Igreja Adventista na América do Sul oficializa ministério para os deficientes visuais

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Iniciativa aprovada em Brasília nesta semana apoiará projetos evangelísticos voltados para pessoas cegas

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Iniciativa não nasce como um novo departamento da igreja, mas como um ministério de apoio.

A semana começou com uma boa notícia para a deficiente visual Amanda Rodrigues Stofela, estudante de pós-graduação em Direito. Desde o último domingo, 17 de maio, a Igreja Adventista conta com um ministério voltado para os cegos. A decisão foi tomada durante a Comissão Diretiva Plenária da Divisão Sul-Americana, que acontece em Brasília (DF).

Amanda, que nasceu sem a visão por causa de glaucoma congênito, considera que o acesso dos deficientes visuais à literatura cristã ainda é bastante limitado no Brasil. “Muitos livros que eu gostaria de ler ainda estão disponíveis apenas na versão escrita”, lamenta. Ao pesquisar materiais alternativos na internet, ela conheceu o projeto Visão Real, formado por voluntários do Unasp, campus São Paulo. A iniciativa surgiu há cerca de sete anos a partir de um Pequeno Grupo composto por cegos. Atualmente, o projeto é responsável por transformar textos escritos em versões de áudio, disponibilizadas em CD. É o que acontece, por exemplo, com a Lição da Escola Sabatina. A cada trimestre são enviados em média 500 CDs para diferentes regiões do Brasil, bem como para outros países, a exemplo dos Estados Unidos e Portugal. A advogada Amanda Stofela é uma das pessoas atendidas pela iniciativa.

Com a oficialização, projetos voltados para a evangelização dos deficientes visuais passam a receber maior atenção da igreja na América do Sul. “Pedimos a colaboração de todos os líderes para nos ajudar a designar pessoas que se preocupem com esse grupo nas mais diferentes regiões”, enfatizou o pastor Erton Köhler, líder da Divisão Sul-Americana.

Dessa forma, o evangelho poderá chegar de maneira mais contextualizada para uma parcela significativa da população. O pastor Edison Choque, responsável pelo departamento de Missão Global, estima que pelo menos 3% dos habitantes nos oito países atendidos pela Divisão Sul-Americana possuam algum tipo de deficiência visual . No caso do Brasil, segundo mostrou o Censo Demográfico 2010, a deficiência visual foi a que mais apareceu entre as respostas dos entrevistados. Mais de 6,5 milhões de pessoas informaram ter dificuldade severa para enxergar. Outras 506 mil declararam ser cegas.

Projeções e desafios

Um dos reflexos da iniciativa deve ser o aumento na produção de materiais para os cegos. Algumas tentativas de tornar o evangelho mais acessível para eles já vêm sendo feitas pela Casa Publicadora Brasileira, que oferece vários livros em áudio – inclusive obras de Ellen G. White, como Caminho a Cristo e O Maior Discurso de Cristo.

Além disso, conforme sugere Amanda Stofela, a igreja também pode produzir estudos bíblicos em áudio ou em outros formatos que possam ser lidos por softwares de apoio aos deficientes visuais, além de melhorar as condições de acessibilidade aos sites das instituições adventistas. “Não precisamos necessariamente imprimir literatura em braile, já que o custo de impressão ainda é bastante caro. Ter mais materiais disponíveis em áudio já seria um passo importante para alcançar mais pessoas com as mensagens bíblicas”, observa Amanda.

O caminho para a inclusão também passa por desafios arquitetônicos. Por isso, nos próximos anos, a igreja deve buscar melhorias no que diz respeito à acessibilidade nas igrejas. [Márcio Tonetti, equipe RA / Com informações de Felipe Lemos e Murilo Pereira, da equipe ASN]

VEJA A REPORTAGEM SOBRE UM PROJETO DE EVANGELISMO PARA OS CEGOS:

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.