A busca pela harmonia entre a ordem e os relacionamentos
Justin Kim

No livro The Culture Map (PublicAffairs, 2016), a autora Erin Meyer analisa oito diferenças culturais, com o objetivo de ajudar a entender e navegar no mundo das empresas multinacionais. Para cada uma dessas diferenças, foi apresentado um eixo que ilustra a diversidade cultural ao redor do mundo e seu impacto nos ambientes de trabalho multiculturais.
Uma das oito áreas abordadas trata de agendamento e a noção de tempo. Em algumas culturas, o tempo é considerado linear, e essas culturas são muito intencionais em sua relação com o tempo. Elas valorizam o cumprimento de compromissos, cronogramas, prazos e sequências. Nesses contextos, a ênfase está na pontualidade, organização e preparação, sendo o atraso considerado um pecado cultural.
Por outro lado, existem culturas que adotam um conceito mais flexível de tempo. Nesses casos, a ênfase está na fluidez, dinamicidade e adaptabilidade às oportunidades que surgem. A multitarefa é incentivada, e as interrupções nos planos são vistas como aceitáveis. A rigidez ilógica é considerada seu pecado cultural. Assim, enquanto uma cultura valoriza o preparo como seu maior bem, a outra valoriza a flexibilidade. Em nome da pontualidade, uma coloca os relacionamentos, as nuances, as qualidades sociais e o protocolo interpessoal em segundo plano, enquanto a outra prioriza a interação humana, relegando a ordem, as metas, os arranjos e a precisão a um papel secundário.
Você consegue imaginar a relação de trabalho entre indivíduos com valores culturais tão diferentes? Uma das culturas seria criticada como preguiçosa ou desleixada, enquanto a outra seria vista como fria e mecânica.
Além dessa complexidade, cada cultura apresenta versões dessas faixas dentro de si. As regiões mais desenvolvidas e as áreas urbanas tendem a valorizar a produtividade, os resultados, a eficiência, a análise e a diligência, enquanto as regiões em desenvolvimento, com influência rural, costumam enfatizar as conexões, a lealdade, o relacionamento e a conduta.
Qual deve ser a cultura do movimento adventista? Devemos nos elevar acima das limitações culturais, pois somos chamados a honrar ambos os aspectos. Somos chamados à pontualidade, pois nossa herança profética nos orienta a estar preparados, atentos, esperando, cientes dos tempos e diligentes enquanto aguardamos. Ao mesmo tempo, somos igualmente chamados à bondade, paciência e integridade, compreendendo o valor que Cristo atribui às pessoas, especialmente quando, aos pés da cruz, O vemos crucificado pela humanidade.
Vemos isso na ordem apresentada por Jesus: buscar primeiro o reino de Deus e Sua justiça. Ele nos pede que Suas prioridades estejam em primeiro lugar, assumindo que estejamos atentos ao tempo, à ordem e ao valor. Mas Ele também nos chama ao Seu reino, composto por pessoas, e à Sua justiça, que reflete o caráter justo, santo e amoroso de Deus. Independentemente das diferenças culturais, que nossos olhos estejam voltados para o reino celestial, considerando a urgência do momento oportuno e nossa responsabilidade de refletir o amor divino às pessoas ao redor.
JUSTIN KIM é editor-chefe da Adventist World
(Artigo publicado na edição de janeiro/2025 da Revista Adventista / Adventist World)
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Última atualização em 28 de janeiro de 2025 por Márcio Tonetti.