Enquanto a adoração está no cerne do sábado, a sexualidade está no centro do matrimônio
Justin Kim
Não é um, mas dois. O livro do Gênesis começa com dois relatos da criação. Os céticos são rápidos em apontar a inconsistência de toda a narrativa. No entanto, de fato, há duas histórias, cada uma enfatizando um clímax específico. A primeira é a mais conhecida e inicia-se no primeiro verso do primeiro capítulo. Ela avança pelos seis dias da criação, culminando no sétimo dia, em que Deus descansa, abençoa e santifica. Assim, o ápice da primeira semana é claramente o santo sábado.
O segundo relato da criação começa em Gênesis 2:4 e se estende até o fim desse capítulo. As árvores haviam sido criadas no terceiro dia, e alguns animais foram criados no quinto dia; as demais criaturas e o primeiro casal foram criados no sexto dia. É evidente que a ordem dos eventos da criação não é o foco do segundo relato. Em vez disso, a narrativa destaca a atividade de Adão e seu status de solteiro em meio ao trabalho. O ápice desse relato concentra-se na união do homem e da mulher no sagrado matrimônio, em que Deus os apresenta um ao outro e os une.
Enquanto a adoração está no cerne do sábado, a sexualidade está no centro do matrimônio. Ambas são dádivas sagradas que Deus concedeu à humanidade. A primeira revela o vínculo mais próximo entre a experiência divina e a humana. A segunda, por sua vez, demonstra o laço mais íntimo entre a experiência masculina e a feminina. Assim, ambas são preciosas, sublimes e, acima de tudo, boas.
Contudo, uma vez que ambas as instituições foram estabelecidas no Jardim do Éden, o inimigo procura atacar esses dois presentes. Existem muitos enganos e mal-entendidos em relação ao sábado e à sexualidade. Os adventistas do sétimo dia são chamados a restaurar a compreensão bíblica de ambos, tanto na experiência e no estilo de vida quanto no entendimento doutrinário.
Os ensinamentos sobre o sábado foram obscurecidos ao longo da história. Nosso movimento foi chamado a iluminar a maravilhosa dádiva da observância do sétimo dia, o valor do descanso sabático e seu papel escatológico, como selo de Deus sobre Seu povo.
Da mesma forma, os ensinamentos sobre sexualidade também foram distorcidos ao longo da história. Nosso movimento foi chamado a revalorizar a dádiva dos casamentos felizes, o valor das famílias espirituais e o papel da sexualidade saudável, especialmente nos últimos dias, quando as trevas continuam a se intensificar.
Assim como o sábado indica o Senhor como o Criador do tempo e do espaço, a sexualidade revela Deus como o Criador do corpo e da experiência humana. Da mesma forma que a graça divina perdoa e capacita, que, ao navegarmos pelas correntes do mundo, tenhamos coragem para permanecer firmes naquilo que nos foi presenteado no Paraíso.
JUSTIN KIM é editor-chefe da Adventist World
(Artigo publicado na edição de novembro/2024 da Revista Adventista / Adventist World)
Última atualização em 11 de novembro de 2024 por Márcio Tonetti.