Mesopotâmia e da Palestina. Cidades como Babilônia, Nínive, Ur e Jericó, antes vistas como lugares míticos, já foram comprovadas pelos estudos da arqueologia.

DARLA MARTIN TUCKER é diretora de Relações Públicas da Universidade La Sierra (Com colaboração da equipe da Adventist Review e de Mateus Teixeira, estudante de Teologia e Jornalismo na Universidad Adventista del Plata, na Argentina)

Última atualização em 5 de março de 2019 por Márcio Tonetti.