Força para recomeçar

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Livro reforça a convicção de que, em meio aos descompassos da vida, é possível viver uma nova experiência
A maior contribuição do livro é apresentar com riqueza de detalhes o significado pessoal e universal do encontro de Jesus com o paralítico no tanque de Betesda

Lidar com os fracassos da vida parece ser um desafio maior do que as pessoas possam aguentar. Elas se perguntam: Existe um bem supremo? A maldade é explicável? Não encontrando respostas satisfatórias, muitas acabam se entregando ao desânimo e vivendo uma amarga frustração. O que fazer para superar nossos dramas pessoais? Como ir adiante quando tudo parece refletir apenas desarmonia e desespero? É possível reverter o quadro?

Fernando Beier, autor do livro Crise Espiritual (2013) e do recém-lançado Experimente um Recomeço, ambos pela CPB, acredita ser possível viver uma nova experiência, não importando os descompassos que a vida apresentar. Sua proposta, entretanto, não é incentivar o leitor a buscar algo místico ou que esteja fundamentado no que o ser humano pode construir por si mesmo. As experiências vividas em seu ministério pastoral e as pesquisas realizadas ao longo dos anos sobre as inquietações do ser humano o levaram a consolidar o pensamento de que, antes de mais nada, as pessoas precisam entender que todos estamos envolvidos em uma grande e terrível guerra, na qual o bem e o mal estão em luta constante.

No decorrer dos 13 capítulos da obra, o autor usa como pano de fundo o encontro de Jesus com o paralítico junto ao tanque de Betesda – uma experiência que ele considera uma miniatura do drama em que a humanidade está mergulhada. Em cada capítulo, Beier espelha as condições do paralítico e as situações inesperadas com as quais ele mesmo lidou. Em vários momentos, o autor expõe os receios e dúvidas que lhe atravessavam a mente na hora em que precisava responder, com sabedoria, a pessoas aflitas. Sem dúvida, sua maior contribuição em Experimente um Recomeço é a riqueza de detalhes que tornam o texto ainda mais interessante e atual. A simples frase “Jesus, ­vendo-o deitado” (Jo 5:6) serve para estabelecer ­conexões com vários outros relatos dos quais ele extrai lições de vida e reflexões teológicas com as quais talvez nunca nos tenhamos deparado.

Com habilidade e usando fontes seguras como a Bíblia e os escritos proféticos, o autor mostra que a guerra entre o bem e o mal, que teve início no Céu, é real e continua em andamento na Terra. Desde que o inimigo soube do plano divino para salvar os seres humanos, por meio de Jesus, ele decidiu não apenas atingi-los com todo tipo de dor, mágoa e sofrimento, mas também culpar Deus por isso. Machucar a humanidade e separá-la do Criador certamente tem sido o principal objetivo de Satanás desde que ele usurpou das mãos de Adão e Eva o domínio deste mundo.

No entanto, Jesus veio a fim de mudar para sempre o destino do ser humano. Ele veio para mostrar que é possível a esperança ressurgir no coração quando ela está firmada em Alguém muito maior e mais poderoso do que nós. Mesmo quando tudo parecer apenas escuridão, uma luz ainda brilhará para conduzir os filhos de Deus ao novo amanhã.

Quase 2 mil anos atrás, em um lugar improvável, a personificação do Bem absoluto desfez o poder do mal e ofereceu a oportunidade de recomeço a alguém que não tinha nenhuma expectativa quanto ao futuro. Ao ouvir a ordem do Salvador, o paralítico não questionou. Apenas aceitou e obedeceu. O resultado foi uma vida inteiramente transformada. A fé do homem, unida ao amor de Deus, continua sendo uma fórmula eficaz para tornar reais os anseios mais profundos do coração.

O autor é enfático e convincente em sua conclusão: “Caso ainda exista uma parcela de esperança no coração, é possível experimentar um recomeço.”

TRECHOS

“Jesus entrou pela porta dos fundos da história, sem ser notado. Logo se misturou a uma gente em nada diferente de seus antepassados teimosos e obstinados. Se tivesse que ganhar o coração de alguém, não seria pela força nem demonstração de poder. Trabalharia com a quantidade de fé existente no interior de cada pessoa e deixaria claro que ser verdadeiramente livre tinha que ver com uma incansável busca pela verdade.”

“A história do paralítico de Betesda nos força a pensar no impacto da guerra entre o bem e o mal. Jesus apareceu naquele lugar para deixar claro para todos o que Ele tinha em mente quanto ao sofrimento dos seres humanos. Sem dúvida, Ele desejava que entendêssemos que o mal não tem a última palavra diante do Bem absoluto. Verdade que pode fazer toda a diferença na luta que enfrentamos nos dias atuais.”

NEILA OLIVEIRA é editora de livros na Casa Publicadora Brasileira

(Texto publicado originalmente na edição de maio de 2017)

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.