Solidariedade aos refugiados

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Trabalho da ADRA com refugiados na Europa é reconhecido por governos e por um dos principais jornais britânicos
ADRA oferece apoio para refugiados em Belgrado, capital da Sérvia. Foto: ADRA
ADRA oferece apoio para refugiados em Belgrado, capital da Sérvia. Foto: ADRA

Enquanto os governos de países europeus discutem as políticas de quotas para refugiados, organizações da sociedade civil estão mobilizadas para ajudar as pessoas deslocadas. A ADRA (Agência de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais) é uma das que estão prestando atendimento para milhares de imigrantes, especialmente sírios, que buscam refúgio no velho continente.

O trabalho da agência humanitária adventista foi citado na última sexta-feira, 9 de outubro, pelo site do jornal inglês The Guardian na reportagem intitulada “How Europe’s charities have responded to the refugee crisis” (Como as ONGs europeias estão respondendo à crise de refugiados).

Site do jornal inglês The Guardian deu destaque às ações realizadas pela ADRA para auxiliar refugiados na Europa. Foto: ADRA
Site do jornal inglês The Guardian deu destaque às ações realizadas pela ADRA para auxiliar refugiados na Europa. Foto: ADRA

Em Belgrado, capital da Sérvia, por exemplo, a agência adventista tem apoiado refugiados que aguardam transporte para a Eslovênia e para a Hungria. De acordo com a ONU, todos os dias aproximadamente mil refugiados passam pela Sérvia em direção principalmente à Hungria. E esse fluxo deve aumentar no fim do ano, quando se espera que o número de refugiados em trânsito no país possa chegar a até 120 mil por dia.

Em setembro deste ano, em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, com o município de Savski Venac, com o Centro de Direitos Humanos de Belgrado e com a ONG Klikaktiv, a ADRA Sérvia inaugurou o Centro de Informação sobre Asilo em Belgrado. O objetivo é ajudar os refugiados que passam pelo país com informações seguras acerca dos seus direitos e dos recursos que estão disponíveis nos seus idiomas.

Além de disponibilizar tradutores para esclarecer dúvidas e preocupações referentes aos procedimentos legais para pedir asilo, o centro também oferece os refugiados aconselhamento jurídico, apoio médico, assistência psicológica e acesso à internet, a fim de facilitar o contato deles com seus familiares.

Segundo informou o site do jornal The Guardian, recentemente a ADRA Croácia também recebeu a autorização do governo para implantar um centro de informação semelhante no campo de refugiados de Opatovac. “Lidar com a ajuda humanitária é difícil. Tentamos levar em conta mais do que apenas as necessidades primárias das pessoas”, disse Ileana Radojevi?, da regional da ADRA na Croácia, em entrevista ao periódico.

“Este tipo de centro é essencial”, afirmou Igor Mitrovic, diretor da ADRA Sérvia, numa reportagem publicada no portal de notícias da sede administrativa adventista em Portugal. “Um grande número de refugiados não quer solicitar asilo na Sérvia, colocando-os numa situação difícil. Encontram-se numa posição vulnerável e o nosso objetivo é capacitá-los, pois isto poderá ser fundamental para a sua segurança, saúde e dignidade”, observou ele. Mitrovic explicou que aqueles que não se inscrevem solicitando asilo, ficam privados de assistência médica.

O diretor da ADRA Sérvia salientou que há muitos deles que estão dormindo ao relento e carecem de alimentos e de higiene apropriada. “A ADRA já distribuiu 2 mil refeições e água aos refugiados que entram em Zajecar, no este da Sérvia. A organização humanitária também doou artigos de higiene, fraldas, leite e alimentos para bebês, e calçado”, informou Mitrovic.

Apelo da ADRA internacional

Diante da atual crise migratória, a ADRA internacional publicou em seu site oficial na última terça-feira, 13 de outubro, uma declaração por meio da qual faz um apelo a governos, organizações e cidadãos europeus para que trabalhem efetivamente para amenizar o sofrimento das famílias que têm sido forçadas a deixar seus países. O texto pode ser na íntegra abaixo.

DECLARAÇÃO SOBRE A CRISE DE REFUGIADOS NA EUROPA

“Com milhares de refugiados chegando à Europa todos os dias, reconhecemos que novas necessidades são identificadas e que a tensão está aumentando. Fazemos um apelo a fim de que haja uma solução política para os problemas enfrentados pelas famílias deslocadas. Nossos líderes devem agir sobre as suas responsabilidades e tomar decisões necessárias para proteger todos os envolvidos.

Ao mesmo tempo, apelamos à população local para tratar os refugiados como ela gostaria de ser tratada se estivesse em situação semelhante. A origem da crise está muito evidente, mas o mundo está assistindo e protestando contra famílias vulneráveis que estão sendo abusadas e exploradas.

Fazendo dos direitos humanos dos refugiados uma prioridade, políticos e cidadãos devem reconhecer que o tratamento de pessoas deslocadas não deve ser definido pelas fronteiras físicas que elas são forçadas a cruzar, nem pela identidade religiosa e cultural que cada uma carrega.

Com até 84% de pessoas deslocadas nessa crise vindas de grandes nações produtoras de refugiados (segundo relatório do ACNUR, de 2015), esta é uma crise e deve ser tratada como tal. Esperamos que a população da Europa, nossos governos e organizações respeitem a humanidade de cada pessoa e tratem cada uma com dignidade. Esperamos tratamento humanitário, infraestrutura de higiene e segurança, assistência médica de acordo com a necessidade, e respeito aos direitos humanos básicos.

Pedimos para que com a crescente priorização no atendimento aos refugiados não somente sejam fornecidos comida e abrigo, mas também assistência com o idioma, mediação e comunicação com as instituições, acesso aos serviços disponíveis, e apoio psicossocial.

Outro elemento fundamental para ajudar os que estão no meio dessa crescente emergência é a proteção. O esforço físico de deslocamento não é nada comparado ao sofrimento que muitas dessas pessoas vulneráveis estão enfrentando. As políticas governamentais e oficiais devem priorizar a segurança e dar o exemplo para o tratamento.

Quando os direitos básicos dos refugiados lhes são negados, eles não são os únicos a pagar um preço. Os olhos do mundo estão sobre a Europa agora, mas esta é uma crise global, e cada decisão enfrenta intenso escrutínio. Respeitando os direitos humanos e agindo com compaixão, enviamos uma clara mensagem de força durante essa situação complicada e frágil.

A ADRA está unida para a proteção e os direitos dos refugiados. Reconhecemos essa crise humanitária bem como o valor de cada um que está envolvido nela. Vamos nos dedicar a fim de reduzir o impacto de uma situação opressora e insuportável para tantos homens, mulheres e crianças quanto pudermos. Insistimos que você faça tudo o que está ao seu alcance para proteger os direitos e a fazer valer a proteção dos refugiados no interior de suas fronteiras.”

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.