Boa notícia para pessoas que pecaram e precisam da misericórdia divina

O Brasil está vivendo uma fase de grande crise ética. Revelações de corrupção surgem todos os dias. Diante dos escândalos, ficamos imaginando como a situação chegou a esse ponto. Porém, o mais estarrecedor é que, no plano espiritual, todo nós somos culpados.
A Bíblia apresenta, em sua antropologia, a condição do homem após a queda: “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23). Envolvido na Lava-Jato ou não, a condição real do homem é a de condenado à morte. Absolutamente todos são pecadores.
O apóstolo Paulo completa a descrição dizendo que “o salário do pecado é a morte” (Rm 6:23). É interessante essa correlação. Quando você trabalha o mês inteiro e recebe o salário, não fica pensando que seu chefe lhe fez um tremendo favor depositando o dinheiro em sua conta. Afinal, o salário não é um favor que a empresa lhe concede; você merece o salário porque trabalhou para isso. É assim também em relação ao ser humano quando se trata da morte. Ela é nada mais e nada menos do que o que merecemos.
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O salmista, reconhecendo a terrível situação da humanidade, escreveu: “Se Tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá? Mas contigo está o perdão, para que sejas temido” (Sl 130:3, 4). Se Deus fosse considerar cada um dos nossos pecados e levá-los em conta para a salvação, ninguém herdaria a vida eterna.
O tamanho da dívida que cada ser humano tem com o Céu foi ilustrado na parábola do credor incompassivo (Mt 18:23-35). O total de “dez mil talentos” (v. 24), que representava mais de 160 mil anos de salário de um trabalhador comum,
foi mencionado para demonstrar que nossa dívida com Deus é impagável.
Misericordiosamente, Deus se mostra disposto a perdoar. Mas, para que o perdão seja efetivo, alguns passos são necessários:
1. Confiar na graça. Nada do que recebemos do Céu está fundamentado em nosso merecimento. O perdão é uma expressão da graça maravilhosa de Deus (Mq 7:18, 19; Rm 5:20).
2. Confessar. Deus não perdoa quem não reconhece sua necessidade de perdão (2Cr 7:14; 1Jo 1:9).
3. Perdoar. Por alguma razão, Deus deixou seu perdão para conosco vinculado ao perdão que estendemos aos outros (Mt 6:14, 15), o que coloca uma tremenda responsabilidade sobre nós.
4. Abandonar o pecado. O perdão de Deus não é uma autorização para pecar (Rm 6:1, 2).
Não há dúvida de que nosso Pai celestial está sempre disposto a nos perdoar. Isso depende mais de nós do que dele. Se nos arrependermos e confessarmos sinceramente, o perdão será imediato. Porém, isso nem sempre ocorre, como ilustra a história de um condenado à morte no velho oeste dos Estados Unidos por ter se envolvido numa briga de bar e matado um rival.
O homem estava no corredor da morte, esperando o dia da execução. A população da cidade resolveu pedir ao governador do estado para perdoá-lo. Depois de analisar o caso, o governador decidiu conceder o perdão, mas queria conhecê-lo antes. Colocou a carta de perdão dentro de uma Bíblia, disfarçou-se de pastor e foi à prisão. Quando chegou à cela, foi mal recebido e veementemente rejeitado. Mesmo assim, insistiu. Contudo, o condenado não o recebeu. Quando o governador foi embora, o carcereiro falou ao preso o que ele havia perdido.
No dia da execução, o condenado pediu permissão para pronunciar suas últimas palavras e disse: “Não estou morrendo porque matei um homem. Estou morrendo porque rejeitei o perdão.” É assim também em relação ao reino de Deus. Ninguém se perderá porque pecou, mas sim porque rejeitou o perdão.
Às vezes, temos a tendência de pensar que esse perdão seja de graça. Engano! O perdão é de graça para nós. Mas alguém pagou o preço. Um alto preço. Resta-nos aceitá-lo.
FELIPPE AMORIM, pós-graduado em Docência Universitária, é pastor do Iaesc, em Araquari (SC)
(Artigo publicado originalmente na edição de abril de 2017)
Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.