O papel da lei

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Sem cair numa abordagem legalista, livro apresenta o significado e a relevância dos Dez Mandamentos para a sociedade atual
Glauber Araújo

Embora Einstein não pretendesse que sua teoria da relatividade geral provocasse mudanças filosóficas e morais, parece que a melhor palavra para descrever a maneira como as pessoas pensam e se comportam 100 anos depois seja relativismo. Embora a maioria dos filósofos critique o relativismo moral, isto é, a ideia de que não existe um padrão moral absoluto, a sociedade e a cultura contemporânea, em geral, não apenas se simpatizam com esse conceito, mas o promovem. Na sociedade pós-moderna, poucos têm disposição para obedecer ou se submeter às regras impostas por uma autoridade ou instituição. Para muitos, obediência é sinônimo de restrição à liberdade. Nos dias de hoje, a necessidade de regras é interpretada como tirania, opressão e totalitarismo. Qualquer critério ou norma preestabelecida é questionada. Ironicamente, o antigo slogan “é proibido proibir”, que iniciou essa onda de liberalismo, ainda aponta para o paradoxo que existe em qualquer sociedade na qual o indivíduo é senhor de si mesmo e não presta conta a um superior: faço o que desejo, mesmo que fira o direito do outro.

Mais do que nunca, uma compreensão clara e relevante da importância da lei de Deus é necessária para a sociedade moderna. Diferentemente dos caprichos defendidos pela individualidade humana, os Dez Mandamentos revelam a norma absoluta à qual todo ser humano deve se conformar. Transcendendo geografias, gerações e contextos, a lei de Deus se sobrepõe a qualquer relativismo moral que o ser humano possa ter fabricado. Além de apontar para a justiça divina, ela revela um aspecto sobre Deus que poucos percebem: Sua graça. Embora sejam aparentemente contraditórias, a justiça de Deus e Sua graça se complementam na lei de Deus.

Com esse objetivo, a CPB está lançando o livro Sem Lei Não Tem Graça (2018, 156 p.), no qual os autores Ivan Saraiva e Milton Andrade discutem, de maneira atraente e estimulante, o significado e a relevância dos Dez Mandamentos para a sociedade atual. Cada capítulo revela um aspecto novo sobre o mandamento divino. Enriquecido por experiências pessoais e a contribuição de estudiosos da Bíblia, cada mandamento é discutido de maneira a atrair o leitor para a necessidade e os benefícios obtidos por meio da obediência constante à lei de Deus.

Considerando que nos últimos anos a Bíblia tem sido alvo de crítica e censura, uma obra que defende a moralidade bíblica e apresenta sua relevância diante dos problemas da sociedade atual é não somente bem-vinda como também necessária.

Para os que desejam apresentar o Decálogo de uma forma ­contemporânea e relevante a seus amigos e familiares, esta obra certamente servirá como uma boa introdução.

TRECHO

“A lei revela o erro, a graça transforma o pecador. A lei mostra a sujeira, a graça limpa. A lei revela o ‘não’ que protege, a graça revela o ‘sim’ que salva. A lei foi escrita pelo dedo de Deus, a graça foi escrita com o sangue de Jesus” (p. 156).

GLAUBER ARAÚJO é pastor, mestre em Ciências da Religião e editor de livros denominacionais na CPB

(Resenha publicada originalmente na edição de março de 2018)