Perda de fiéis é preocupante

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Relatório apresentado durante Concílio Anual nos Estados Unidos reforça necessidade de ações estratégicas para conter a apostasia.
"Batismo e conservação devem caminhar de mãos dadas", diz secretário-executivo da sede mundial ao mostrar os elevados índices de apostasia na igreja. Foto:
“Batismo e conservação devem caminhar de mãos dadas”, diz secretário-executivo da sede mundial diante dos elevados índices de apostasia na igreja. Foto: Brent Hardinge / ANN

O índice de apostasia na Igreja Adventista cresceu nos últimos 15 anos. Levantamentos recentes feitos pelo departamento de Arquivos, Estatísticas e Pesquisa da sede mundial mostram que 49 em cada 100 membros recém-batizados deixam a igreja. No ano 2000, eram 43 em cada 100 recém-batizados. Os números foram divulgados durante relatório apresentado no Concílio Anual, que reuniu líderes mundiais da denominação em Silver Spring, Maryland (EUA), entre os dias 5 e 12 de outubro.

Segundo dados oficiais, a igreja teria hoje entre 28,5 e 30 milhões de membros se nenhum deles tivesse deixado a denominação ao longo dos últimos 50 anos. No entanto, atualmente ela possui 19,5 milhões de adeptos ao redor do mundo.

“Essa taxa de apostasia de 49% é preocupante e tem drenado os recursos humanos e financeiros da igreja. O que acontece com um exército com 49% de deserção entre os seus soldados? O que acontece com a escola quando 49% dos seus alunos abandonam a sala de aula? O que acontece a uma fábrica quando 49% de seus funcionários decidem sair?”, refletiu o pastor G. T. Ng, secretário-executivo da Associação Geral.

O pastor G.T. Ng atribuiu parte do problema ao que chamou de “perda de memória”. “Nos esquecemos da nossa responsabilidade coletiva para com os novos ‘bebês’ em Cristo. Depois do batismo, nós os deixamos nadar ou afundar. Mas o batismo é apenas o início de sua caminhada cristã. O próximo passo é o discipulado, o objetivo da Grande Comissão”, argumentou.

O secretário da sede mundial reconheceu que a questão da perda de membros não é um fenômeno novo e que essa problemática tem sido tratada pelos líderes da igreja nos últimos anos. Ele ainda lembrou que esse desafio também tem causado perplexidade a outras denominações religiosas.

Como evitar a apostasia

“Batismo e conservação andam de mãos dadas. Batismo sem conservação é incompleto; por sua vez, conservação sem batismo é irresponsável”, enfatizou o secretário executivo durante sua apresentação no auditório da sede da igreja em Silver Spring.

O pastor G.T. Ng defendeu que o remédio para a perda de membros é nutrir os novos membros desde o momento em que eles são batizados, até que comecem a produzir frutos. De maneira prática, ele recomendou alguns passos que podem ser seguidos pela igreja.

Na opinião do secretário-executivo da sede mundial, conservação faz parte do discipulado. “Conservação e evangelismo são dois lados da mesma moeda”, sublinhou. Ao mencionar algumas das principais campanhas evangelísticas organizadas pela igreja, a exemplo da que resultou em mais de 100 mil batismos em Ruanda no mês de maio (para saber mais, clique aqui), o pastor considerou que o evangelismo foi um processo, não um evento. “Evangelismo bem-sucedido deve continuar durante todo o ano. Além disso, precisa empregar exaustivamente vários meios, incluindo programas de saúde, serviços comunitários, entre outros”, ressaltou.

Ele também deu ênfase no fato de que a conservação necessita se tornar parte da cultura da igreja. “Ela precisa ser um modo de vida na igreja local”, reforçou. Ao mencionar a realidade da Divisão Sul-Americana, o pastor N.T. Ng, que realizou turnê pelo continente em 2015, disse que a conservação dos membros se tornou parte da cultura de muitas das 26,5 mil congregações espalhadas por esse território. “Cada secretário da igreja assume a liderança no sentido de garantir o bem-estar dos novos conversos”, frisou.

Conforme acrescentou o secretário-executivo, a igreja nessa parte do mundo também está dando um passo à frente ao criar estratégias para resgatar os que abandonaram a fé.

Além de observar que a conservação dos novos fiéis é uma responsabilidade tanto dos líderes quanto dos membros da igreja, ele também defendeu que esse trabalho deve ser intencional. G.T. Ng parabenizou as iniciativas da igreja que tem levado isso em conta. Ele citou o caso da Divisão do Pacífico Sul-Asiático, que tem um vice-presidente responsável por programas voltados para a retenção de membros, e da Divisão do Pacífico Norte-Asiático, que anualmente organiza um programa de conservação e recuperação de fiéis.

Outra recomendação dada pelo secretário-executivo para conter a perda de fiéis e resgatar aqueles que um dia já fizeram parte da igreja foi o ministério dos pequenos grupos. [Equipe RA, da redação / Com informações de Andrew McChesney, da Adventist Review]

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.