A luta contra o ebola continua

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ADRA oferece apoio diante de novo surto da doença na República Democrática do Congo 
Kimi-Roux James
Imagem do surto de ebola em 2014-2015 na África Ocidental, o maior já registrado, mostra a equipe da ADRA no processo de desinfecção de ambulâncias e utensílios domésticos de pacientes com a doença. A ADRA continua oferecendo apoio e assistência às pessoas afetadas pela doença, dessa vez na República Democrática do Congo. Foto: ADRA

Há um ano, um novo surto de ebola, o segundo maior da história, atinge a República Democrática do Congo. Desde 1976, quando o vírus foi descoberto pela primeira vez, o país africano já enfrentou dez grandes crises provocadas pela doença.

Diante desse cenário, a ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais) tem buscado oferecer apoio às autoridades locais e comunidades atingidas. Presente no país desde 1984, a agência humanitária adventista tem dado atenção especial à população mais vulnerável, especialmente crianças e mulheres que enfrentam necessidades extremas por causa da epidemia.

Visão geral da crise

Em julho, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que o surto de ebola na República Democrática do Congo é uma emergência internacional de saúde pública e que uma rede de assistência humanitária adicional é necessária para conter o vírus.

Desde agosto de 2018, mais de 1,7 mil mortes foram confirmadas. Estima-se que 2,5 mil pessoas tenham sido infectadas e outras 17 mil estejam em contato com o vírus. De acordo com a OMS, a vacinação ajuda a minimizar a propagação e exposição da doença, mas devido ao conflito em curso e à resistência da comunidade, em parte devido à pobreza, desinformação, práticas culturais e marginalização, o surto tem representado um desafio para os funcionários da linha de frente em sua luta para conter a doença.

A resposta da ADRA

A ADRA tem pequenas filiais em 17 províncias do país, sendo seis delas em Kivu do Norte e Ituri. A agência humanitária adventista está buscando construir relacionamentos e estabelecer parcerias a fim de buscar novos meios para ajudar a frear a disseminação da doença. Recentemente, foram realizados convênios com outras organizações humanitárias e autoridades locais para implementar um programa alimentar que procura ajudar as comunidades mais afetadas pela epidemia. “Nossa principal prioridade é trabalhar com líderes comunitários para que nos ajudem a construir confiança e participar das comunidades. Queremos preencher qualquer lacuna de atenção para que possamos oferecer ajuda humanitária”, declara Mário Oliveira, diretor de resposta a emergências da ADRA.

Atualmente, a agência humanitária adventista gerencia um programa de alimentação para crianças com o apoio do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) em Katwa, Butembo, Beni, Mabalako e Oicha, na província de Kivu do Norte. “O principal objetivo dessa resposta de emergência é reduzir o risco de desnutrição entre crianças e jovens com até 26 anos de idade, mulheres grávidas e lactantes que foram afetadas pelo vírus ebola”, conta Oliveira.

O projeto inclui o estabelecimento de locais de amamentação nos centros de tratamento e centros de saúde para crianças de até dois anos. O projeto visa principalmente atender crianças que são privadas de leite materno quando a mãe fica doente e tem que ser hospitalizada.

A iniciativa também prevê a aquisição dos itens necessários para amamentar os bebês; alimentação de emergência de bebês e crianças pequenas; treinamento de assistentes psicossociais e nutricionais, incluindo integrantes da equipe da ADRA, e o treinamento de enfermeiros profissionais para transmitir informações sobre controle de infecção e métodos de prevenção para pacientes em áreas de risco. A ADRA informou que também está trabalhando para conscientizar as comunidades quanto às formas de prevenir o contato com o vírus ebola.

A agência humanitária da igreja já beneficiou mais de 170 mil pessoas por meio de atividades de prevenção e mobilização comunitária. No entanto, Mário Oliveira observa que há muito trabalho a ser feito para conter o vírus. “Esperamos que esse surto de ebola seja contido antes que a situação piore e se estenda além das fronteiras da República Democrática do Congo”, ele ressalta. [Kimi-Roux James, da equipe da ADRA]

Última atualização em 5 de setembro de 2019 por Márcio Tonetti.