Servindo a humanidade

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Conversa com o primeiro brasileiro escolhido para liderar a Adra em nível global

Márcio Tonetti

Foto: General Conference

Ao longo de mais de três décadas, o trabalho humanitário liderado pelo pastor Paulo Lopes transformou a vida de inúmeras pessoas na Ásia, África, América do Sul e outras regiões. Reconhecido por sua visão estratégica e inovadora, ele foi recentemente nomeado presidente global da agência humanitária adventista, tornando-se o primeiro brasileiro a ocupar o cargo. Como líder da Adra no território da Divisão Sul-Americana por mais de uma década, ampliou significativamente o número de projetos e colaboradores, além de criar iniciativas pioneiras, como a Unidade Móvel de Emergência e um programa de voluntariado de grande alcance. Também formulou estratégias para os 118 escritórios da Adra, no mundo. Agora, como presidente da Adra Internacional, uma de suas prioridades será desafiar líderes em todos os níveis a abraçar a inovação e o uso de novas tecnologias para expandir o alcance e o impacto desse trabalho.

O que esse chamado representa para o seu ministério?

Quando recebi meu primeiro chamado para trabalhar com a Adra na África, em 1992, pensei que seria algo temporário. No entanto, apaixonei-me por esse ministério e, desde o primeiro momento, senti que era o que Deus queria para minha vida. Decidi, então, dedicar-me integralmente ao serviço humanitário. Nunca imaginei que um dia seria presidente mundial da Adra, mas encaro esse papel como mais um chamado de Deus. Sem dúvida, será o maior desafio da minha vida.

Quais desafios você identifica no cenário humanitário global?

As dificuldades que afetam o setor humanitário não são novas, mas estão se tornando cada vez mais complexas e interconectadas. Destaco as crises de deslocamento em massa que, segundo a ONU, já atingem mais de 120 milhões de pessoas. Os conflitos armados e a instabilidade política representam outro grande desafio. Além disso, as mudanças climáticas e os desastres naturais, bem como a fome e a insegurança alimentar, afetam centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. Para enfrentar esses desafios, organizações humanitárias lidam com financiamento insuficiente, pois a demanda por ajuda cresce, mas o apoio internacional não acompanha esse ritmo, gerando déficits orçamentários e limitando a capacidade de resposta.

A Adra atua em 118 países. Como coordenar e harmonizar as operações em contextos tão diversos?

Para garantir unidade de missão e propósito, qualidade no serviço oferecido aos beneficiários e conformidade com as exigências do setor humanitário, a Adra conta com uma estrutura sólida e presença estratégica global. Além da sede mundial em Washington, D.C., possui nove escritórios regionais e adota rigorosos processos de compliance, assegurando transparência e eficiência. Por fim, um marco estratégico global orienta suas ações em todas as regiões em que atua.

Pode compartilhar uma experiência que marcou sua trajetória humanitária?

Destacar uma única experiência não é fácil, pois há muitas que poderia compartilhar. No entanto, lembro-me do terremoto no Equador, em abril de 2016, quando fui coordenar a resposta da Adra. Os recursos eram insuficientes, e passei duas semanas orando intensamente para que Deus suprisse nossas necessidades. Solicitei apoio financeiro à Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Inter-nacional (Usaid, na sigla em inglês), uma de nossas principais parceiras, mas não obtive resposta. Sentia-me decepcionado, sem entender por que Deus parecia não responder. Porém, na noite anterior ao meu retorno ao Brasil, recebi uma ligação informando que a Usaid havia disponibilizado 500 mil dólares para a Adra Equador. Essa experiência reforçou minha convicção na provisão divina. 

(Entrevista publicada na Revista Adventista de maio/2025)

Última atualização em 28 de maio de 2025 por Márcio Tonetti.