Halloween

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A origem e o significado de uma prática que tem se popularizado cada vez mais no Brasil

Dan Namanya

Imagem: Adobe Stock

Há algum problema para os cristãos em se envolverem no Halloween? A Bíblia apresenta alguma orientação relacionada a isso? Neste artigo, vamos examinar o que é o Halloween à luz da instrução de Paulo em 1 Coríntios 10:31: “Portanto, se vocês comem, ou bebem ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para glória de Deus.”

O Halloween está entre as datas mais celebradas em todo o mundo. Nicholas Rogers escreveu: “Na virada do milênio, o Halloween se tornou uma grande noite de festa para adultos. Sem dúvida, a mais importante, perdendo apenas para a véspera de Ano-Novo” (Halloween: From Pagan Ritual to Party Night [Oxford University Press, 2003], p. 6). Ele também levanta algumas questões sobre o Halloween: o que leva as pessoas a gastar tanto em fantasias e decorações? O Halloween é apenas uma diversão ou há mais coisas das quais mesmo aqueles que o comemoram podem não estar cientes? Como podemos entender a crescente popularidade do Halloween, não apenas entre as crianças, mas também entre os adultos?

VISÕES DIFERENTES

Alguns escritores veem o Halloween como uma forma de diversão, embora isso não fosse o caso nas gerações anteriores (ver, por exemplo, Alice K. Flanagan, Halloween [Compass Point Books, 2001], p. 24-28). Outros associam o Halloween ao paganismo e à bruxaria, o que cria sentimentos contraditórios sobre como se deve celebrar a data (John Ankerberg, John Weldon e Dillon Burroughs, The Facts on Halloween [Harvest House Publishers, 2008], p. 6). Como cristãos, devemos nos perguntar se a celebração do Halloween nos aproxima de Deus ou nos afasta Dele. Outra questão importante a considerar é se essa celebração cria uma atmosfera que acolhe o Espírito Santo para trabalhar na vida das pessoas. É louvável se divertir e socializar, mas nunca devemos desonrar o nosso Criador nem afastar o Espírito Santo ao nos envolvermos em atividades apenas para “diversão”.

Alguns que celebram o Halloween argumentam que isso afeta positivamente a saúde física e mental, aliviando o estresse e proporcionando descanso à mente. No entanto, do ponto de vista bíblico, o Halloween parece ser um evento que glorifica Satanás, seja de forma consciente ou inconsciente. Uma compreensão mais profunda e clara dessa festividade nos ajudará a entender por que, como filhos de Deus, devemos ficar longe dela.

ORIGENS

Ao que se sabe, o Halloween teve sua origem entre os celtas na antiga Grã-Bretanha e na Irlanda, com festivais realizados durante o outono para marcar o início do inverno. Esses povos adoravam o Sol, entre outros deuses, e se preocupavam com as estações com pouca incidência solar. Eles criaram diferentes teorias. Uma delas era que Samhain, o deus dos mortos, havia lutado e triunfado sobre o Sol, fazendo-o desaparecer. Eles viam o inverno como um sinal de que o Sol havia perdido a batalha e não tinha poder para brilhar. Além disso, os celtas acreditavam que, durante esse período, os mortos caminhariam pela terra sob o poder de Samhain. Foi uma época assustadora para os vivos, pois acreditavam que as almas dos mortos escolhiam aqueles que morreriam em seguida (Martin Hintz e Kate Hintz, Halloween: Why We Celebrate It the Way We Do [Capstone Press, 1998], p. 11-13).

Como achavam que sua vida estava em risco, os celtas buscavam proteção em seus sacerdotes, os druidas, a quem atribuíam poderes mágicos para lutar contra Samhain. Para espantar os mortos, eles acendiam grandes fogueiras e incentivavam as pessoas a usar fantasias assustadoras. Também usavam máscaras fantasmagóricas para evitar serem reconhecidos e, assim, não serem escolhidos como os próximos a morrer.

Quando os romanos conquistaram e governaram os celtas, adaptaram o Halloween e o transformaram em um dia santo dedicado aos mortos. Mais tarde, a tradição católica adotou o dia 1º de novembro para homenagear “santos” falecidos. Dessa forma, o Halloween passou a ser comemorado na noite anterior ao Dia de Todos os Santos.

