O Rei

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Representante da nova humanidade, Jesus une o Céu e a Terra
Marcos De Benedicto
Ter o filho é ter a vida e poder celebrar o Natal todos os anos. Foto: AdobeStock

No princípio, Deus; depois, a humanidade. Para quem examina os capítulos 1 e 2 de Gênesis com atenção, fica claro que o autor pintou dois painéis magníficos. O primeiro (Gn 1:1–2:3) apresenta um cenário transcendente e grandioso, destacando Deus e a perspectiva do Céu; o segundo (Gn 2:4-25) descreve um panorama mais imanente e intimista, enfatizando o ser humano e o ponto de vista da Terra.

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No princípio, a Palavra; depois, a Palavra encarnada. Quem analisa o prólogo do evangelho de João em detalhe também percebe que o autor se inspirou no início de Gênesis e pintou dois quadros sublimes. O primeiro retrata o Filho como divino, na eternidade; o segundo descreve Cristo como humano, na história.

“O Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”, declarou João (1:1). “E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós”, ele acrescentou (v. 14). Ao falar desses dois aspectos, o escritor sagrado quis apresentar Jesus como o elo indissolúvel entre a humanidade e Deus, a Terra e o Céu, o passado e o futuro. Ele é Deus em forma humana.

Sucessor de Adão, rei do planeta, Jesus veio como o Homem definitivo, o Herói da nova humanidade. Semente prometida, Descendente destinado a destruir o mal, descrito como Filho de Deus e Filho do Homem, Ele é o Conquistador que redimiu a raça.

Embora seja Rei do Universo, Cristo é apresentado como Filho. Essa metáfora, que encerra um mistério que será objeto de estudo pela eternidade afora, se tornou ainda mais relevante no contexto da guerra cósmica entre o bem e o mal. Na condição de Filho, Ele foi atacado no Céu e na Terra, vencendo em ambos os territórios.

Na compreensão de Ellen White, Lúcifer invejou e questionou a autoridade do Filho, não do Pai. “Foi por buscar exaltar-se acima do Filho de Deus que Satanás pecou no Céu” (O Desejado de Todas as Nações, p. 129). Lúcifer e seus anjos “­rebelaram-se contra a autoridade do Filho” (História da Redenção, p. 15).

Não por acaso, em todos os principais momentos de Sua vida, Cristo foi definido e afirmado como o Filho de Deus: no nascimento (Lc 1:35), no batismo (Lc 3:22), na transfiguração (Lc 9:35), no julgamento (Lc 22:70) e na ressurreição (Rm 1:4). E esse Filho tem que ser exaltado. Porque é o ­Criador. Porque é único. Porque amou até transformar a morte em vida. Embora o título “filho de Deus” fosse usado na antiguidade para designar governantes apontados pelos deuses, só há um verdadeiro Filho de Deus.

Que Jesus é o novo Rei da humanidade, o qual veio para reconstituir/corrigir a história de Adão e resgatar o domínio perdido pelo primeiro rei, está muito claro na narrativa escatológica da Bíblia. A questão é o que faremos em relação a Ele. Os “Seus” não O receberam, comenta João (1:11) com um toque de dramaticidade. Não ser aceito por estranhos é desagradável, mas não ser recebido pela própria família é trágico!

Felizmente, muitos aceitaram o novo Rei na monarquia do coração e foram “feitos filhos de Deus” (v. 12). Você está entre eles? Ter o Filho é ter a vida (1Jo 5:12). E ter a vida, mais do que respirar oxigênio, é poder celebrar o Natal e todos os dias do ano e da eternidade.

MARCOS DE BENEDICTO é editor da Revista Adventista

(Editorial da edição de dezembro de 2019 da Revista Adventista)

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Última atualização em 15 de janeiro de 2020 por Márcio Tonetti.