Voluntários ajudam a devolver a visão a milhares de indianos que sofrem de catarata
Marcos Paseggi

Segundo a mídia local, as tardes de junho costumam ser as mais quentes do ano em Calcutá, na Índia. Isso porque a estação de chuvas ocorre somente no fim do ano.
Localizada numa região central, a poucos quarteirões do centro memorial em que Madre Teresa de Calcutá está sepultada, funciona uma clínica de saúde temporária e comunitária onde não há descanso. Nessas oportunidades, o Colégio Adventista de Calcutá, na Park Street, se transforma numa verdadeira “colmeia” humana. Quando chegam, as pessoas têm olhares ansiosos e esperançosos; ao saírem, rostos agradecidos e aliviados.
No interior da escola, após passar pela recepção, onde cada pessoa é registrada, pessoas de todas as idades esperam pacientemente em filas para conseguir uma consulta médica ou odontológica gratuita. Cada escritório e sala de aula são adaptados como consultórios de várias especialidades de saúde disponíveis.
Unidos por uma necessidade comum, as diferenças desaparecem. Hindus, muçulmanos e cristãos procuram a mesma coisa: saúde e bem-
estar. À medida que a noite se aproxima, o sol desaparece atrás das lojas de luxo e das bananeiras que revestem a Park Street.
No entanto, a falta de vento parece tornar o ar ainda mais pegajoso e sufocante. Ali, somente o ar-condicionado da Igreja Adventista proporciona algum alívio aos voluntários da clínica de saúde, líderes da igreja e visitantes.
Entre eles, um grupo se destaca. De óculos escuros, eles estão sentados nos bancos, imóveis e em completo silêncio. A maioria faz parte dos 260 vizinhos que passaram por uma cirurgia de catarata havia poucos dias. A proteção nos olhos se deve ao fato de que precisam se acostumar novamente à luminosidade.
Em junho, o pastor Ted Wilson, presidente da sede mundial da denominação, esteve em Calcutá e falou para o grupo. “Hoje você está ganhando uma nova vida, um novo começo, e eu estarei orando para que você possa começar a cuidar de sua vida física e espiritual”, disse o líder.
“Uma abordagem abrangente de saúde é a chave para alcançar o coração das pessoas”, garantiu Jacob Prabhakar, líder do ministério de apoio Olhos para a Índia (eyesforindia.org.au). “Louvamos a Deus por essa iniciativa que uniu voluntários de todos os hospitais para um objetivo comum”, completou.
Prabhakar, que é adventista, é um cirurgião oftalmológico de renome mundial que dirige clínicas de triagem de olhos nas comunidades rurais em toda a Índia. Na sua opinião, essas iniciativas são sinais de uma tendência que está apenas começando. “Isso é apenas o começo do que podemos fazer em nome do povo. Devemos repetir esse processo em muitas cidades indianas”, sugere ele com esperança.
Prabhakar nasceu numa pequena vila na costa leste indiana e se define como “um simples servo que está servindo pessoas”. Em parceria com o Ruby Nelson Memorial Hospital, instituição adventista na qual trabalha, ele já operou até 300 pessoas num mesmo dia.
Os líderes adventistas locais pretendem replicar a expe-
riência de Calcutá. Estima-se que, por ano, milhões de indianos tenham sua visão comprometida por não receberem tratamento médico adequado para a catarata. “Deus abençoa todos os esforços que fazemos por Ele, mesmo quando a tarefa é enorme. Servir dessa maneira pode impressionar as pessoas e ajudá-las a ver que o Senhor tem reservado algo ainda maior para elas”, incentivou o pastor Ted Wilson.
MARCOS PASEGGI é editor de notícias da revista Adventist World
(Matéria publicada na edição de janeiro de 2020)
Última atualização em 15 de janeiro de 2020 por Márcio Tonetti.