Democracia à deriva

2 minutos de leitura

O derretimento das liberdades individuais e coletivas é uma indicação da iminência do fim

Ruben Dargã Holdorf

Crédito da imagem: Adobe Stock

Em decorrência da influência norte-americana, diversos países abraçaram a democracia e passaram a desfrutar das benesses das liberdades. Diante desse quadro, emerge uma dúvida referente ao cumprimento da profecia. Sem a fragilização desse regime político, não existe nenhuma possibilidade da implantação de um sistema totalitário que imponha pela força os ideais das bestas de Apocalipse 13.

A Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos continua vigente: “O Congresso não fará nenhuma lei a respeito do estabelecimento de uma religião ou proibindo o livre exercício dela; ou cerceando a liberdade de expressão ou de imprensa; ou o direito do povo de se reunir pacificamente; e solicitar ao Governo a reparação de queixas” (The Constitution of the United States, p. 21). Por ocasião da promulgação de uma das mais importantes cartas magnas, em 17 de setembro de 1787, George Washington considerou o povo como o único guardião desse documento. O filósofo Tzvetan Todorov, em O Medo dos Bárbaros, percebia a democracia de um Estado liberal mais civilizada “que a tirania por garantir a mesma liberdade para todos” (2010, p. 34).

Especialmente a partir dos anos 2000, a democracia iniciou uma fase de decadência. Todorov já havia abordado em Os Inimigos Íntimos da Democracia sobre esse risco, recomendando que “se o equilíbrio for rompido […] o sinal de alarme deve ser desencadeado” (2012, p. 15).

Especialmente a partir dos anos 2000, a democracia iniciou uma fase de decadência

Justiça, educação e imprensa são instituições que sustentam o regime democrático. Mas elas estão se esfacelando. Quando se troca a honestidade, a segurança pública e os direitos humanos pelos interesses corruptos de quem recebe mais afagos, invertem-se os valores. O próprio apóstolo Paulo advertiu a respeito da “impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” (Rm 1:18). Quando se troca educação por ideologia político-partidária, pelo lucro desenfreado ou simplesmente sua importância é ignorada, a educação se torna irrelevante. O apóstolo indicou que muitos, mesmo “tendo o conhecimento de Deus, não O glorificaram”, tornando-se “nulos em seus próprios raciocínios” (Rm 1:21). O modo pelo qual a imprensa constrói, inventa, idealiza, cria, nutre e convoca seus públicos há uma década, conduz a sociedade a questionar o papel midiático, ­deslegitimando-o enquanto um dos baluartes da democracia.

Com isso, pode-se ter uma ideia de como os Estados Unidos se tornarão a “besta da terra” com toda força, participando ativamente das derradeiras cenas da história humana. A democracia está ficando cada vez mais frágil. Ellen White direciona o olhar para um cenário futuro de repúdio aos princípios constitucionais nos Estados Unidos, alertando para as mudanças legislativas, quando todos poderão “saber que é chegado o tempo das ações sobrenaturais” e “que o fim está próximo” (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 385 [451]).

Atualmente, diversas ações têm abalado a democracia, infelizmente, sob o ponto de vista humano da liberdade; mas, felizmente, sob o ponto de vista da iminente volta de Cristo.

RUBEN DARGàHOLDORF é jornalista e doutor em Comunicação e Semiótica

(Texto publicado na seção Enfim da Revista Adventista de junho/2023)

Última atualização em 19 de junho de 2023 por Márcio Tonetti.