Fundamentos da unidade

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Como fortalecer a vida eclesiástica para evitar os riscos do congregacionalismo

Stanley Arco

Imagem generativa: Renan Martin

O saudável desejo de maior participação congregacional foi mal-interpretado, resultando em uma tentativa de administração eclesiástica que substitui a liderança espiritual por controle popular. O congregacionalismo pode colocar o “assim digo eu” acima do “assim diz o Senhor”, favorecer ênfases individualistas, enfraquecer a liderança, contribuir para o secularismo, fragilizar a unidade, gerar divisões, promover a polarização e paralisar a missão.

Ao escrever aos Efésios, Paulo afirmou que “há somente um corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança para a qual vocês foram chamados; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef 4:4-6).

Incorporando esse princípio, precisamos fortalecer a participação ativa da igreja a fim de honrar o desígnio de Deus e, ao mesmo tempo, evitar os perigos do congregacionalismo. Mas como podemos fazer isso?

1. Fortalecendo a liderança de acordo com o modelo de Jesus. Não para dominar, mas para guiar e cuidar do rebanho. Os líderes são chamados ao serviço e à direção espiritual, conforme o ensino de 1 Pedro 5:1-4.

2. Buscando a direção do Espírito Santo. Por meio da oração, do jejum e da busca intencional por Sua orientação, reconhecendo que fazer a vontade de Deus é mais importante do que simplesmente seguir a vontade da maioria (At 13:2, 3).

3. Formando discípulos fiéis e frutíferos. O propósito é edificar os santos até que alcancem a maturidade. Uma igreja madura não decide com base em emoções, mas a partir de convicções firmadas na Palavra de Deus (Ef 4:11-13).

4. Edificando a igreja. Respeitando a distribuição divina dos dons espirituais e integrando todos os membros na missão, de forma que cada um exerça sua função para o bem do corpo de Cristo (1Co 12:1-11).

5. Concentrando a igreja na missão. Quando o foco missionário é perdido, a igreja torna-se crítica e dividida. Uma denominação comprometida com o evangelismo, o serviço e o discipulado não tem tempo para disputas de poder (Mt 28:19, 20).

6. Cultivando a unidade e o apoio mútuo. Tratando uns aos outros como uma família espiritual, onde reinam o amor, o respeito e a humildade. A submissão mútua implica que todos cedem para o bem do corpo, promovendo uma cultura de cooperação, sem espaço para orgulho ou competição (Fp 2:3, 4).

A unidade deve estar centrada em Cristo e em Sua Palavra. Paulo apresentou sete fundamentos básicos da unidade pela qual Cristo orou:

Um só corpo: o corpo de Cristo, do qual cada crente é parte integrante do todo.

Um só Espírito: o Espírito Santo que habita em cada crente.

Uma só esperança: o retorno do Senhor para levar ao Céu Sua igreja, comprada a alto custo com Seu próprio sangue.

Um só Senhor: Deus encarnado, crucificado e ressurreto, que hoje intercede por nós e em breve voltará.

Uma só fé: somos a coluna e o baluarte da verdade, crendo, vivendo e compartilhando a fé.

Um só batismo: O pecador precisa nascer de novo – pela Palavra, pelo Espírito e pela água. O batismo é a porta de entrada para o corpo de Cristo, que é a igreja.

Um só Deus: isso nos proporciona uma família.

Como Ellen White escreveu: “Alguns têm apresentado a ideia de que, ao nos aproximarmos do fim dos tempos, cada filho de Deus agirá independentemente de qualquer organização religiosa. Mas fui instruída pelo Senhor de que nesta obra não há isso de cada qual ser independente. […] E, para que a obra do Senhor possa avançar sadia e solidamente, Seu povo deve estar unido” (Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 9, p. 202).

Que Deus nos ajude a cumprir Seus propósitos! 

STANLEY ARCO é presidente da Igreja Adventista para a América do Sul

(Artigo publicado na seção “Bússola” da Revista Adventista de julho/2025)

Última atualização em 29 de julho de 2025 por Márcio Tonetti.