Universo feminino

2 minutos de leitura
Em sintonia com os novos tempos, as mulheres enriquecem o mundo com suas qualidades diferenciadas

Universo-feminino-editorial-Fotolia_66184725_Subscription_XLCorpo musculoso, rosto simétrico, pele rosada, neurônios capazes de fazer mais de 100 trilhões de sinapses perfeitas, número muito superior ao total estimado de 300 bilhões de estrelas que cintilam na Via Láctea, o primeiro homem do planeta repousou a cabeça na superfície sólida (ou macia). Caiu em um sono profundo. O que sonhou, não sabemos. Mas, quando abriu os olhos, ficou extasiado e, dando expressão a sentimentos mistos de amor e (auto)descoberta, compôs o primeiro poema da humanidade, mais interessado em rimas do pensamento do que de palavras: “Até que enfim! Osso dos meus ossos, carne da minha carne! Seu nome será mulher [ishah], pois foi feita do homem [ish].”

A partir de então, a história da mais linda das criaturas da Terra teve altos e baixos, glórias e vergonhas, aplausos e vaias. Explorada, minimizada e ignorada por muitos, a mulher foi também valorizada, maximizada e notada por outros tantos. Sua trajetória é o gráfico da história da própria humanidade. Quando a mulher está em baixa, a sociedade não está em alta. Símbolo da igreja, ela é objeto do amor divino. Quem humilha a mulher desafia seu Criador.

Felizmente, com o tempo, a condição das mulheres tem melhorado, como mostra a reportagem de capa, escrita pela jornalista Fabiana Bertotti. Hoje, cada vez mais elas ocupam espaços antes restritos aos homens. Em alguns casos, os papéis femininos tradicionais podem sofrer uma perda; mas, em outros, a conquista é positiva.

Em janeiro de 2014, de acordo com um relatório da ONU, 46 países tinham mais de 30% de mulheres em pelo menos uma câmara do Parlamento. Ainda no início do ano passado, havia 36 países com 30% de mulheres liderando ministérios. Há também mais mulheres ocupando portfólios ministeriais “pesados”, como Defesa, Relações Exteriores e Meio Ambiente.

Tratar bem as mulheres é bom para todos. Quanto mais um povo valoriza a mulher, melhor é a qualidade de vida. Os dados mostram que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) têm uma correlação. Quanto mais baixo é o IDG, mais alto é o IDH. Isso significa que a prosperidade é maior onde há igualdade. Todos os países que aparecem bem no IDG, como Eslovênia, Suíça, Alemanha, Suécia e Dinamarca, também têm IDH elevado. O Brasil, 79º no ranking do IDH, ocupa a 89ª posição no IDG.

“A trajetória da mulher é o gráfico da história da própria humanidade”

Sem dúvida, a igualdade de status é bíblica. Homem e mulher, diz o relato sagrado (Gn 1:26), foram feitos à imagem de Deus. Contudo, os papéis e estilos são diferentes. Se os homens são árvores, as mulheres são flores. O homem foi criado para dominar o planeta, a mulher foi moldada para embelezar a Terra. Os homens são construtores do mundo, as mulheres são arquitetas da sociedade. O homem é racional, a mulher é intuitiva. Se o pensamento dele é mais objetivo, a perspectiva dela é mais global. A mulher se envolve com o problema para resolvê-lo, o homem se distancia dele para solucioná-lo. A mulher lê sinais não verbais, o homem entende mensagens claras. O homem tem capacidade matemática, a mulher tem habilidade comunicativa. A mulher valoriza romance, o homem aprecia sexo. Homens partilham atividades, mulheres compartilham momentos. Se a memória masculina tem mais elementos físicos, a recordação feminina tem mais componentes emocionais. O homem luta ou foge, a mulher busca amizade e apoio.

A realidade é que, com seus sorrisos e lágrimas, as mulheres controlam o ritmo da vida e estão “dominando” o mundo. E o público masculino deve apoiá-las nas boas causas. O homem jamais poderá ser feliz enquanto tornar infeliz sua metade. Como cristãos, não podemos ficar indiferentes às injustiças. A melhor religião é a que usa a verdade para levar felicidade a todas as pessoas. O resto é retórica vazia. Que a nossa igreja seja um modelo de valorização da mulher! [Imagem: Fotolia]

MARCOS DE BENEDICTO é editor da Revista Adventista

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.