Um livro para o nosso tempo

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A distribuição do livro O Grande Conflito tem um significado ainda maior neste momento da história

Márcio Tonetti

Foto: William de Moraes / Adobe Stock

“Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer” (Italo Calvino, Por Que Ler os Clássicos [Companhia de Bolso, 2009], p. 11). Essa definição se aplica bem ao livro O Grande Conflito, uma das obras mais lidas e traduzidas de Ellen White.

O fato de esse livro ter ocupado boa parte do ministério da pioneira até ser completado confirma sua abrangência e importância. A profetisa começou a receber as primeiras revelações divinas a respeito da batalha invisível entre Cristo e Satanás em 1858, mas, ao longo do tempo, novos detalhes foram sendo acrescentados. Assim, novas edições saíram do prelo, oferecendo ao leitor um quadro mais completo do tema e de suas implicações para a humanidade.

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Paralelamente, a linguagem também passou por adaptações. Inicialmente, a própria profetisa considerava que a mensagem de O Grande Conflito destinava-se principalmente aos membros da igreja. Por isso, continha expressões que eram mais familiares aos adventistas (Enciclopédia de Ellen G. White [CPB, 2018], p. 946-948).

Isso mudou no fim da década de 1880, depois que a autora visitou lugares históricos relacionados à Reforma Protestante na Europa e agregou novos detalhes à narrativa. Nessa mesma época, cogitava-se a tradução do livro para outros idiomas além do inglês. Sem contar que um número expressivo de exemplares já vinha sendo deixado pelos colportores nos lares ­norte-americanos. Tudo isso contribuiu para que Ellen White trabalhasse em uma versão adaptada para um público mais amplo. Desse modo, ao mesmo tempo que foi escrita para a igreja, a obra também teve o propósito de apresentar uma mensagem ao mundo.

A última década foi marcada por esforços no sentido de promover a distribuição em massa desse clássico. E o projeto Impacto Esperança se tornou a principal estratégia para alcançar esse objetivo. Em 2012 e 2013, o livro missionário distribuído ao redor do mundo foi uma síntese com pouco mais de 100 páginas. Nesse período, a igreja na América do Sul registrou um marco na história com a distribuição de 50 milhões de exemplares de A Grande Esperança.

Dez anos depois, uma versão mais completa será espalhada como folhas de outono. Somente no Brasil, as sedes administrativas da igreja encomendaram 25 milhões de exemplares do livro missionário para serem distribuídos em 2023/2024. Conheça a seguir as principais características e diferenciais dessa versão especial.

O contexto desafiador de um planeta pós-pandemia, que sente os reflexos da crise financeira global e da guerra na Ucrânia, e sofre com inúmeras tragédias “naturais”, torna a mensagem desse livro ainda mais relevante para os nossos dias. Em 1940, em meio à uma guerra mundial, a segunda edição dessa obra mais do que dobrou a tiragem, na comparação com a primeira, impressa em 1921. Certamente, o apelo que um tema escatológico teve naquele contexto também despertará o interesse de muitos hoje. Some-se a isso o impacto de uma distribuição em larga escala. Embora O Grande Conflito esteja em circulação contínua há mais de um século, ele nunca teve o alcance que terá agora. Certamente, isso despertará os críticos, mas também encontrará muitos leitores receptivos à mensagem.

Este é um trecho da matéria de capa da Revista Adventista de abril/2023

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Última atualização em 3 de abril de 2023 por Márcio Tonetti.