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Resumo dos fatos que marcaram a semana no meio adventista

Márcio Tonetti

Apesar de uma pesquisa da Nielsen Book e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros ter indicado que a venda de literatura cresceu 31% no Brasil entre 18 de maio e 14 de junho, os indicadores mais amplos mostram que o setor livreiro encolheu nos últimos anos.

Entre 2006 e 2019, a queda no faturamento foi de 20%, de acordo com a pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro”, divulgada no dia 9 de julho pela Nielsen e pela Câmara Brasileira do Livro. A série histórica atualizada mostra que, embora a indústria editorial brasileira tenha registrado crescimento de 6% no ano passado, isso não foi suficiente para repor a perda acumulada nos últimos 14 anos.

De acordo com o levantamento, os subsetores mais atingidos foram os de livros “científicos, técnicos e profissionais”, “obras gerais” e “didáticos”. O único segmento que apresentou resultado positivo, embora pequeno (2%), foi o de “livros religiosos”.

LEITURA NO APLICATIVO

App Bible Plan oferece um plano de leitura da Bíblia, além de comentários de Ellen White que ajudam na compreensão do texto sagrado. Foto: Jefferson Paradello

E foi pensando em incentivar a leitura da Bíblia e dos livros da escritora norte-americana Ellen G. White que o departamento de Espírito de Profecia e o Centro de Pesquisas Ellen White Brasil lançaram o app Bible Plan, disponível para os sistemas operacionais Android e iOS.

O aplicativo sugere a leitura diária de três capítulos da Bíblia e traz comentários da pioneira que ampliam a compreensão das Escrituras. Esses textos auxiliares foram extraídos de seis livros que estão disponíveis no próprio app: História da Redenção e os cinco volumes da Série Conflito (Patriarcas e Profetas, Profetas e Reis, O Desejado de Todas as Nações, Atos dos Apóstolos e O Grande Conflito).

INFLUENCERS

Ao mesmo tempo que novos recursos digitais têm alimentado espiritualmente os membros da igreja, eles também estão sendo utilizados para o testemunho. Um dos casos que ganharam visibilidade nesta semana foi o de um grupo de jovens que têm “invadido” lives no Instagram com o objetivo de demonstrar afeto e apresentar Jesus às pessoas. A iniciativa denominada “Sal na Live” foi inspirada no projeto “Sal na Web”, promovido pelo Ministério Jovem da Igreja Adventista no sul do Brasil com o objetivo de incentivar a juventude a ser relevante e mostrar amor em meio ao distanciamento social. Basicamente, o que o grupo da Igreja Adventista Central de Cascavel (PR) está fazendo é mobilizar centenas de perfis para interagir durante transmissões na mídia social e surpreender esses influencers com mensagens e músicas cristãs. Foi assim que eles emocionaram, recentemente, a Isabelli Costa, enquanto ela fazia uma transmissão no Instragram. Veja no vídeo a seguir.

ENCONTROS VIRTUAIS

No Equador, os clubes de Desbravadores continuam impossibilitados de ter reuniões presenciais. Mas eles continuam participando de atividades on-line. Lá, o programa “Mi Casa Mi Club” tem conectado cerca de 2 mil adolescentes.

AJUDA HUMANITÁRIA

À semelhança desse grupo, que tem sido desafiado a praticar ações de solidariedade, no Canadá, voluntários da ADRA têm se unido aos membros da igreja local para atender famílias que sofrem com os reflexos da crise sanitária. A agência humanitária já destinou cerca de 300 mil dólares para 30 congregações espalhadas pelo país. O objetivo é apoiar essas comunidades na resposta à crise econômica. Os recursos têm sido empregados na compra e distribuição de alimentos e itens de higiene que já beneficiaram cerca de 20 mil pessoas.

Já na Romênia, além de distribuir alimentos e kits de higiene, a agência humanitária está oferecendo assistência psicológica, fornecendo medicamentos e abrigo para crianças, idosos, vítimas de violência doméstica e outros grupos em situação de vulnerabilidade.

Na região de Chattanooga, no estado do Tennessee (EUA), um dos ministérios que estão fazendo a diferença na comunidade é a Associação Adventista de Amizade Muçulmana. Coordenado pela sede administrativa da igreja para a América do Norte, o programa começou atendendo crianças refugiadas nas férias escolares de verão, mas desde 2016 também auxilia mães por meio de projetos de geração de renda, a exemplo de cursos de corte e costura. Isso tem sido importante especialmente no contexto da pandemia, período em que a confecção e venda de máscaras e bolsas vêm ajudando a garantir a sobrevivência de famílias refugiadas árabes. Nesse período de isolamento social, o projeto se reestruturou para que as participantes pudessem receber matéria-prima em casa e, assim, evitar o risco de contágio.

