As taxas de divórcio e de lares monoparentais entre os adventistas não são muito diferentes da sociedade em geral
O dia 15 de maio é importante. É a data em que a comunidade global lembra da célula básica da sociedade. Definido pela Organização das Nações Unidas (ONU), o tema anual para a celebração do Dia Internacional da Família, que ocorre há 25 anos, trata de questões como educação, bem-estar e inclusão. No entanto, apesar desses esforços, tenho visto que não têm caído as taxas de divórcio, famílias monoparentais e violência doméstica.
Como comunidade religiosa temos falado por meio da campanha Quebrando o Silêncio em favor dos que sofrem diversos tipos de abusos. Porém, não podemos enxergar esse projeto apenas como um slogan ou programa, mas uma atitude de protesto e participação em face da dor alheia. Na verdade, essa é uma forma de ecoar a voz profética de Deus registrada por autores do Antigo Testamento, como Isaías e Amós, os quais falaram em favor dos órfãos, das viúvas, dos estrangeiros e pobres.
Tenho orgulho do programa Quebrando o Silêncio, mas me preocupo com as famílias adventistas. Nossas taxas de divórcio e de lares monoparentais não são muito diferentes da sociedade em geral. Esses problemas não são apenas de nossos vizinhos. Em 2017, o departamento de Arquivos, Estatísticas e Pesquisa da sede mundial da igreja publicou alguns resultados, um estudo importante realizado em 2013 no território de nove Divisões da igreja. Das quase 25 mil pessoas entrevistadas, 17% declararam nunca fazer o culto familiar; 12% se reúnem para adorar a Deus em casa menos de uma vez por mês e outros 14% o fazem uma vez por semana. No total, 43% dos entrevistados disseram que quase não têm contato com a Bíblia em família. Os números sugerem que esse não seja um fenômeno regional, mas global.
Lembro-me de que, por causa das ocupações da vida, às vezes eu não conseguia chegar em casa antes que minhas três filhas fossem para a cama. Agradeço minha esposa por “manter a tocha” nesses momentos em nosso lar. Duas vezes ao dia nos reuníamos para passar tempo com Jesus em família. Não sou estatístico, e não sei se existe uma relação direta entre a irregularidade na realização do culto familiar e o risco de perda da próxima geração de adventistas. Contudo, como pastor e educador, sei que o tempo investido individual e coletivamente com a Palavra viva de Deus sempre traz restauração e nos aproxima do Pai e uns dos outros.
O culto familiar requer compromisso e criatividade. E precisa ser apropriado à idade dos nossos filhos. Não é um substituto para as conversas honestas nem o momento de “ganhar” uma discussão. É a hora de convidar o Espírito Santo a Se sentir em casa: em nosso coração, em nossos relacionamentos e no lar. Penso que o dia 15 de maio pode ser uma grande oportunidade de começar ou recomeçar a prática do culto familiar, fazendo desse momento uma bênção para nós e os outros.
GERALD KLINGBEIL é editor associado da revista Adventist World
(Artigo publicado na edição de maio de 2018 da Revista Adventista/Adventist World)
Última atualização em 27 de maio de 2019 por Márcio Tonetti.