Uma reflexão cristã sobre a degradação ambiental
Peter N. Landless e Zeno L. Charles-Marcel

Em 2002, a Igreja Adventista, por meio do Ministério da Saúde da Associação Geral, lançou um material intitulado Celebrations que trata dos oito remédios da natureza e inclui um capítulo sobre a importância do meio ambiente, especificamente em relação à contaminação causada pela decomposição do plástico. Essa decomposição gera microplásticos, aditivos tóxicos e subprodutos prejudiciais que representam riscos ao se infiltrarem em ecossistemas, cadeias alimentares e suprimentos de água.
Microplásticos, pequenas partículas de plástico com menos de 5 mm de diâmetro, foram detectados em oceanos, rios, solo e no ar. Os seres humanos são expostos a eles por meio de água e alimentos contaminados, além da inalação. Estudos sugerem que essas partículas podem causar inflamação, estresse oxidativo e danos ao material genético das células, fatores associados ao câncer, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas. Além disso, os microplásticos têm a capacidade de absorver e concentrar produtos químicos tóxicos, como poluentes orgânicos persistentes e metais pesados, o que aumenta os efeitos nocivos quando ingeridos.
Os plásticos contêm aditivos como plastificantes, retardadores de chama e estabilizadores. Com o tempo, esses aditivos podem ser liberados, especialmente quando expostos ao calor, à luz solar ou ao estresse mecânico. Alguns desses compostos são conhecidos desreguladores endócrinos, interferindo na função hormonal, causando problemas reprodutivos, distúrbios de desenvolvimento em crianças e aumentando o risco de câncer, enquanto outros aditivos estão associados a disfunções da tireoide, déficits de desenvolvimento neurológico e respostas imunológicas deficientes. Além disso, a ingestão e a inalação de subprodutos da decomposição do plástico contribuem para a toxicidade sistêmica, incluindo danos aos rins, fígado, problemas respiratórios e distúrbios no sistema endócrino.
Os problemas ambientais causados pelo plástico representam uma ameaça crescente à saúde
Plásticos e seus subprodutos podem se acumular em organismos vivos e aumentar a concentração na cadeia alimentar. Peixes e crustáceos frequentemente ingerem microplásticos, confundindo-os com alimentos, e os seres humanos que consomem itens marinhos contaminados correm o risco de ingerir toxinas acumuladas. Essa bioacumulação tende a levar a concentrações mais altas de substâncias tóxicas nos tecidos humanos, resultando em problemas crônicos de saúde, como imunotoxicidade, infertilidade e distúrbios metabólicos.
A poluição plástica também foi detectada em fontes de água potável em todo o mundo. Microplásticos e produtos químicos associados podem infiltrar-se nos suprimentos de água por meio de escoamento de superfície, descarga de esgoto e deposição atmosférica. Esses contaminantes representam um risco direto à saúde, especialmente em regiões que não dispõem de instalações avançadas de tratamento de água.
Em todo o mundo, os problemas ambientais causados pelo plástico representam uma ameaça crescente à saúde humana, e nós precisamos cuidar dessa realidade. Fomos designados como administradores da Terra e de seus recursos, que sustentam a vida.
Não podemos esquecer que a Bíblia afirma que a ira do Senhor destruirá os que destroem a Terra (Ap 11:18). Portanto, temos o dever de educar nossas comunidades, reciclar e nos esforçar para garantir recursos hídricos seguros, sempre compartilhando o amor de Jesus, a verdadeira Água da vida!
PETER N. LANDLESS é cardiologista e diretor do Ministério da Saúde da sede mundial da Igreja Adventista, em Silver Spring (EUA); ZENO L. CHARLES-MARCEL é clínico geral e diretor associado desse ministério
(Artigo publicado na seção “Bem-Estar” da Revista Adventista / Adventist World de outubro/2024)
Última atualização em 17 de outubro de 2024 por Márcio Tonetti.