SAIBA MAIS SOBRE O PROJETO NESTE VÍDEO (EM INGLÊS)

Na Jamaica, uma parceria entre a ADRA, a sede administrativa nacional da igreja e a associação de empresários e empreendedores adventistas da ilha caribenha beneficiou mais de 400 famílias. Nos meses de abril e maio, foram levantados mais de 215 mil dólares para auxiliar famílias que enfrentam dificuldades financeiras.

E na Austrália, quem irá se unir ao time da ADRA que atua na resposta à pandemia é o brasileiro Denison Grellmann, nomeado nesta semana para o cargo de presidente da agência humanitária no país. Ele acumula mais de 20 anos de experiência na área de desenvolvimento humano.

Denison, a esposa, Priscila, e os Filhos Dennis e Breno voltarão à Austrália, onde já serviram a ADRA. Foto: arquivo pessoal

Além de ter atuado na ADRA Internacional, Denison já liderou projetos em Madagascar, Zimbábue, Moçambique, Laos, Filipinas e Nova Zelândia, onde ele atuou como diretor da ONG nos últimos quatro anos (nesta entrevista, o brasileiro fala sobre sua experiência e expectativas). Segundo a Adventist Record, ele deve assumir a nova função em setembro, substituindo Paul Rubessa, que foi nomeado para o cargo de gerente de Serviços Financeiros e Investimentos da Divisão do Pacífico Sul. Denison é casado com uma brasileira, Priscila, e tem dois filhos, Breno e Dennis.

AÇÕES NO BRASIL   

Voluntários de Taguatinga (DF) auxiliaram 150 pessoas em situação de rua. Foto: Gustavo Leighton

Por aqui, integrantes do projeto Doutores de Esperança, mantido pela ADRA, realizaram uma ação no dia 11 de julho no assentamento de Taguatinga, no Distrito Federal (leia mais aqui). Em parceria com voluntários da Missão Calebe, eles prestaram assistência a 150 pessoas em situação de rua, oferecendo banho quente, cesta básica, almoço, lanche, água e cobertores.

Por sua vez, em Juazeiro (BA), dezenas de voluntários se uniram para apoiar o Sanatório Nossa Senhora de Fátima, entidade filantrópica mantida por doações e pela prefeitura do município localizado a cerca de 500 km de Salvador. Eles entregaram 60 cestas básicas e equipamentos de proteção individual. Segundo noticiou a Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN), com 75 leitos cadastrados atualmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o sanatório atende pacientes de uma rede que envolve 53 municípios dos estados da Bahia, Pernambuco e Piauí. A doação dos adventistas será suficiente para alimentar a entidade durante um mês.

E em Campo Grande (MS), capital do estado que registra uma nova onda de contágios, servidores do Hospital Adventista do Pênfigo distribuíram cinco toneladas de alimentos entre 130 famílias da região.

SAÚDE EMOCIONAL

Um levantamento feito com 4.242 adventistas de dez países da América Central mostrou que 34% deles se sentiram ansiosos e nervosos por causa da crise sanitária; 68% se mostraram constantemente preocupados; 59% disseram ter problemas emocionais; 51% se sentiram irritados com facilidade e 47% se sentiram inquietos e sem concentração.

Os dados apresentados durante a 4ª Conferência Anual da Divisão Interamericana, que reuniu virtualmente 3,3 mil líderes nos dias 6 a 9 de julho, têm servido de base para programas de assistência emocional aos membros da denominação nessa parte do mundo.

Quem também está promovendo seminários com o objetivo de ajudar as pessoas a lidar com os efeitos emocionais da pandemia é o Sanatorio Adventista de Asunción, na capital paraguaia. Em funcionamento há 60 anos, o hospital adventista tem promovido lives com psicólogos, nutricionistas e capelães para tratar de temas como ansiedade, alimentos neuroprotetores, crise existencial, relacionamentos e controle das emoções. A fim de manter contato com a população, a unidade também tem promovido conversas on-line semanais e enviado literatura adventista para os internautas.

IMPACTO DA PANDEMIA NA IGREJA

O efeito da pandemia foi forte dentro da igreja. Em uma entrevista que será publicada na edição de agosto da Revista Adventista, o pastor Erton Köhler, líder da denominação na América do Sul, informou que, até metade de julho, 23.927 adventistas foram contaminados e 1.296 faleceram em oito países do nosso continente.

