Firme na Rocha

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Internato carioca completa 80 anos procurando manter vivo o elo entre a fé e o ensino
Fabiana Lopes
Localizado a cerca de 20 km da cidade que foi sede do império, o Instituto Petropolitano Adventista de Ensino (IPAE) hoje é considerado uma escola modelo no município. Crédito da foto: IPAE

Localizado às margens da BR 040, no km 68, o Instituto Petropolitano Adventista de Ensino (IPAE) foi fundado ao lado de uma grande parede rochosa. É o cartão postal do campus e símbolo do propósito de educar com base nos firmes fundamentos da Palavra de Deus. Aberto em 1939, o internato carioca celebrou seus 80 anos de existência nos dias 4 e 5 de outubro.

A instituição de educação básica que já formou mais de 4 mil estudantes hoje é considerada uma escola modelo na cidade histórica de Petrópolis, atraindo um número cada vez maior de alunos que residem na cidade. Atualmente, são 205 internos e 240 externos.

Além de buscar excelência no ensino, o IPAE sempre procurou ter um foco missionário. Fruto da visão de pioneiros como John D. Hardt, primeiro diretor. Uma evidência disso é que, entre 1940 e 1950, o colégio teve um seminário no qual era oferecido um curso de Teologia com duração de dois anos. Isso também explica por que, nesse período, o nome da instituição mudou de Instituto de Ensino Agrícola de Petrópolis para Instituto Teológico Adventista.

Um dos muitos fatos que marcaram a história do colégio octogenário foi a construção da igreja da instituição. O templo, ­concluído em 1972, foi o primeiro inaugurado em um internato adventista no Brasil.

Maria Cândida Araújo Silva, de 87 anos, guarda lembranças de sua época como aluna. “É o meu colégio do coração! Se pudesse, eu voltaria no tempo para reviver tudo outra vez, pois nossa convivência era muito agradável”, ressalta. Maria foi batizada pelo pastor da igreja na época, Tossaku Canada, que também liderou a escola em 1950. Foi ali que ela também conheceu Nelson Alves da Silva (in memoriam) e se casou com ele. A ex-aluna recorda que, em 1946, todos os 200 alunos eram adventistas.

Alguns deles chegaram a se tornar professores do colégio, como foi o caso de José e Amélia Bispo, que lecionaram durante mais de 30 anos. O casamento e as bodas de prata (25 anos) do casal foram realizados no próprio internato. “O Ipae foi um marco fundamental na minha formação moral, social e espiritual”, diz o professor.

Alexandre Lopes é o administrador financeiro da sede da Igreja Adventista para a região central do estado (Associação Rio de Janeiro) e foi aluno do professor José Bispo. Para se manter fiel à guarda do sábado, ele saiu de casa aos 16 anos e foi estudar no internato adventista. Em 1990, Lopes ingressou no IPAE como “aluno industriário” (ou seja, trabalhava para pagar os estudos), algum tempo depois se tornou funcionário e, em seguida, foi transferido para o escritório da Voz da Profecia, em Botafogo. Atualmente, também é pastor e garante: “A influência dos professores e desse colégio foi fundamental na minha vida e na minha fidelidade a Deus.”

Na instituição da qual também saíram muitos músicos e compositores, a exemplo de Fernando Rochael, Ozeias Reis, Ricardo Martins, Silmar Correia, Suzanne Hirle e Társis Iraídes, a programação comemorativa incluiu um musical, que envolveu mais de 300 vozes e a participação especial da Camerata de Petrópolis, e o lançamento do CD intitulado Marcas. Outro fato que marcou a data foram as homenagens aos pioneiros e apoiadores da instituição, como o empresário Milton Soldani Afonso, e a apresentação do quarteto Arautos do Rei.

Robledo Moraes, 23º diretor do IPAE, destacou o fato de a programação, que reuniu mais de 2,5 mil pessoas, ter relembrado que “Deus esteve, está e estará cuidando desta instituição e a abençoando”.

FABIANA LOPES é jornalista e atua como assessora de comunicação na sede da Igreja Adventista para a região central do Rio de Janeiro

(Matéria publicada na edição de novembro de 2019 da Revista Adventista)

Última atualização em 13 de dezembro de 2019 por Márcio Tonetti.