Cátedra (re)visitada

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Na educação adventista, a autonomia acadêmica é serva da Palavra de Deus
Adolfo Suárez no Congresso Ibero-Americano de Educação: "O ensino deve impactar o aluno na complexidade do ser e ao longo da vida". Foto: Jean Guilherme
Adolfo Suárez no Congresso Ibero-Americano de Educação: “O ensino deve impactar o aluno na complexidade do ser e ao longo da vida”. Foto: Jean Guilherme
Em tempos mais sisudos, cátedra era um lugar ou posição elevada. Assim, quem ensinava o fazia de um plano superior, assentado numa cadeira gótica, de encosto alto e imponente. Hoje, mais “chique” e arejada, a expressão passa a significar status, carreira, enfim, prestígio. O termo desperta interesse acadêmico quando cátedra se liga às palavras “poder” e “liberdade”, tornando-se dessa forma dissertação de mestrado e tese doutoral. Um exemplo é o conceito de “liberdade de cátedra”, ideia postulada por Wilhelm von Humboldt (1767-1835).

Por essa época, discutia-se uma reforma que libertasse a universidade da autoridade do Estado e da Igreja Católica. Nada de individualismo e divindade. Em 1810, Humboldt apresentou um relatório no qual a cátedra seria o símbolo da liberdade para o professor defender suas próprias ideias, pesquisar e gerir currículos. A primeira instituição organizada de acordo com os princípios do Relatório Humboldt foi a Universidade de Berlim, na Alemanha.

CRISTO COMO FUNDAMENTO

Durante três dias, de 27 a 29 de janeiro, o 2º Congresso Ibero-Americano de Educação refletiu sobre a função da cátedra sob a ótica adventista. O evento sediado no Unasp, campus Hortolândia, reuniu cerca 350 educadores e líderes de 13 países das Américas, África e Europa. A líder mundial da rede educacional adventista, Lisa Beardsley-Hardy, abriu o debate citando Ellen White: “No mais alto sentido, a obra da educação e da redenção são uma” (Educação, p. 30). A líder avançou: “Educação redentiva começa pelo perfil do professor.”

A cátedra adventista tem uma marca: o exemplo de Cristo. Ao definir identidade, Adolfo Suárez, doutor em Ciências da Religião, disse que a “práxis pedagógica deve impactar a pessoa na complexidade do ser e ao longo da vida”. Para o diretor mundial associado da rede educacional, Luiz Schulz, o tema envolve qualidade e excelência. Ele cita a Bíblia: “Ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1Co 3:11), para ressaltar Cristo como modelo.

Na opinião de Ella Simmons, vice-presidente mundial da Igreja Adventista, “professor autônomo é aquele que leva seus alunos para o Céu”. Simmons destacou que a autonomia, quando “serva da Palavra de Deus e do Espírito Santo é capaz de mover-se em direção ao mundo para salvar pessoas”. Nesse mesmo tom, Raquel Kerniejczuk, vice-reitora acadêmica da Universidade de Montemorelos, no México, discursou: “A universidade adventista tem que romper os muros acadêmicos para impactar pessoas sofridas e necessitadas.”

Para o diretor do Centro de Pesquisas Ellen G. White do Unasp, Renato Stencel, a questão se impõe: “A filosofia adventista deve produzir resultados visíveis, tanto na ação docente quanto na pesquisa e extensão universitária. O mundo espera por isso.” E conclui: “Por ser uma agência missionária, tudo num campus universitário adventista deve refletir Cristo.”

JAEL ENEAS é diretor de desenvolvimento espiritual no Unasp, campus Hortolândia (SP)

SAIBA MAIS

A rede adventista tem:

113 instituições de ensino superior

11.906 professores

136.678 alunos

Fonte: SDA Education Word Statistics (31/12/2012)

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Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.