Profecia, poder e identidade

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Livro explica o papel dos Estados Unidos no contexto apocalíptico

Glauber Araújo

Crédito da imagem: Adobe Stock

Se alguém mostrasse para Benjamin Franklin, John Adams, Thomas Jefferson ou George Washington – os mais conhecidos pais fundadores dos Estados Unidos – a potência política, financeira e militar que os Estados Unidos são atualmente, será que eles acreditariam? Havia algum indício logo no começo de que essa nação emergente se tornaria a superpotência que estamos hoje testemunhando? As profecias da Bíblia previam essa transformação inesperada ou apontam para alguma participação da nação norte-
americana no cenário final?

Na segunda edição de seu livro O Último Império, Vanderlei Dorneles mergulha profundamente na interpretação profética historicista para mostrar que os Estados Unidos são o poder político-militar mencionado no livro do Apocalipse. Ele explora a trajetória dessa potência desde seu surgimento até o movimento adventista, destacando como essa nação se entrelaça com as profecias bíblicas. Ele examina as crenças arraigadas na identidade norte-americana, que proclamam uma espécie de eleição divina, conferindo-lhes uma missão messiânica no contexto global.

Crédito da imagem: Divulgação CPB

Por meio da análise das três mensagens angélicas e de outras passagens do Apocalipse, o livro delineia a crise final conforme descrita na profecia, onde o poder norte-americano desempenha um papel crucial. A conexão entre o poder civil e religioso é explorada, apontando para um momento de conflito e perseguição aos seguidores do evangelho eterno.

Um ponto fascinante abordado é a contrafação do verdadeiro reino de Deus. Por meio da falsa trindade, leis alteradas e uma imitação da vinda de Cristo, cria-se uma narrativa que visa seduzir e desviar o mundo da verdadeira adoração ao Deus Criador.

Dorneles mergulha nas fundações culturais e na identidade coletiva dos Estados Unidos, destacando como essa nação foi percebida como uma espécie de nova terra prometida, ecoando crenças dos puritanos em um papel restaurador perante o mundo.

O livro não só analisa as interpretações proféticas, mas também explora o contexto histórico e sociopolítico, destacando o surgimento do fundamentalismo cristão nos Estados Unidos e sua relação com os eventos contemporâneos, como a queda do muro de Berlim e os ataques de 11 de setembro.

Ao final, o autor desafia os leitores a refletir sobre as mudanças na cultura norte-americana, a crescente intolerância e a perda de valores tradicionais, tudo isso dentro do contexto das profecias bíblicas.

Com uma abordagem profunda e provocativa, esse livro oferece uma visão ampla e estimulante, convidando os leitores a entender a correlação entre as profecias do Apocalipse e a cultura e identidade coletiva norte-americana, bem como o papel desempenhado por essa nação no contexto apocalíptico. 

TRECHO

“Esse impulso norte-americano para a expansão a todo o mundo revela que o sonho dos colonizadores e o imaginário de Colombo acerca da fundação de uma ‘nova terra’ na América do Norte não eram um mero idealismo, mas uma crença firmemente alicerçada. Mostra também que a nação eleita, que pretende ser a realização do reino de Cristo na Terra, tem tomado um grande número de atitudes para transformar o mundo, mas também fala como ‘dragão’, sendo capaz de dominar e destruir quando necessário” (p. 129).

GLAUBER ARAÚJO é editor na CPB

(Resenha publicada na Revista Adventista de fevereiro/2024)

Última atualização em 19 de fevereiro de 2024 por Márcio Tonetti.