Em um mundo agitado, o descanso sabático é uma bênção que não devemos subestimar
No Japão, país em que nasci, é alarmante o número de mortes relacionadas às longas jornadas de trabalho. O problema é tão grande que existe até um termo para descrevê-las: “karoshi”. Estima-se que, em 2015, questões relacionadas ao excesso de atividades tenham contribuído para mais de 2 mil suicídios no Japão.
Em 2016, chamou a atenção o caso de uma funcionária de 24 anos da principal agência de publicidade do país que decidiu pôr fim à própria vida. Matsuri Takahashi chegava a fazer 105 horas extras por mês (muito mais do que as 70 permitidas). Recém-formada na prestigiosa Universidade de Tóquio, ela tinha jornadas diárias de até 20 horas e não teve nenhum dia de folga em um período de sete meses (leia mais sobre o caso aqui).
Depois da decisão do Ministério do Trabalho de processar a empresa pela morte da jovem, o governo japonês aprovou um pacote de medidas visando a prevenção de casos assim. Em um esforço para promover “uma cultura de trabalho mais saudável”, as autoridades japonesas instituíram o que foi chamado de campanha “Premium Friday” (Sexta-feira Premium), incentivando as empresas a permitir que seus funcionários saíssem mais cedo na última sexta-feira de cada mês. Pelo menos foi um começo.
A verdade é que não podemos apontar o dedo para os japoneses. Nossa cultura aplaude e parece conceder seus maiores troféus aos que buscam o sucesso a qualquer custo.
Será que precisamos apenas de uma “sexta-feira premium”? Na realidade, necessitamos mais do que isso. Precisamos do sábado semanal. Jesus, o Senhor do sábado, disse: “Venham a Mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e Eu lhes darei descanso” (Mt 11:28). Em Êxodo 20:11 também lemos: “Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a Terra […] mas no sétimo dia descansou” (NVI). O Criador inseriu em nosso DNA a necessidade universal de descobrir por meio do relacionamento com Ele nosso descanso mais profundo e satisfatório: o descanso físico, emocional, mental, social e espiritual.
Marva Dawn está certa ao afirmar: “Em uma época que perdeu sua alma, a guarda do sábado oferece a possibilidade de recuperá-la. Em uma era que procura desesperadamente por significado, a guarda do sábado oferece uma nova esperança” (A Touch of Heaven: Finding New Meaning in Sabbath Rest, p.22).
Mas, como Wayne Muller explica, o sábado significa mais que simples ausência do trabalho. “Não se trata apenas do dia de folga, quando nos deixamos absorver pela televisão ou pelas tarefas de que não conseguimos nos desincumbir durante a semana. Trata-se da presença de algo que surge quando empenhamos o tempo para ouvir o que é mais profundamente belo, revigorante e verdadeiro. É o tempo consagrado com a nossa atenção e a nossa consciência, quando respeitamos aquelas forças silenciosas da graça ou do espírito que nos sustentam e curam”, ele afirmou no livro Sabbath: Para Encontrar Repouso, Rejuvenescimento e Prazer (p. 20).
O sábado do sétimo dia é um presente de Deus e oferece a esta civilização exausta um descanso sabático para o resto de nossa vida. Você aceita?
DWIGHT NELSON é pastor da Igreja Adventista da Universidade Andrews (EUA)
Última atualização em 18 de outubro de 2018 por Márcio Tonetti.