Descansa mais um pioneiro

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Wilson Sarli, líder visionário e pioneiro do Clube de Desbravadores no Brasil, deixa um importante legado para a obra editorial

Eduardo Teixeira

Foto: reprodução do YouTube

Faleceu no último sábado, 22 de março, aos 95 anos, o pastor Wilson Sarli, em sua residência em Hortolândia (SP), vítima de causas naturais.

Nascido em Jaú (SP) no dia 10 de julho de 1929, era filho do pastor Hermínio Sarli e de dona Eulália M. Sarli. Em sua juventude, decidiu seguir os passos do pai no ministério, dedicando mais de 50 anos ao serviço da Igreja Adventista, tanto em funções ministeriais quanto administrativas.

Durante sua trajetória de mais de cinco décadas de serviço à igreja, desempenhou diversas funções, incluindo obreiro bíblico, pastor distrital, líder dos departamentos Jovem e de Educação, além de ter presidido a antiga Associação Paulista e a Associação Catarinense.

Entre suas principais realizações no ministério pastoral, destaca-se a criação do primeiro Clube de Desbravadores do Brasil, em 1961, na cidade de Ribeirão Preto (SP), quando implementou os lenços, as insígnias, o voto e a lei do desbravador.

Seu pioneirismo inspirou os membros da Igreja Adventista das Mangueiras, em Tatuí (SP), a nomearem o clube de Desbravadores e o clube de Aventureiros locais em sua homenagem. Foto: acervo CPB

Além disso, atuou como secretário executivo e ministerial da União Sul Brasileira e, por duas vezes, exerceu a função de gerente-geral da Casa Publicadora Brasileira.

Líder editorial

A primeira passagem do pastor Sarli pela Casa Publicadora Brasileira (1977-1984) foi marcada pela criação de novas gerências e comissões. Entre as principais inovações, destacou-se a criação da comissão editorial, que ficou responsável por coordenar a política editorial da instituição. Durante seu período à frente da CPB, também foram adquiridas duas impressoras Heidelberg e mais de uma dezena de outras máquinas, o que representou um grande avanço tecnológico para a editora.

Outro passo importante, dado no início da década de 1980, foi a formulação dos planos de mudança da editora, que até então funcionava em Santo André (SP). Em relatório referente ao quadriênio de 1976-1979, ele escreveu: “A tendência moderna de localização industrial é a de evitar os grandes centros, devido a uma série de fatores circunstanciais […] No nosso caso, acrescentamos que Deus nos tem enviado uma advertência após outra de que nossas escolas, casas publicadoras e sanatórios devem ser estabelecidos fora das cidades.”

Assim, graças a uma iniciativa ousada do pastor Sarli, aproximadamente 22 alqueires de terra foram adquiridos na cidade de Tatuí (SP), o que representou uma nova fase para a CPB. Curiosamente, neste ano, a editora celebra 125 anos de existência e 40 anos de sua instalação no interior paulista.

Foto: livro do centenário da CPB

A segunda passagem de Wilson Sarli pela CPB (1996-2000) foi marcada por um período de intensas mudanças e conquistas. Esse avanço foi impulsionado principalmente pela evolução tecnológica, pela expansão do parque gráfico e pelo aprimoramento técnico da redação.

É importante destacar que a preocupação com o desenvolvimento técnico e financeiro era vista como um elemento fundamental para reforçar a visão missionária que continua orientando a maior editora adventista do mundo. O pastor Sarli afirmou, por ocasião do centenário da CPB: “Sendo uma editora de caráter religioso, sem, entretanto, perder suas características de empresa, ela crê, com convicção, que tem uma missão que deve continuar sendo cumprida em relação ao povo de nossa pátria. Para tanto, precisamos compreender o mundo e sua realidade, a fim de oferecer, com sabedoria e objetividade, a única solução para os problemas da humanidade: Jesus Cristo” (Rubens Lessa, Casa Publicadora Brasileira 100 anos [CPB, 2000], p. 166).

Além de pastor e administrador, o pastor Sarli também foi escritor. Entre seus livros estão Andando Por Onde Jesus Andou (1973), Colportagem (1994), Anjos: Exércitos Invisíveis de Luz e Poder (1999), e a Meditação Matinal intitulada Água da Fonte (2008).

Foi casado com Eny Garcia Sarli, com quem teve três filhos, que lhe proporcionaram quatro netos e dois bisnetos.

EDUARDO TEIXEIRA é editor associado da Revista Adventista

Última atualização em 23 de março de 2025 por Márcio Tonetti.