Nesta semana, também foram divulgados números do impacto da pandemia no México. De acordo com a sede administrativa da igreja para a região da América Central, somente no estado de Chiapas, no sul do país, 275 adventistas morreram devido a complicações causadas pela Covid-19. Entre eles estavam dois funcionários da organização e um pastor aposentado.

Apesar de estar sendo bastante afetada pela Covid-19, a igreja no México não tem poupado esforços para ajudar as pessoas mais vulneráveis. Foto: Chiapas Mexican Union

O site da Divisão Interamericana também informou na quarta-feira (15) que, nessa mesma região, 79 servidores da igreja testaram positivo e que mais de 4 mil membros apresentaram sintomas da doença, embora a maioria não tenha conseguido realizar testes.

Pelo fato de a curva da pandemia continuar crescendo no México, um grupo de profissionais da saúde adventistas se colocou à disposição para oferecer assistência on-line às pessoas que apresentam sintomas da Covid-19.

CIRURGIA ROBÓTICA

A utilização de sistemas robotizados para a realização de cirurgias é uma tendência na medicina. E a rede adventista de saúde dos Estados Unidos tem se tornado referência no treinamento para a realização desse tipo de procedimento.

Em 2017, a AdventHealth foi a primeira do país a adotar a plataforma conhecida como C-SATS. Esse sistema permite fornecer análises anônimas, personalizadas e em tempo real. Em três anos, quase duzentos médicos compartilharam com seus pares aproximadamente 6 mil vídeos. Isso está contribuindo para o aprimoramento do programa de cirurgia robótica nos hospitais adventistas, possibilitando intervenções cada vez mais eficientes e cada vez menos invasivas, conforme noticiou a agência de notícias da AdventHealth.

DICAS DE SAÚDE

A medicina evolui, mas não dispensa os cuidados que precisamos tomar individualmente. Por isso, o boletim desta sexta-feira termina com dicas de saúde divulgadas pela Universidade de Loma Linda. Uma das recomendações feitas por profissionais da instituição de ensino superior norte-americana é que as pessoas que se recuperam da Covid-19 sigam orientações médicas para voltar a fazer atividade física, pois isso é ainda mais importante agora. Em uma reportagem publicada no site da própria universidade, especialistas disseram que, em alguns casos, é necessário um preparo prévio ao longo de algumas semanas, dependendo dos danos provocados pelo vírus nos pulmões e no coração. Em maio, um relatório do Journal of Cardiology da American Medical Association constatou que 22% dos pacientes internados por causa da Covid-19 sofreram lesões cardíacas.

Segundo a reportagem, não há estatísticas atuais sobre lesões pulmonares devido à infecção pelo novo coronavírus. No entanto, a pneumatologista Saba Hamiduzzaman, do centro médico da Universidade de Loma Linda, considera que a Covid-19 é uma infecção viral que pode causar danos imediatos e, em alguns casos, até mesmo em longo prazo no tecido pulmonar.

O doutor Purvi Parwani, diretor da Clínica de Saúde do Coração da Mulher no Instituto Internacional do Coração da Universidade de Loma Linda, sugere que os pacientes com Covid-19 que apresentem sintomas leves ou moderados deem um intervalo de, no mínimo, duas semanas. Já no caso dos infectados que sofrem de outros problemas respiratórios crônicos, pode ser necessário um programa prévio de restauração pulmonar.

Outra informação de interesse público é a que foi compartilhada por Mark Reeves, diretor do centro de tratamento de câncer da mesma universidade. Segundo ele, depois de passar longos períodos em ambientes fechados por causa da quarentena os riscos da exposição ao sol são maiores.

“Quando alguém está abrigado em casa, sua pele não está mais acostumada ao sol. Quando sai pela primeira vez e permanece muito tempo fora, acaba ficando com uma queimadura intensa devido à intensa exposição ao sol. Eu já vi isso várias vezes, e esse tipo de exposição pode levar ao melanoma”, ele alertou. Por isso, a fim de evitar câncer de pele, o médico relembrou a importância do uso do filtro solar e de roupas adequadas, bem como de evitar exposições prolongadas nas horas do dia em que os raios solares são mais intensos (veja mais aqui).

MÁRCIO TONETTI é editor associado da Revista Adventista (Com informações de Ashley Stanton, Charlise Alves, Heather Jackson, Isabella Mendes, Jefferson Paradello, Libna Stevens, Nigel Coke, Rafael Brondani, Sheyla Paiva, Shounny Cruz, Tuxtla Gutiérrez, Uriel Castellanos, Vanessa Castro e Willian Vieira)

Última atualização em 13 de agosto de 2020 por Márcio Tonetti.