Donald Trump nomeia Ben Carson para o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano

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Se for confirmado pelo Senado, ele deve se tornar o primeiro adventista a integrar a equipe de chefes de departamento de um presidente norte-americano
Créditos da imagem: Gage Skidmore / Wikimedia Commons
Se passar pelo Senado, Ben Carson estará à frente de uma secretaria que conta com um orçamento anual de 48 bilhões de dólares. Créditos da imagem: Gage Skidmore / Wikimedia Commons

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira, 5 de dezembro, a nomeação de Ben Carson como secretário da área de Habitação e Desenvolvimento Urbano. Se for confirmado pelo Senado, Carson se tornará o primeiro adventista do sétimo dia a integrar a equipe de chefes de departamento de um presidente norte-americano, segundo noticiou a Adventist Review.

Apesar das duras críticas feitas a Carson durante a disputa das primárias republicanas, Trump declarou que o ex-adversário “tem uma mente brilhante e é apaixonado por fortalecer comunidades e famílias dentro destas comunidades”.

“Conversamos de maneira longa sobre minha agenda de renovação urbana e nossa mensagem de revitalização econômica, que incluem amplamente as cidades do interior”, acrescentou o presidente eleito.

Mitch McConnell, líder da maioria republicana no Senado, manifestou apoio à indicação de Carson para uma pasta que, de acordo com ele, precisa de reformas para melhor servir a todos os americanos. “Estou confiante que sua carreira de serviço abnegado irá acrescentar ao próximo governo”, ressaltou.

Carson respondeu ao anúncio com uma breve declaração aceitando a nomeação. “Estou honrado e ansioso para trabalhar duro em nome do povo americano”, declarou.

Há algumas semanas, a possível nomeação de Carson para compôr a equipe de governo do 45° presidente dos EUA foi um assunto bastante comentado na imprensa e redes sociais. Porém, inicialmente ele se mostrou relutante diante da possibilidade de chefiar uma área distinta de sua formação profissional.

Carson disse que reconsiderou sua posição depois de discutir mais profundamente o assunto com a equipe de transição do governo. “Sinto que posso dar uma uma contribuição significativa, particularmente fortalecendo comunidades que têm grandes necessidades”, disse em entrevista ao canal de TV Fox News no fim de novembro, ao lembrar que veio de uma região marginalizada e que teve oportunidade de atender muitas pessoas de comunidades carentes ao longo de sua trajetória.

Natural de Detroit, Carson foi criado por uma mãe analfabeta que se casou aos 13 anos e foi abandonada pelo marido.

Símbolo do “sonho americano”, ele teve a chance de começar a mudar de vida ao ganhar uma bolsa para estudar na Universidade Yale e cursar medicina na Universidade de Michigan.

Com apenas 33 anos, se tornou diretor de Cirurgia Pediátrica da Universidade Johns Hopkins. Em 1987, ganhou fama mundial ao realizar a primeira cirurgia bem sucedida de separação de siameses unidos pela cabeça.

Em 2008, chegou a receber do então presidente George W. Bush a Medalha da Liberdade, a maior honra civil do país. Carson, que frequenta a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Spencerville, em Silver Spring, Maryland, também é autor de vários livros. Entre suas obras mais conhecidas publicadas em português estão Risco CalculadoSonhe Alto e a autobiografia Ben Carson.

Carreira na política

Ben Carson entrou na disputa pela indicação republicana para as eleições presidenciais em maio de 2015. Na época, por meio de uma nota, a liderança da denominação na América do Norte reiterou sua posição a respeito da política, ressaltando que “a Igreja Adventista do Sétimo Dia valoriza o Dr. Carson como valoriza todos os membros”, mas que “é importante para a igreja manter o seu apoio histórico de longa data para a separação entre Igreja e Estado ao não endossar ou se opor a qualquer candidato”.

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Apesar de não ter experiência na política, em alguns momentos o neurocirurgião chegou a ameaçar a liderança do bilionário Donald Trump (para relembrar um dos principais momentos da campanha de Ben Carson, clique aqui). No entanto, diante da perda de popularidade ao longo da corrida pela Casa Branca, ele anunciou sua saída da disputa pela presidência dos Estados Unidos no início de março.

Mesmo assim, aos 65 anos de idade Ben Carson poderá entrar mais uma vez para a história como o primeiro adventista a integrar a equipe de chefes de departamento de um presidente norte-americano. No entanto, caso o fato inédito se confirme, vale lembrar que outros membros da igreja já ocuparam ou ocupam funções de destaque no governo dos Estados Unidos. Na década de 1920, por exemplo, o então presidente Warren G. Harding, filho de adventista, nomeou a irmã, Carolyn, para coordenar uma das divisões do Serviço de Saúde Pública, e o marido dela, Heber Votaw, como superintendente do Sistema Penitenciário federal. Ambos permaneceram por aproximadamente um ano na função.

Mais recentemente, o contra-almirante e pastor adventista Barry C. Black foi nomeado capelão do Senado norte-americano. Trata-se do primeiro adventista do sétimo dia – bem como do primeiro afro-americano – a desempenhar a função (para saber mais sobre o capelão, clique aqui). A lista de figuras públicas adventistas que também servem no Congresso dos EUA inclui nomes como Roscoe Bartlett, Jerry Pettis, Sheila Jackson Lee e Raul Ruiz, conforme divulgou nesta semana a Adventist Review[Equipe RA, da redação / Com informações da Adventist Review, portal G1 The Guardian]

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.