Por que o quarto mandamento é tão importante para os eventos finais?
Ángel Manuel Rodríguez

Permita-me compartilhar algumas reflexões sobre o papel fundamental do sábado no contexto do conflito cósmico. O quarto mandamento é o único que identifica Deus com base em duas de Suas obras: a criação (Êx 20:8, 11) e a redenção (Dt 5:15). Ambas, assim como o evangelho, são resultados da obra do Filho de Deus (Jo 1:1-3, 14; Rm 3:23, 24). A criação e a redenção constituem as duas manifestações mais grandiosas do amor divino conhecidas por nós.
A criação foi uma expressão da sabedoria e do amor divinos (Gn 1:31; Sl 19:1; 8:3-6; 1Jo 4:8, 16), enquanto a redenção é a demonstração mais sublime do amor abnegado de Deus (Jo 3:16; 10:17, 18). Ele nos deu o sábado para que nos lembremos de que é um Criador amoroso. Contudo, Satanás tenta silenciar o testemunho do sábado, que aponta para a criação, como o primeiro ato do amor divino, e para o evangelho, que revela o amor sacrificial de Cristo como nosso Redentor.
O sábado e o caráter de Deus
Como o Decálogo é uma expressão verbal do caráter de Deus, qualquer mudança na lei moral representa um ataque à integridade e à perfeição do caráter divino. Qualquer alteração na lei moral de Deus implicaria que tanto ela quanto seu Legislador são imperfeitos. Isso tornaria legal e moralmente justificável desobedecer a uma lei considerada imperfeita.
Ao transferir a observância do sábado para o domingo, Satanás pretendia desacreditar o caráter de Deus e reivindicar sua autoridade sobre a lei divina. Quando os seres humanos aceitam essa alteração e obedecem ao novo “mandamento”, reconhecem a autoridade do inimigo, submetendo-se a ele como o verdadeiro legislador.
Satanás se opõe ao sábado, mas, de forma paradoxal, oferece ao mundo um falso Dia do Senhor como sinal de lealdade a ele
O sábado e a adoração
Uma alteração no quarto mandamento resulta na adoração de um falso Deus. O Dia do Senhor é santo, permitindo aos seres humanos terem comunhão com o Criador e Redentor e adorá-Lo (Is 66:23). Satanás alterou o mandamento em que a lei e a adoração estão profundamente interligadas. Ao mudar o quarto mandamento, ele buscou desacreditar o caráter divino e se colocar como objeto de adoração.
A humanidade precisa ser constantemente lembrada de que o sábado é um sinal do poder criador de Deus e que Ele é o único que deve ser adorado. É necessário ouvir novamente a proclamação do evangelho da salvação pela fé em Cristo, que não contradiz a lei de Deus. A perpetuidade da lei deve ser anunciada como evidência da salvação pela fé, levando-nos a nos curvar diante do Criador e Redentor em sincera adoração.
O sábado como sinal de lealdade
A singularidade do sábado o estabelece como um sinal de lealdade a Deus. No idioma hebraico, o Decálogo contém 152 palavras (Êx 20:3-17) e, em seu centro, está a frase: “Mas o sétimo dia é o sábado de/para/pertencente a Yahweh”. Essa declaração tornou-se alvo de debates ao longo da história da observância do sábado.
A especificidade do “sétimo dia” causou desconforto no mundo cristão, sendo posteriormente removida sob o argumento de que o “sétimo dia” seria apenas um elemento ritual do quarto mandamento, sem relevância para os cristãos. No entanto, nas Escrituras, ele é apresentado como um sinal de lealdade a Deus (Êx 16:23-30). Satanás se opõe ao sábado, mas, de forma paradoxal, oferece ao mundo um falso Dia do Senhor como sinal de lealdade a ele (Ap 13:16).
ÁNGEL MANUEL RODRÍGUEZ, pastor, professor e teólogo aposentado, foi diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica
(Artigo publicado na seção “Boa Pergunta” da edição de janeiro/2025 da Revista Adventista / Adventist World)
VEJA TAMBÉM:
Última atualização em 28 de janeiro de 2025 por Márcio Tonetti.