A BÍBLIA E O HALLOWEEN

Embora a Bíblia não aborde diretamente a questão da celebração do Halloween, ela oferece princípios que nos guiarão, a fim de que tudo o que façamos agrade a Deus. Com base na origem e na história do Halloween, fica claro que essa celebração não nos aproxima de Deus. Em vez disso, trata-se mais de paganismo e de práticas contrárias aos ensinamentos bíblicos, como a crença na imortalidade da alma. A Bíblia ensina claramente que os mortos nada sabem (Ec 9:5).

Os que creem nas Escrituras devem ter cuidado para não participar de qualquer celebração que tenha origens malignas ou satânicas. Participar dessas atividades significa adorar o diabo indiretamente, em vez de Deus, o Criador (Sl 24:1).

A Palavra do Senhor nos admoesta: “E não sejam cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, tratem de reprová-las” (Ef 5:11). Somos ainda instruídos: “Vocês não podem beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podem ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (1Co 10:21).

Saber que o Halloween, com as suas origens pagãs, não glorifica a Deus deveria servir de alerta para que os cristãos evitem qualquer tipo de envolvimento nas celebrações dessa data. As crianças devem ser bem orientadas para não encontrar alegria e felicidade nas coisas do diabo. É perigoso desfrutar qualquer coisa que promova a adoração ao inimigo, direta ou indiretamente. Somente Deus merece nossa honra e adoração. Acima de tudo, qualquer tipo de celebração ou atividade condenada pela Palavra de Deus não deve ter lugar na vida do cristão.

Embora muitas pessoas possam não acreditar na existência do diabo e das forças do mal, a Bíblia nos diz que devemos ter cuidado, pois existem principados e potestades malignos neste mundo (Ef 6:12). De Gênesis a Apocalipse, somos confrontados com a grande luta entre a luz e as trevas, entre Cristo e Satanás (Gn 3; Jó 1:6-11; Mt 8:28-32; Ap 12:3-9). As coisas que fazemos todos os dias determinam de que lado estamos.

CONCLUSÃO

A história e a origem do Halloween revelam que essa celebração não está enraizada na Palavra de Deus. Ela é de origem pagã e está rodeada de práticas ocultas, um fato que parece ter sido esquecido e frequentemente menosprezado. Na sua avaliação do Halloween, o teólogo Gerhard Pfandl, em um artigo publicado na Adventist Review, observou que muitas pessoas não acreditam mais na existência do diabo e dos demônios. Elas acham que não há mal algum em participar das atividades divertidas dessas “relíquias religiosas do passado”. Ele observou que “as crianças aprendem que não existem seres como bruxas e espíritos malignos e que é divertido vestir-se como fantasmas ou duendes”. Pfandl acrescentou que “a negação moderna da existência de Satanás e de forças demoníacas é claramente contrária às Escrituras” e advertiu: “A participação nos costumes do Halloween pode parecer uma diversão inocente para crianças e adultos, mas é mais uma forma de Satanás enganar as pessoas, fazendo-as pensar que não há mal algum em brincar um pouco com o mundo dos espíritos e demônios” (saiba mais clicando aqui).

Se houve um tempo em que precisávamos levar essa instrução a sério, esse tempo é hoje. Ellen White afirmou: “Há muitos que recuam horrorizados diante do pensamento de consultar médiuns espíritas, mas são atraídos por formas mais agradáveis de espiritismo” (Evangelismo [CPB, 2023], p. 419). O diabo tem muitas maneiras de fazer com que as coisas más pareçam tão atraentes que qualquer um possa facilmente ser seduzido. Contudo, como filhos de Deus que desejam fazer a Sua vontade e viver em harmonia com Ele, precisamos testar tudo à luz da Bíblia. Devemos estar atentos a costumes como o Halloween. Nossa melhor maneira de agir é deixar a Palavra continuar sendo uma lâmpada para nossos pés e uma luz para nosso caminho (Sl 119:105).

Numa época em que as práticas demoníacas, a feitiçaria e o ocultismo se tornaram tão evidentes, precisamos relembrar o conselho de Deus: “Que não exista entre vocês ninguém que queime o seu filho ou a sua filha em sacrifício, nem que seja adivinho, prognosticador, agoureiro, feiticeiro, encantador, necromante, praticante de magia, ou alguém que consulte os mortos, pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor, o Deus de vocês, está expulsando esses povos de diante de vocês” (Dt 18:10-12). 

Nota: Este artigo foi publicado originalmente na revista Diálogo, v. 35, no 2 (2023).

DAN NAMANYA é pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia de língua inglesa de SolaFide, em Jacarta, na Indonésia

(Artigo publicado na Revista Adventista de outubro/2024)

Última atualização em 31 de outubro de 2024 por Márcio Tonetti.