Desbravadores sem fronteiras

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Na data em que se comemora o Dia Mundial do Desbravador, conheça a iniciativa de um clube de Goiânia que tem possibilitado que dezenas de juvenis conheçam outras culturas e a realidade da igreja em diversos países
participacao de clube de Goiânia em campori na Suíça
Delegação brasileira foi uma das maiores no campori de desbravadores da Divisão Intereuropeia. Foto: acervo do Clube Centauro

Em meio às bandeiras de vários países europeus, o estandarte brasileiro chamou a atenção dos participantes do campori de desbravadores da Divisão Intereuropeia realizado em Estavayer-le-Lac, no oeste da Suíça, nos dias 3 a 9 de agosto. A presença do Brasil em eventos desse tipo no continente Europeu tem sido mais frequente depois que o clube da Igreja Adventista Central de Goiânia (GO) criou um programa de incentivo para que os juvenis não só conheçam outras culturas, mas tenham uma noção mais ampla da denominação.

Foi a primeira vez que João Vitor Gomes, de 15 anos, fez uma viagem internacional e entrou em um avião. Nas palavras dele, foi uma experiência “surreal”, que ampliou seus horizontes. “Só de você conhecer pessoas de diferentes culturas já é algo incrível. Mas conhecer essa outra ‘cara’ da igreja foi mais impressionante ainda”, conta o adolescente. Tudo isso graças ao clube.

É a segunda vez que integrantes do clube Centauro cruzam o Atlântico para participar de um campori na Europa. Em julho do ano passado, 37 dos seus 80 componentes representaram o Brasil em Portugal. Neste ano, a delegação brasileira foi ainda maior. No total, 53 pessoas viajaram para a Suíça (33 deles eram juvenis com idades entre 10 e 15 anos).

Clube de Desbravadores Centauro na Suiça Basta fazer alguns cálculos para saber o tamanho do desafio financeiro que isso representa. Mas o que torna a iniciativa ainda mais surpreendente é o fato de que, ao contrário do que se possa imaginar, boa parte das crianças que fazem parte do Centauro vem de famílias pobres, conforme conta o diretor do clube, Daniel Martins de Oliveira. “Sabendo que 95 por cento das nossas crianças pertencem a famílias que vivem uma realidade econômica desafiadora, com um ano de antecedência comecei a entrar em contato com colegas e amigos, a fim de buscar patrocínio”, relata Oliveira.

No fim das contas, foram levantados 90 mil dólares. Com esse valor, foi possível cobrir as despesas da viagem de todo o grupo, possibilitando que crianças carentes realizassem um sonho até então impossível aos olhos da maioria delas.

Contudo, para conseguir fazer parte das viagens internacionais, os juvenis precisam cumprir alguns requisitos. Essa foi uma das formas que os líderes do projeto encontraram para incentivar o desenvolvimento das crianças na escola. “Nas viagens para Portugal e para a Suíça, o requisito era ter notas superior a oito. Para nossa surpresa, quase todos os desbravadores passaram a ter rendimento escolar acima da média estipulada”, conta o diretor do clube Centauro.
Segundo informa Daniel Oliveira, a partir deste ano a diretoria também passou a avaliar o comportamento deles em casa. Como os líderes já fazem planos de ir para um campori que acontecerá na Inglaterra em 2016, a garotada continua se esforçando para fazer a lição de casa.

A iniciativa tem agradado aos pais, que já sentem mudanças nas atitudes dos filhos, conforme atesta Felício Domingos Brandão, que tem três filhos participando das atividades do clube. “Esse incentivo é muito importante e já trouxe muita mudança positiva em casa e na escola. Eles estão mais dedicados e esforçados”, conta ele, que também teve a oportunidade de acompanhar os filhos nas duas viagens para a Europa.

Retorno certo

Evidentemente, colocar em prática um plano assim custa caro. Mas os líderes locais garantem que vale a pena o investimento. “Creio não haver investimento mais importante do que em pessoas. Para um desbravador, uma viagem como essa tem um valor grandioso em termos culturais e espirituais”, ressalta Oliveira.

De acordo com o pastor Denilson Franco, que lidera a Igreja Central de Goiânia, a proposta do programa é ajudar esses juvenis a enxergar a igreja de maneira mais ampla. “A ideia é não apenas cultural, o que já seria muito bom, mas principalmente ajudá-los a entender a realidade mundial da igreja”, reforça Franco.

Como consequência dessa imersão cultural, ele também acredita que futuros missionários possam surgir dentro do clube com o desejo de servir além-mar. [Márcio Tonetti, equipe RA / Com informações da Divisão Intereuropeia / Fotos: Divisão Intereuropeia e acervo do clube Centauro]

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.