Missionário inovador

2 minutos de leitura

Adventista que já patenteou quase cem invenções fala sobre novas maneiras de comunicar a mensagem

Márcio Basso Gomes

Foto: Arquivo pessoal

Nascido nas Ilhas Maurício, paraíso localizado no Oceano Índico, Daryl Gungadoo é filho de missionários. Inventor por natureza, ele vive e pensa em evangelismo, sempre procurando meios inovadores para espalhar a mensagem. Daryl cursou engenharia de áudio no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e fez mestrado em Engenharia de Software na Universidade Andrews, nos Estados Unidos. Trabalhou por 22 anos para a Rádio Mundial Adventista e hoje é engenheiro de inovação de mídia da Adventist Review. Daryl vive na Inglaterra, é casado com Johannie e tem dois filhos: Noah e Anoushka.

Como nasceu sua paixão por tecnologia, inovação e evangelismo?

 Em minha infância, em Madagascar e outras regiões da África, não tínhamos TV. Meus únicos entretenimentos envolviam construir coisas com peças de Lego, ler enciclopédias, livros cristãos e brincar com outras crianças. Em 1988, quando meu pai decidiu estudar na Universidade Andrews, eu quase não falava inglês, mas a sede de saber como tudo funcionava me levou a passar horas no laboratório de informática da escola. Meu pai e meu avô eram pastores. Senti que fui chamado para ser missionário, mas não para ser pastor. Isso ficou ainda mais evidente durante um passeio em Battle Creek guiado pelo doutor Mervin Maxwell. Ao ouvir as histórias sobre o engenhoso Tiago White, que usou a imprensa para imprimir o folheto The Present Truth (Verdade Presente), e os inventivos irmãos Kellogg, senti Deus falando comigo. Entendi que eu não precisava ser pastor para ser um missionário e divulgar as boas-novas da salvação em Jesus.

Você já patenteou 96 invenções, sendo que duas delas foram vendidas para o empresa GoPro. Quais considera mais importantes?

 Um dos meus projetos no mestrado em Engenharia de Software era idealizar um algoritmo que unisse várias imagens, possibilitando uma visualização em 360 graus, isso em 1996. Essa patente evoluiu mais tarde para fazer o mesmo com “imagens em movimento”, ou seja, com vídeos, no início dos anos 2000. Em 2017, a GoPro quis entrar no mercado de vídeos 360 graus e lançou a GoPro Fusion, que usa o algoritmo que desenvolvi. De todas as invenções, as que considero mais importantes são aquelas que encontraram novas maneiras de compartilhar o evangelho.

Recentemente, em um fórum de comunicação promovido pela igreja na Europa, você apresentou uma ferramenta para “ler” emoções. Como isso funciona?

 Criar conteúdo de mídia não é barato. Como bons administradores dos recursos de Deus, devemos ser eficientes. Após muitos anos de pesquisa no Laboratório de Mídia da Adventist Review, neste ano estamos lançando um produto que usa a neurociência cognitiva para analisar como uma pessoa reage a uma produção midiática. Essas percepções permitem que sejamos mais assertivos na comunicação com nosso público-alvo.

Você também tem um aparelho de realidade virtual que conecta as pessoas com o mundo antigo.

 Sim. Na realidade, isso faz parte do projeto de uma trilogia envolvendo diferentes linhas do tempo da Bíblia. Usamos a mais recente tecnologia de design de jogos (Unreal Engine 5) para possibilitar uma experiência ­imersiva. O primeiro jogo da trilogia ­chama-se Babylon Quest e reconstrói a cidade de Babilônia em escala, o que foi possível graças à colaboração do Museu Britânico (­Londres) e do Museu Pergamon (Berlim). Minha responsabilidade tem sido desenvolver conteúdos para as novas plataformas (realidade virtual, realidade aumentada, mídia orientada por inteligência artificial, etc.). A mensagem é eterna, mas o método de apresentá-la muda ao longo do tempo, de tabletes de argila a papiros, da imprensa à realidade virtual. Só não podemos diluir a verdade à medida que buscarmos inovar o formato.

(Entrevista publicada originalmente na edição de março/2023 da Revista Adventista)

Última atualização em 22 de março de 2023 por Márcio Tonetti.