Brasileiros dedicam período para ações sociais e evangelísticas no arquipélago de São Tomé e Príncipe. Num dos menores países africanos, 62% da população é de baixa renda e poucos têm acesso à Bíblia
Jenny Vieira
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem crescido o número de jovens que escolhem permanecer na casa dos pais por mais tempo. A chamada “geração canguru” já envolve um em cada quatro brasileiros na faixa dos 25 aos 34 anos. A decisão de viver com a família está relacionada a diferentes fatores, incluindo aspectos financeiros (desemprego, custo habitacional), bem como questões psicológicas (comodismo), educacionais (dedicação exclusiva aos estudos) e sociodemográficas.
Na contramão dessa tendência, um grupo de jovens tem se destacado pela coragem de sair cedo de casa em busca de uma experiência diferente: o voluntariado. Em 2017, mais de 800 jovens sul-americanos foram selecionados para participar do projeto One Year in Mission (Um Ano em Missão). A brasiliense Ana Claudia Rodrigues, de 23 anos, fez parte desse grupo. Ela foi chamada para liderar uma equipe de nove voluntários da região Centro-Oeste do Brasil no arquipélago de São Tomé e Príncipe.
Localizada a 350 quilômetros da costa oeste da África, no Golfo da Guiné, a República de São Tomé e Príncipe é conhecida como o segundo menor país do continente. O território de 1001 km², no meio do Oceano Atlântico, comporta aproximadamente 200 mil habitantes, sendo 62% deles de baixa renda, segundo dados do Banco Mundial.
Durante os meses em que o grupo de brasileiros permaneceu no arquipélago, diversas mudanças aconteceram. Além de atender membros da igreja, a equipe do Um Ano em Missão promoveu em algumas comunidades projetos sociais e de evangelização, como feiras de saúde, corridas para incentivar a prática de exercícios físicos e a realização de estudos bíblicos. Como resultado do trabalho dos voluntários, 56 pessoas foram batizadas na Igreja Adventista. “Em São Tomé e Príncipe há pessoas que nunca viram uma Bíblia. No Brasil, temos tantos exemplares disponíveis, mas nem sempre valorizamos essa facilidade de acesso às Escrituras”, conta Elisabeth Gonçalves, de 32 anos, uma das voluntárias.
Segundo o pastor Fernando Lopes, líder da Igreja Adventista no país, uma das maiores necessidades locais é a de recursos financeiros. “Não temos valores suficientes para aumentar as igrejas e construir novas congregações. Por isso, o trabalho dos voluntários é de extrema importância”, explica.
A equipe de missionários também organizou bazares beneficentes para a arrecadação de recursos e construção de novas igrejas.
Dentre os muitos resultados gerados pelo trabalho dos jovens que decidem dedicar um ano à missão, seja dentro ou fora do país, os mais significativos podem ser vistos na vida deles mesmos. “Eles voltam para casa com uma bagagem diferente: uma vida transformada pelas experiências vividas no campo missionário”, afirma Joni Oliveira, líder do projeto na região Centro-Oeste do Brasil.
JENNY VIEIRA é assessora de comunicação da sede administrativa da Igreja Adventista para a região Centro-Oeste do Brasil
(Publicada na edição de fevereiro de 2018 da Revista Adventista)
Última atualização em 19 de fevereiro de 2018 por Márcio Tonetti.