Cristo em oração

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O exemplo do Mestre deve inspirar uma vida devocional mais significativa

Stanley Arco

Crédito da imagem: Adobe Stock

O Salvador se dirigiu lentamente para o Jardim do Getsêmani, cujo nome significa “prensa de azeite”. Ali, Ele foi ferido e prensado em nosso favor. A lua cheia da Páscoa resplandecia em um céu sem nuvens. Tudo estava em silêncio. “Muitas vezes havia estado lá para meditar e orar, mas nunca com o coração tão cheio de tristeza como nessa noite de Sua última agonia” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 550).

Cristo deixou Seus discípulos perto da entrada do jardim para que orassem por Ele e por si mesmos. Com Pedro, Tiago e João, retirou-Se a um lugar mais afastado. Jesus queria e necessitava que eles passassem a noite com Ele em oração. Prestes a carregar sobre Si os pecados do mundo, enfrentando a maior angústia, mostrou-nos a razão de Sua força e ensinou-nos como devemos orar. Sua oração tinha algumas características:

1. Intensidade (Lc 22:44). Em agonia, Jesus “orava mais intensamente”. Quanto mais difícil a situação, maior deve ser a quantidade e a qualidade de tempo em comunhão. O apóstolo Paulo afirmou: “Orem sem cessar” (1Ts 5:17). A oração não deve ser um acidente ou incidente isolado, mas um hábito permanente.

2. Privacidade (Mt 26:44). Cristo Se afastou dos discípulos para orar. Estar a sós com Deus é a melhor coisa que podemos fazer. Em particular, em segredo, fortalecemos nossa comunhão com Ele. Falando com o Senhor e escutando Sua voz, sentimo-nos em Sua presença.

3. Humildade (Mt 26:39). O Mestre “prostrou-Se sobre o Seu rosto” em atitude de adoração. Ao nos prostrar, reconhecemos nossa fragilidade e declaramos a superioridade de Deus. Se Jesus, o Criador, agiu assim diante do Pai, quanto mais nós, Suas criaturas!

4. Confiança (Mt 26:39). Ao Se dirigir a Deus, Jesus exclamou: “Meu Pai!” Na hora da adversidade, a quem um filho busca? De todos os títulos atribuídos a Deus na Bíblia, esse é o que denota mais intimidade e confiança. O criador e dono do Universo é nosso Pai! Por isso, Paulo nos exortou: “Portanto, aproximemo-nos do trono da graça com confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça para ajuda em momento oportuno” (Hb 4:16).

5. Aceitação (Mt 26:39). “Se é possível, que passe de Mim este cálice!” A carga sentida e o pedido de Jesus eram reais. “Se é possível”, se houver alguma maneira legítima de ignorar o sofrimento, se na sabedoria de Deus isso for o melhor e atender aos Seus planos, então que essa bebida amarga seja evitada. “Contudo, não seja como Eu quero, e sim como Tu queres.” Seu pedido expressa a absoluta aceitação da soberana vontade divina. “A Minha comida consiste em fazer a vontade Daquele que Me enviou e realizar a Sua obra” (Jo 4:34). Esse sempre foi o lema de Sua vida.

6. Perseverança (Mt 26:39, 42, 44). Cristo orou três vezes, fazendo o mesmo pedido. Perseverar na oração significa persistir na confiança, dependência, comunhão e busca de Deus. Ellen White comentou: “Três vezes fez essa oração. Três vezes Sua humanidade recuou diante do último e supremo sacrifício. […] Viu o futuro e tomou a decisão. Salvaria o ser humano custasse o que custasse de Sua parte. Aceitou Seu batismo de sangue, para que, por meio Dele, milhões de pessoas que estavam a perecer recebessem a vida eterna” (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 555).

7. Força (Lc 22:43, ACF). Ele não foi poupado de beber do cálice, mas foi fortalecido por um anjo poderoso. Nem sempre temos a resposta que queremos, mas sempre temos resposta. A oração pode não mudar as coisas, mas sempre nos muda. Precisamos confiar que a provisão do Senhor é sempre a melhor.

Ninguém venceu como Cristo porque ninguém orou como Ele. Somente aqueles que oram intensamente, em particular, com humildade, confiança e perseverança, buscando fazer a vontade de Deus, serão fortalecidos nas lutas diárias e no último grande conflito.

Aquele que cresce em comunhão com Deus cresce em comunhão com seus semelhantes, amando, servindo e salvando. Orar e crescer não são questões opcionais, mas atitudes indispensáveis para quem deseja vencer. Ore individualmente, com sua família e na igreja. Incentive as pessoas a orar. Assim, seremos fortalecidos no Senhor. Você deseja essa experiência?

STANLEY ARCO é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul

(Texto publicado na seção Bússola da Revista Adventista de fevereiro/2023)

Última atualização em 22 de fevereiro de 2023 por Márcio Tonetti.