Brasileiro na Albânia

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Pastor que lidera a Igreja Adventista nesse país europeu fala sobre os desafios do adventismo lá

Foto: Arquivo pessoal

Apesar de sabermos pouco sobre o adventismo na Albânia, essa região da chamada “Janela 10/40” tem mais conexões com a igreja no Brasil do que imaginamos. Aliás, quem preside a sede administrativa da denominação no país do sudeste europeu é o pastor Delmar Reis, que nasceu em Recife (PE) e começou seu ministério como distrital no estado de São Paulo. Nesta entrevista concedida durante uma visita ao Brasil, ele falou sobre a história, a realidade atual e os desafios do adventismo em uma nação na qual os cristãos foram perseguidos durante décadas pelo regime comunista e que hoje está mergulhada no secularismo.

Fale um pouco sobre a cultura e a religião da Albânia.

A Albânia carrega muitas tradições e superstições. A maior parte da população é muçulmana, seguida por católicos romanos e ortodoxos. Mas atualmente a “religião” que mais cresce nesse território é o secularismo.

Por aproximadamente quatro décadas, o regime comunista dominou a Albânia, proibindo a pregação do evangelho. Como o adventismo conseguiu se estabelecer lá?

Em 1945, quando o comunismo entrou na Albânia, o primeiro adventista enviado ao país, Daniel Lewis, também chegou à região acompanhado da esposa e do filho. Eles trabalharam por alguns anos com o desejo de plantar uma igreja lá e chegaram a formar um pequeno grupo que se reunia a cada sábado. Porém, cinco anos mais tarde, Lewis e sua família foram presos. Ele foi levado para um campo de concentração, onde era forçado a trabalhar aos sábados. Mesmo enfrentando torturas e sofrimento, Lewis decidiu se manter fiel aos seus princípios. Apesar de sua fé inabalável, seu corpo não resistiu. Porém, as sementes plantadas por ele germinaram. Com o fim do comunismo, na década de 1990, líderes adventistas visitaram a Albânia pela primeira vez e encontraram algumas pessoas do grupo que a família de Lewis havia estabelecido. Entre elas havia uma senhora chamada Meropi Gjika. Durante os 45 anos de perseguição comunista, ela guardou fielmente o dízimo e continuou estudando a Bíblia. Gjika foi a primeira adventista batizada na Albânia.

E hoje, qual é a realidade da igreja no país?

O território albanês tem 2,8 milhões de habitantes, enquanto a Igreja Adventista possui cerca de 70 membros regulares, distribuídos em cinco igrejas lideradas por cinco pastores. Felizmente, a ADRA também está presente na Albânia há mais de 30 anos e é muito ativa.

Quais contribuições o Brasil tem dado para o fortalecimento da presença adventista nessa região?

A maior contribuição do Brasil tem sido com voluntários comprometidos e fiéis. Além dos grupos envolvidos em missões de curta duração, temos recebido também voluntários para projetos de longo prazo.

Sua visita ao Brasil, acompanhado de um pastor albanês, se deve a uma nova parceria. Do que se trata?

Por meio de uma parceria com a TV Novo Tempo, pela primeira vez gravamos duas séries evangelísticas em albanês de forma profissional para ser disponibilizadas no nosso canal do YouTube (Life Hope Channel Albania). Foram gravados 18 estudos sobre os ensinos de Jesus pelo pastor Gentian Thomollari e 15 sobre as profecias de Daniel pelo pastor Servet Dema.

Quais são as principais necessidades da igreja na Albânia e como os irmãos brasileiros podem ajudar?

A primeira necessidade é de oração, porque a base do trabalho é espiritual. A segunda necessidade é de recursos humanos. E a terceira é de recursos financeiros. A igreja na Albânia depende de recursos externos para poder desenvolver projetos missionários e manter voluntários.

(Entrevista publicada Revista Adventista de agosto/2023)

Última atualização em 21 de agosto de 2023 por Márcio Tonetti.