Estudante adventista tira nota máxima na redação do Enem

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Mineira integra o grupo dos 77 inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio 2016 que alcançaram os mil pontos

Tamyres---arquivo-pessoalLer e escrever são duas grandes paixões da estudante mineira Tamyres dos Santos Vieira, de 20 anos. O reflexo disso pôde ser visto no resultado do último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A jovem ficou entre os 77 inscritos que tiraram nota mil na redação, que em 2016 teve como tema “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”.

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Tamyres, que é adventista de berço e frequenta a igreja central de Juiz de Fora (MG), conta que, desde que começou a fazer o Enem, sempre tirou notas próximas de mil na redação. Fruto de muita leitura, treino e, como costuma enfatizar, confiança em Deus.

Numa entrevista que concedeu ao portal de notícias G1, ela disse que a conquista pode servir de incentivo a outros colegas que enfrentam desafios no Enem por conta da guarda do sábado. “Também sou sabatista e, mesmo com o desgaste adicional do dia anterior, devido à espera, consegui fazer um bom texto”, ressaltou.

Em entrevista à Revista Adventista, ela completou: “Essa [nota] é a prova de que Deus nos dá força e capacidade quando Ele quer nos usar como Seus instrumentos”.

Estudante de Medicina numa faculdade particular de Juiz de Fora, Tamyres não pensa em usar a nota do Enem para obter vaga numa universidade pública, pelo menos por enquanto. Sua principal motivação para continuar prestando o exame é outra: “O meu objetivo é testemunhar e oferecer apoio a outros colegas”, realça a jovem que estudou durante 11 anos na escola adventista da cidade. [Márcio Tonetti, equipe RA]

Leia na íntegra a redação da estudante adventista que alcançou nota máxima no Enem em 2016

“É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito”. Com essa frase, Albert Einstein desvelou os entraves que envolvem o combate às diversas formas de discriminação existentes na sociedade. Isso inclui a intolerância religiosa, comportamento frequente que deve ser erradicado do Brasil.

Desde a colonização, o país sofre com imposições religiosas. Os padres jesuítas eram trazidos pelos portugueses para catequizar os índios, e a religião que os nativos seguiam – a exaltação da natureza – era suprimida. Além disso, a população africana que foi trazida como escrava também enfrentou fortes repressões ao tentar utilizar sua religião como forma de manutenção cultural. É relevante notar que, ainda hoje, as religiões afro-brasileiras são os maiores alvos de discriminação, com episódios de violência física e moral veiculados pela mídia com grande frequência.

Concomitantemente, ainda que o Brasil tenha se tornado um Estado laico, com uma enorme diversidade religiosa devido à miscigenação que o constituiu, o respeito pleno às diferentes escolhas de crença não é realidade. A palavra religião tem sua origem em ‘religare’, que significa ligação, união em torno de um propósito. Entretanto, ela tem sido causa de separação, desunião. Mesmo que legislações, como a Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, já prevejam o direito à liberdade de expressão religiosa, enquanto não houver amadurecimento social não haverá mudança.

Por tudo isso, é imprescindível que todos os segmentos sociais unam-se em prol do combate à intolerância religiosa no Brasil. Assim, cumpre ao governo efetivar de maneira mais plena as leis já existentes. Ademais, cabe às escolas e às famílias educarem as crianças para que, desde cedo, aprendam que têm o direito de seguir suas escolhas, mas que devem ser tolerantes e respeitar as crenças do outro. Afinal, como disse Nelson Mandela, ‘a educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo’. Dessa forma, assim como a desintegração de um átomo tornou-se simples na atualidade, preconceitos poderão ser quebrados.

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.