A brutalidade do caos

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Num cenário de dor e desespero, mágoas ancestrais e estrondos de bombardeios, a única solução real ainda é desprezada por quase todos

Marcos De Benedicto

Foto: Adobe Stock

Sábado, 7 de outubro de 2023. Dia de adoração, descanso, paz e amor. Dia de celebrar a vida. Data de feriados judaicos. Mas, de repente, os mísseis começam a cortar o espaço. Destino: Israel. O emitente é o Hamas, grupo terrorista cujo nome significa “Movimento de Resistência Islâmica”.

Hamas é também uma palavra hebraica que aparece cerca de 60 vezes no Antigo Testamento. Quase sempre traduzida por “violência”, seu significado é mais amplo, incluindo atos violentos físicos e psicológicos, no contexto de pecado e injustiça contra Deus e o próximo. Quando a Terra se encheu de hamas (“violência”), Deus destruiu a população com o dilúvio (Gn 6:11, 13). Curiosamente, o Hamas chamou seu ataque de Operação Dilúvio Al-Aqsa. Sem jogo de palavras, hamas gera hamas, violência e destruição. A palavra hamas é usada também em Ezequiel 28:16 para dizer que o “querubim da guarda” (Lúcifer) se encheu de “violência”, o que deu origem à guerra cósmica.

A resposta de Israel veio pesada. E a guerra começou, quase na data exata dos 50 anos do início da Guerra do Yom Kippur, em 6 de outubro de 1973. O Hamas quer destruir Israel e Israel quer destruir o Hamas. No meio das atrocidades, desapareceu a distinção entre alvos militares e civis. De uma hora para outra, o mundo se tornou um lugar mais violento, inseguro e sombrio. Mais uma guerra para marcar 2023, com manchetes brutais, protestos ideológicos e muitas vítimas.

JESUS ENSINOU A AMAR SEM FRONTEIRAS, INSPIRANDO VALORES UNIVERSAIS QUE TRANSCENDEM CRENÇAS

Com seus horrores inomináveis, a guerra despoja a humanidade de sua essência mais nobre. É como um incêndio devorador que consome tudo em seu caminho, deixando apenas cinzas e um rastro de devastação. É como um terremoto violento, sacudindo as bases da civilização e destruindo corpos, sonhos e aspirações. É como um oceano de sangue, em que as ondas destruidoras afogam a compaixão e a humanidade. É como um eco incessante de lamentos que ressoam no tempo, expressando a dor e a aflição das vítimas. É como um labirinto obscuro e interminável de dor, em que as vítimas se perdem na angústia e na agonia, buscando uma saída que não existe. É como o relógio que parou no tempo, congelando a possibilidade de paz e harmonia…

No mesmo palco das atrocidades e do desespero, por entre pedras e areia quente, caminhou um Mestre que veio ensinar o segredo da paz. Nesse cenário de ódio ancestral, Ele encarnou e redefiniu o amor, que poderia pôr fim à guerra. O amor pregado por Jesus Cristo e o ódio que vemos em conflitos representam extremos opostos da natureza humana. O ódio alimenta um ciclo interminável de violência, ressentimento e vingança, gerando mais dor e divisão. O amor promove um ciclo de diálogo, respeito, perdão, reconciliação e paz, criando mais felicidade e união. Embora a tarefa seja quase impossível, a essência do ensinamento de Cristo, o Mestre do amor infinito, pode servir como um farol para guiar os esforços em direção a um entendimento mútuo e à construção de um futuro mais pacífico.

Oásis de compaixão, Jesus ensinou a amar sem fronteiras, inspirando valores universais que transcendem crenças. Afinal, conforme sonhou o profeta-poeta Isaías (60:18) em relação aos tempos do Messias, nunca mais se ouviria falar de “violência” (hamas) em sua terra, nem de destruição em seu território. Que um dia o sol da infinda bondade brilhe sobre uma Terra Santa sem guerra, e a humanidade aprenda, enfim, a viver em paz, celebrando a vitória do amor!

MARCOS DE BENEDICTO, pastor e doutor em Ministério, foi editor-chefe da CPB

(Artigo publicado na seção Enfim da Revista Adventista de dezembro/2023)

Última atualização em 1 de dezembro de 2023 por Márcio Tonetti.