O dilema dos adoçantes

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O que fazer para substituir o açúçar?

Zeno L. Charles-Marcel e Peter N. Landless

Foto: Alexander Grey

Os adoçantes naturais e artificiais diferem em sua origem, composição e no impacto que causam no organismo humano. Enquanto os artificiais são frequentemente apresentados como alternativas mais saudáveis ao açúcar, sua segurança e efeitos a longo prazo têm sido amplamente debatidos no ambiente científico.

As versões naturais, como mel, xarope de bordo e estévia, são derivadas de plantas ou fontes animais e passam por um processamento mínimo, preservando nutrientes e antioxidantes que podem beneficiar a saúde. O mel, por exemplo, possui propriedades antibacterianas, enquanto a estévia se destaca pelo baixo teor calórico e pelo impacto insignificante nos níveis de açúcar no sangue. Embora o mel seja uma opção mais saudável do que o açúcar, seu consumo deve ser moderado.

Por outro lado, os adoçantes artificiais, como aspartame, sucralose e sacarina, são substâncias sintéticas que replicam a doçura do açúcar sem as calorias. Apesar de sua doçura ser muito maior que a do açúcar, os efeitos a longo prazo desses adoçantes na saúde continuam sendo uma preocupação.

Os potenciais riscos dos adoçantes à saúde não devem ser ignorados

Pesquisas indicam que certos adoçantes artificiais podem afetar a microbiota intestinal, desempenhando um papel crucial na digestão e na saúde geral. O aspartame, por exemplo, pode alterar a composição das bactérias intestinais, o que leva a problemas metabólicos. Além disso, estudos associam o consumo excessivo dessas substâncias ao aumento do risco de síndrome metabólica, obesidade e diabetes tipo 2, sugerindo que elas podem não ser tão inofensivas quanto se pensava.

Recentemente, foram feitos alertas sobre o risco de problemas cardiovasculares associados ao eritritol, um adoçante encontrado em alimentos na sua forma natural, mas também produzido via processos biotecnológicos ou químicos. Experimentos mostraram que essa susbtância tende a ativar as plaquetas sanguíneas, células responsáveis pela formação de coágulos que causam derrames e ataques cardíacos, indicando que seu consumo pode ter efeitos adversos.

Portanto, embora alguns adoçantes possam ajudar a reduzir a ingestão calórica, seus potenciais riscos à saúde não devem ser ignorados. A moderação é essencial, mas a abordagem mais segura é limitar o uso desses produtos e adotar uma dieta equilibrada, rica em alimentos integrais.

Mais pesquisas são necessárias para entender completamente os efeitos dessas substâncias a longo prazo e identificar aquelas que podem ser consumidas com segurança.

Não se pode esquecer que a prática de exercícios, o descanso adequado e uma alimentação balanceada são fundamentais para manter a saúde geral. “Oh! Quão doces são as Tuas palavras ao meu paladar, mais doces do que o mel à minha boca. Pelos Teus mandamentos alcancei entendimento” (Sl 119:103, 104). 

ZENO L. CHARLES-MARCEL é clínico geral e diretor do Ministério Adventista de Saúde na Associação Geral; PETER N. LANDLESS é médico cardiologista e diretor emérito do mesmo departamento

(Texto publicado na Revista Adventista / Adventist World de maio/2025)

Última atualização em 9 de junho de 2025 por Márcio Tonetti.