Esperança em tempos de dúvida

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A resposta bíblica para as indagações que vieram à tona com o Brexit
What's next? The outcome of the UK's referendum on its EU membership is being discussed this morning by Parliament President Martin Schulz and the political group leaders. Watch the press conference starting soon LIVE here on Facebook or on our website epfacebook.eu/p2z8 This photo is free to use under Creative Commons licenses and must be credited: "© European Union 2016 - European Parliament". (Attribution-NonCommercial-NoDerivatives CreativeCommons licenses creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). For bigger HR files please contact: webcom-flickr(AT)europarl.europa.eu
Brexit despertou muitas indagações quanto ao futuro da Europa. Créditos da imagem: Fotos Públicas

“Esperança em tempos de dúvida”. Essa frase é o título de um capítulo de um dos meus livros prediletos: Muito mais que palavras, de Philip Yancey e James Calvin. Essa obra se tornou para mim um manual literário, uma espécie de portal de acesso para a obra de autores cristãos e clássicos que têm exercido grande influência sobre minha formação enquanto cristão, leitor e escritor.

Ao ler algumas páginas de notícias na web há poucos dias, retornei a essa obra, especialmente o capítulo mencionado acima, e gastei algum tempo refletindo sobre a primeira sentença: “Quando disseram que o mundo estava chegando ao fim, Mark Twain teria respondido: Ótimo! Podemos viver sem ele”.

Esse pensamento me veio à mente no fim de semana dos dias 24 a 26 de junho, quando não se falava em outro assunto além da decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia. Entre algumas coisas que li sobre esse evento histórico, chamou minha atenção a reação da população mais jovem com o plebiscito e seu resultado, o qual desperta muitas dúvidas com respeito ao futuro.

Repercutiu na imprensa internacional “o desabafo de um britânico que viralizou ao descrever ‘tragédias’ do Brexit”. Os comentários de Nicholas (nome com o qual se identifica na postagem) ressaltaram a perspectiva de queda de vagas de emprego, baixa nos investimentos, perda de oportunidade de viver e trabalhar nos 27 outros países que compõem o bloco econômico. Por sua vez, o site do jornal hondurenho “La Prensa” foi mais incisivo ao comentar o fato, a julgar pelo título da matéria veiculada no dia 24 de junho: “Jóvenes británicos contra el Brexit: ‘Nos robaron el futuro’”.

Paira no ar uma incerteza quanto ao que virá pela frente. Pelo menos é isso que se pode inferir de outro artigo publicado pelo G1, com o título: “Reino Unido decide deixar a UE: e agora?” (itálicos acrescentados). O artigo pode ser resumido em doze perguntas para as quais não há uma resposta imediata: “É irreversível? Quais são os próximos passos? Como será a batalha no parlamento britânico? Como serão as negociações com os outros países europeus? Qual será o impacto para os imigrantes que moram no Reino Unido? Imigrantes serão expulsos do Reino Unido? Qual é o impacto nos países do Reino Unido? Quais são os impactos para a economia britânica? Qual é o impacto para o comércio exterior britânico e europeu? Qual será o impacto nas importações e exportações de outros países, incluindo o Brasil? Quais são os impactos econômicos para o bloco? Quais impactos para outros países, como o Brasil, se a EU perder a força?”. O que nos aguarda o futuro? Parece ser esta a inquietação por trás de todas essas indagações!

No livro que mencionei no início deste artigo, James Calvin comenta que “o agora é onde temos de viver, e o agora é, portanto, um tempo pesado. Toda a tonelagem da vida empurra para baixo no tempo presente”. Em contrapartida, “o futuro é um lugar de esperança”. Porém, de onde vem essa esperança? Seguramente não vem das últimas notícias que lemos nos jornais.

Há muito tempo a Bíblia vem nos advertindo sobre uma crise sem precedentes que cairá sobre este mundo antes de sua derrocada final. Porém, isso não é mais do que o prenúncio de um evento que mudará o rumo da história para sempre. Ela aponta claramente para as condições morais do mundo antes da volta de Jesus (Mt 24:12, 37-39; 2Tm 3:5), as quais naturalmente repercutem sobre a atividade econômica. Mais do que isso, ela toca no âmago da questão que estamos acompanhando nos últimos dias: a falta de unidade e desintegração do velho continente.

O capítulo dois de Daniel descreve o fato tão milimetricamente, que, a meu ver, sua descrição supera o trabalho de qualquer equipe editorial dos melhores jornais da atualidade. A história do mundo é retratada ali. Quatro grandes impérios mundiais se levantariam e cairiam até o estabelecimento do reino eterno e universal de Deus. Os reinos da Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma dominaram o mundo, um após outro. Porém, a profecia apontava que as nações que se desenvolveriam a partir da desintegração do império romano seriam como o ferro e o barro: jamais se uniriam para formar um novo império (Dn 2:43).

A maneira como Deus conduz o destino deste mundo está registrado na história. Em sonho, Deus mostrou a Nabucodonosor a ascensão e queda de impérios mundiais, bem como a destruição dos reinos deste mundo a partir de uma pedra que rolaria sem o auxílio de mãos humanas, e reduziria os impérios humanos ao pó.

Ao interpretar o sonho de Nabucodonosor, Daniel menciona: “Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre” (Dn 2:44). Este é o reino de Deus, erigido sobre a Rocha dos Séculos, o Senhor Jesus Cristo. Eu e você somos convidados a fazer parte desse reino. Como disse James Calvin, “o mundo visível é menos importante do que supomos”. De fato, este mundo está chegando ao fim, e podemos viver sem ele. Simplesmente porque existe algo infinitamente melhor. O livro de Apocalipse fala de um novo céu e uma nova terra (21:1-5). Para usar as palavras de Calvin, “essa visão é a esperança que nos garante o futuro”.

NILTON AGUIAR, mestre em Ciências da Religião, é professor de grego e Novo Testamento na Faculdade Adventista da Bahia e está cursando o doutorado em Novo Testamento na Universidade Andrews (EUA)

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https://www.youtube.com/watch?v=BmKnKlUNK2U

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.