O reencontro de um jovem com o livro que marcou sua infância
Rebbeca Ricarte
A infância de Welton da Silva Lins foi marcada pelas atividades da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ele frequentava a Escola Sabatina, participava dos cultos e era ativo no Clube de Desbravadores. Aos 13 anos, decidiu ser batizado. Durante a década de 1990, um livro sempre ocupava um lugar na estante de sua casa: O Grande Conflito, em edição brochura com capa vermelha. “Não tinha vontade de pegar e ler, mas lembro muito bem desse livro e de meu pai falando sobre como gostava dele”, recorda.
Durante a adolescência, Welton deixou de frequentar a igreja. Ao ingressar na graduação em Engenharia Química na Universidade Federal de Alagoas, afastou-se ainda mais das questões religiosas. Nessa época, começou a tocar guitarra e adotou o heavy metal como seu estilo musical preferido.
RECALCULANDO A ROTA
Em 2021, Welton casou-se com Allana Silva. No fim da pandemia da Covid-19, o engenheiro, agora casado e com uma filha recém-nascida, ficou desempregado e sem perspectivas de exercer sua profissão. Precisando de recursos, decidiu financiar um carro para trabalhar como motorista de aplicativo. No primeiro dia de trabalho autônomo, estava nervoso e angustiado. Quando o aplicativo sinalizou a primeira corrida, uma senhora de meiaidade entrou no carro e o cumprimentou cordialmente. “Só pelo jeito que ela falou comigo, eu senti que aquela mulher era adventista do sétimo dia.”
Durante o percurso, conversaram sobre vários assuntos. A senhora, que de fato era adventista, recomendou programas da TV Novo Tempo no YouTube. Ao chegar ao destino, sem saber que o motorista era um ex-membro da igreja, ela lhe entregou um cartãozinho com mensagens que falaram ao seu coração.
JORNADA TRANSFORMADORA
Pouco tempo depois, Welton recebeu a visita de seu pai, que trouxe dez exemplares do livro O Grande Conflito na versão distribuída pelo Impacto Esperança. “Meu pai adquiriu aquelas unidades e passou na minha casa para me dar uma”, conta. Ao ver a capa mais atraente, o engenheiro se lembrou do livro que ficava na estante dos pais quando ele era criança. “Mas, diferente de 25 anos atrás, agora eu queria muito ler aquele livro. E, quando comecei, não consegui parar.”
Em menos de uma semana, ele concluiu a leitura. “Era instigante, e um capítulo me puxava para o próximo. O tema do sábado e da lei de Deus foi muito impactante para mim. Nada havia sido abolido. Mas havia um povo remanescente fiel. Peguei a Bíblia e fui lendo junto com o livro, confirmando tudo. Sentia que cresci aprendendo aquilo. Como tinha esquecido?”
A leitura transformou Welton. Ele, sua esposa e sua filha começaram a frequentar os cultos regularmente. “Fizemos um estudo bíblico mais direcionado e, em dois meses, fomos batizados!”, conta com alegria.
NOVOS DESTINOS
Deus não só redirecionou a rota espiritual de Welton, como também o conduziu por novos horizontes profissionais. Poucos dias após seu batismo, o engenheiro recebeu um convite para atuar em uma usina no Mato Grosso. “Todos ali trabalhavam de segunda a sábado. Mas, quando cheguei, vi que minha carga horária era de domingo a sexta-feira. Minha única folga era no sábado. Não tenho dúvidas de que foi Deus quem cuidou de tudo.”
Atualmente, Welton, com 33 anos, conseguiu retornar para Maceió e trabalha no laboratório de controle de qualidade de uma grande indústria. “Trabalho na minha área, tenho toda a minha família na igreja, e até meu gosto musical mudou”, conclui.
REBBECA RICARTE é jornalista
(Testemunho publicado na Revista Adventista de novembro/2024)
Última atualização em 29 de novembro de 2024 por Márcio Tonetti.