Ajuda que vem do espaço

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Pesquisa do Hospital Adventista na Flórida envia células para estação espacial a fim de testar o efeito da microgravidade na musculatura humana
Equipe da Adventist Review
O foguete Antares decolou com a nave Cygnus da base da NASA, na Virgínia (EUA). Foto: NASA / Joel Kowsky

Células musculares dos participantes de um estudo do Instituto de Pesquisa Translacional para Metabolismo e Diabetes (TRI, em inglês) do Hospital Flórida foram enviadas à Estação Espacial Internacional em meados de novembro último. A experiência procura examinar o efeito de um ambiente sem peso (microgravidade) na saúde muscular.

“Sabemos que a microgravidade tem efeitos bastante prejudiciais para o músculo esquelético. Após longa permanência no espaço, os astronautas costumam voltar para a Terra bastante debilitados, ficando muitas vezes limitados a uma cadeira de rodas até que seus músculos se recuperem”, explica Paul Coen, pesquisador no TRI.

O TRI é parte da rede de institutos clínicos do Hospital Flórida, que procura aproximar ainda mais as pesquisas dos laboratórios das necessidades dos pacientes. Para tanto, pesquisadores e profissionais da saúde trabalham juntos em testes clínicos, a fim de combater problemas comuns, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.

As descobertas desse experimento no espaço podem ajudar a tratar a perda muscular por causa da idade (sarcopenia). As amostras das células foram colhidas de oito participantes de um estudo recente sobre envelhecimento e perda muscular,
patrocinado pelo Instituto Nacional de Envelhecimento dos Estados Unidos. As amostras foram enviadas a bordo da nave Cygnus, a partir da base da NASA na Virgínia, no foguete Antares, produzido pela Northrop Grumman.

As células entraram em órbita em um “chip laboratório” desenvolvido em parte por Siobhan Malany, cientista do Instituto de Descoberta Médica Sanford Burnham Prebys e presidente do Micro-gRx. Visto que as células têm vida curta, os pesquisadores tiveram apenas um pequeno espaço de tempo para estudar os efeitos da ausência de peso. “Por isso, depois de serem expostas por sete dias à microgravidade, as amostras foram congeladas e guardadas até serem trazidas de volta para a Terra na cápsula SpaceX Dragon, que cairá no meio do oceano”, disse Siobhan Malany.

A equipe estudará as mudanças de expressão genéticas das células enviadas ao espaço que serão comparadas com células que permaneceram na Terra. Cada chip é um pouco menor do que um cartão de visitas. Restrito a uma caixa de 30 x 10 cm, o pequeno laboratório inclui placas, eletrônicos, bombas, fluidos e um microscópio pequeno, que está sendo utilizado para registrar imagens ao longo de toda a expedição.

Inaugurado em 1908, o Hospital Flórida é uma instituição de saúde com base religiosa, cujo objetivo é oferecer cuidados pessoais abrangentes. É um dos maiores hospitais sem fins lucrativos dos Estados Unidos, que atende 2 milhões de pessoas por ano. O Hospital Flórida integra uma rede de 50 hospitais e centenas de clínicas espalhados por onze estados norte-americanos: o sistema de saúde da Igreja Adventista, que mudou a marca para AdventHealth em 2019.

(Matéria publicada originalmente na edição de fevereiro de 2019 da Revista Adventista / Adventist World)

Última atualização em 8 de fevereiro de 2019 por Márcio Tonetti.