Fadiga das telas

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Devo me preocupar com o excesso de videoconferências?

Peter Landless e Zeno L. Charles-Marcel
Foto: Getty Images

Um leitor perguntou: “Tenho trabalhado em casa devido à pandemia. Sou saudável, tenho 38 anos de idade, gosto do meu trabalho e participo de várias videoconferências. Ao fim do dia, sinto-me mais exausto e até mais isolado do que em um dia normal no escritório. Devo me preocupar?”

Aconteceram muitas mudanças durante a pandemia, afetando o modo de trabalhar, o culto, a socialização, a recreação e nosso bem-estar geral. Somos seres multidimensionais, incluindo vários aspectos: físico, mental, espiritual, emocional e relacional. O bloqueio e o distanciamento social aumentaram o isolamento e a solidão.

O distanciamento social, a lavagem das mãos, o uso de máscaras e viver um estilo de vida saudável são coisas essenciais para permanecer bem em tempos como estes. No entanto, o distanciamento social infelizmente tornou-se literal, até em nossos relacionamentos, o que intensificou a solidão. Manter contato com as pessoas nos ajuda a permanecer saudáveis, e aqueles com quem nos relacionamos também são beneficiados.

O trabalho on-line tem sido fundamental na resposta à pandemia de SARS-CoV-2. No distanciamento social, tornou-se necessário o uso de tecnologias para as reuniões, porque elas permitem vermos uns aos outros. Nossos dias são repletos de Zoom, Skype, StreamYard, Teams e outras ferramentas úteis. Passamos de uma conferência ou conversa on-line para a seguinte. Embora possamos silenciar o microfone e cortar a alimentação de vídeo, não fazemos pausas tão frequentes. Isso seria saudável tanto para nosso corpo como para a mente.

Nossa canseira e exaustão no fim de um dia de trabalho aumentam pelos seguintes fatores:

  • Os dias são preenchidos com mais reuniões, pois o tempo de deslocamento até o escritório é eliminado no trabalho por vídeo.
  • As pausas são menos gerenciáveis porque as reuniões não são agendadas de forma centralizada e muitas vezes saímos direto de uma reunião para outra.
  • Ficamos concentrados nas telas de nossos dispositivos por períodos mais longos, não apenas por gastar o tempo normal para escrever mensagens e responder aos e-mails, planejar e agendar eventos, mas também por causa da duração das reuniões e conversas.
  • O tempo prolongado em frente à tela pode aumentar a incidência de olhos secos. Isso pode ser mais comum nas faixas etárias mais maduras, mas não exclusivamente. O consumo de bastante água ajuda a prevenir esse problema.
  • No trabalho pela internet, sentimos falta dos componentes “auxiliares”, porém ricos, da comunicação face a face, como a linguagem corporal e a comunicação com os olhos (apenas um olhar ou uma olhada). Isso aumenta o estresse.
  • Estamos “distantes”, e a bioquímica da comunicação pode ser menos agradável com a diminuição da produção de dopamina e do hormônio oxitocina, que, segundo se acredita, facilita a sincronia/comunicação.

Toda pessoa deveria tomar a decisão intencional de se exercitar e se mover o equivalente a 250 passos a cada hora. Entre as reuniões, podemos fazer rápidas caminhadas dentro de casa ou no quintal. Precisamos nos hidratar bem para nos mantermos saudáveis (isso também garante caminhadas adicionais ao banheiro, passos extras e, às vezes, mais rápido). Precisamos ter equilíbrio na vida e no trabalho, atentando para o conselho de que devemos fazer tudo para a glória de Deus (1Co 10:31) – e para permanecermos saudáveis.

PETER LANDLESS é cardiologista e diretor do Ministério da Saúde da sede mundial adventista em Silver Spring, Maryland (EUA); ZENO CHARLES-MARCEL é clínico geral e diretor associado desse mesmo ministério

(Artigo publicado na edição de dezembro de 2020 da Revista Adventista / Adventist World)

Última atualização em 28 de dezembro de 2020 por Márcio Tonetti.