Como a igreja respondeu ao segundo maior incêndio da capital amazonense
Priscila Baracho
Localizado na zona sul da capital amazonense, o bairro Educandos é um dos mais antigos da cidade. De acordo com dados do último censo do IBGE, mais de 15 mil pessoas vivem na comunidade que, à semelhança de outros bairros de grandes centros urbanos, cresceu sem a estrutura necessária para abrigar seus moradores.
Na noite do dia 17 de dezembro de 2018, o bairro localizado às margens do rio Negro teve sua história marcada por um incêndio. Era cerca de 20 horas quando tudo começou. Suelen Nunes estava em casa com o esposo, as duas filhas, o irmão e a mãe. Quando ouviram os vizinhos gritando, perceberam que algo grave estava acontecendo. Em poucos minutos, as chamas consumiram a casa e tudo que a família tinha levado anos para adquirir.
A história também se repetiu com Diana, outra moradora. Ela residia com mais seis familiares no lugar precário em que, a cada cheia do rio Negro, era preciso andar por meio de pontes de palafitas, para acessar as ruas convencionais. Ao contrário de Suelen, Diana ainda conseguiu resgatar uma bolsinha com os documentos e alguns poucos utensílios domésticos.
O incêndio que devastou a comunidade é considerado o segundo maior registrado na cidade, de acordo com a Defesa Civil do estado do Amazonas. Cerca de 600 famílias ficaram desabrigadas. Diante da situação caótica dos moradores, os membros das igrejas adventistas locais que já estavam envolvidos no programa Mutirão de Natal também se mobilizaram para ajudar quem precisava se reerguer das cinzas. Os templos abriram suas portas para arrecadar água potável, alimentos, roupas e itens de higiene pessoal. A regional da ADRA Brasil no Amazonas também se envolveu para prestar a ajuda necessária. O líder da agência humanitária na região, Bradley Mills, visitou o local para ver de perto a realidade e estudar um plano de ação junto ao município. A ADRA cadastrou as famílias mais afetadas pela tragédia e cada uma recebeu um cartão com créditos para comprar utensílios domésticos e outros artigos de primeira necessidade. Mais de 200 famílias foram beneficiadas diretamente com essa ação.
Os voluntários adventistas passaram dias preparando kits de higiene, separando roupas e montando cestas básicas. Tudo para amenizar a dor e angústia de quem perdeu o pouco que possuía. Magda Santos, militar da aeronáutica, foi uma das pessoas que participaram dessa força-tarefa em favor das vítimas do incêndio. “Fiquei feliz por poder ajudar no momento em que essas pessoas mais precisaram de ajuda”, sublinha.
“Em um momento de dor como esse, a única maneira de ajudar a aliviar o sofrimento das vítimas é encontrar pessoas que se preocupem e ajudem os afetados”, destacou o pastor Sérgio Alan, líder da igreja para as regiões norte e centro-oeste do Amazonas. Até agora, mais de mil peças de roupas já foram arrecadadas, além de itens como toalhas de banho, jogos de lençóis, alimentos não perecíveis e itens de higiene pessoal.
PRISCILA BARACHO é jornalista e atua como assessora de comunicação da Igreja Adventista para a região central do Amazonas
(Texto publicado na edição de janeiro de 2019 da Revista Adventista)
Última atualização em 13 de janeiro de 2019 por Márcio Tonetti.