Justa sentença

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Como conciliar o amor de Deus com a destruição dos ímpios?

Ángel Manuel Rodríguez

Imagem generativa: Renan Martin

Algumas pessoas têm dificuldade em harmonizar o amor com a justiça de Deus. Como, afinal, conciliar Sua misericórdia com o fato de que os ímpios serão destruídos? Essa é uma questão central na escatologia bíblica, pois o juízo final definirá de que maneira o conflito cósmico entre o bem e o mal será resolvido. Vejamos, portanto, alguns aspectos que podem nos ajudar a responder essa questão.

Crime cometido

Todo crime altera a ordem social e exige a aplicação de um processo legal para que essa ordem seja restabelecida. Podemos imaginar a magnitude do impacto causado pela rebelião de Lúcifer contra o governo de Deus (Is 14:12-14). Restaurar a ordem original estabelecida pelo Criador constitui um desafio imenso, que requer a atuação de um sistema legal infalível, capaz de revelar, de forma absoluta e incontestável, a verdade sobre os acontecimentos. Esse sistema deve ser suficientemente poderoso para pôr fim ao conflito de maneira justa e amorosa.

Investigação e análise

Diante da prática de um ato perverso, é necessário reunir provas, analisar as evidências e responsabilizar o culpado. A investigação busca comprovar a legitimidade da acusação e demonstrar que, na busca por justiça e pela restauração da paz, alguém deve ser devidamente punido; o transgressor precisa ser claramente identificado. Do ponto de vista espiritual, todos somos culpados (cf. Gn 3:8-13; Os 4:1, 2). A Bíblia destaca esse aspecto do processo judicial ao mencionar livros celestiais que registram as ações humanas (Dn 7:9, 10; Ap 20:12), enfatizando que, no tribunal divino, todos serão julgados segundo suas obras (Mt 12:36, 37; Ap 20:13). Trata-se de uma investigação cósmica minuciosa, que confirmará a real culpa dos acusados.

Isso ocorrerá na presença dos salvos que, na condição de testemunhas, receberão permissão para acompanhar o andamento do processo judicial sob a direção pessoal de Deus e de Seu Filho (Dn 7:9, 10, 13; Jo 5:22; 1Co 6:2, 3; Ap 20:4). A análise das evidências será tão minuciosa que todas as criaturas leais ao Senhor reconhecerão a integridade do processo e a plena confiabilidade da justiça divina.

Veredito

Uma vez investigadas e analisadas as evidências, o tribunal divino pronunciará o veredito: culpado ou inocente. Dois aspectos desse momento do julgamento final dos ímpios merecem destaque. Primeiramente, o veredito não será passível de negociação. Não existirá tribunal cósmico de apelação para os ímpios. A sentença será executada, independentemente de qualquer objeção, na intervenção divina punitiva final e irreversível na história humana (Ap 20:9). Sim, Deus, o doador da vida, porá fim à existência deles.

Em segundo lugar, a intenção divina é restaurar a paz e a ordem cósmicas por meio do veredito final. É nesse momento do processo judicial que a figura de Cristo e Seu sacrifício se elevarão acima da imensa multidão dos ímpios, revelando-Se a eles como o Cordeiro que foi morto (Ap 14:10). Ele é a Testemunha Fiel, apresentando a cruz como evidência incontestável do amor e da justiça infinitos de Deus. Nada mais será necessário para convencer os ímpios e as forças do mal de que o Senhor é, sempre foi e sempre será um Deus de amor e justiça (Fp 2:10, 11; Ap 5:11-13), e de que merecem a morte.

Então, Deus lhes tirará a vida quando o fogo descer e os consumir (Ap 20:9). Nesse ponto da história cósmica, o conflito estará completamente encerrado. 

ÁNGEL MANUEL RODRÍGUEZ, pastor, professor e teólogo aposentado, foi diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica

(Artigo publicado na Revista Adventista / Adventist Review de outubro/2025)

Última atualização em 29 de outubro de 2025 por Márcio Tonetti.