Descanso pleno

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Como o entendimento da doutrina bíblica do sábado pode renovar a experiência pessoal com Deus

Oscar Lopes

Crédito: Divulgação CPB

O sábado, assim como o matrimônio, é um dos legados divinos com origem no Éden. Ao longo de toda a Bíblia, torna-se evidente que ele não é uma instituição exclusivamente judaica. Na verdade, o sétimo dia foi estabelecido no princípio da criação, antes da entrada do pecado no mundo e em um ambiente ainda perfeito, sendo destinado a toda a humanidade. Seu caráter singular é evidenciado na semana da criação, quando mais verbos são empregados para se referir ao sábado do que aos demais dias: o Criador “terminou”, “descansou”, “abençoou” e “santificou” esse dia. O descanso sabático é, portanto, indicado por Deus como momento de adoração e clímax de Sua obra criadora.

Em A Glória do Sábado (2025, 224 p.), Jo Ann Davidson nos convida a aprofundar a compreensão sobre Deus por meio do ensino bíblico a respeito do dia do Senhor. Doutora em Teologia Sistemática e professora do Seminário Teológico da Universidade Andrews, nos Estados Unidos, a autora apresenta uma sólida defesa da doutrina sabática, percorrendo toda a extensão das Escrituras – tanto o Antigo quanto o Novo Testamento. Além disso, dedica atenção especial ao período intertestamentário, esclarecendo o pensamento religioso da época e lançando luz sobre os motivos dos embates de Cristo com os fariseus a respeito do sábado.

O sábado está no coração do Decálogo, sendo, inclusive, o mais extenso e detalhado entre os Dez Mandamentos. A autora do livro demonstra que o sábado não é um requisito para a salvação, mas um componente essencial para a preservação da fé. Afinal, a primeira palavra do mandamento sabático não é “saiba”, mas “lembre-se”: o que aponta para a necessidade humana de recordar, refletir e manter viva a lembrança do relacionamento com o Criador. Por isso, a obediência ao descanso semanal deve ser motivada não por obrigação, mas pela alegria da salvação.

Ao enfatizar que a primeira coisa que Deus santificou não foi um objeto, mas o tempo, A Glória do Sábado ressalta como o Eterno adentrou a dimensão humana do tempo, tornando-Se participante dela. O sábado é, como afirmou Karl Barth, “o início da história da humanidade com Deus”, no qual Ele “dá forma temporal à Sua liberdade e ao Seu amor ao entrar no sétimo dia” (p. 173). Sob essa perspectiva, o sábado não é apenas um mandamento, mas “um lembrete contínuo da ação de Deus como nosso Criador e Mantenedor” (p. 44).

A leitura deste livro é fundamental para consolidar a compreensão bíblica a respeito do quarto mandamento, pois revela o sétimo dia em toda a sua beleza e em seu propósito mais elevado: conduzir-nos ao Senhor do sábado. A Glória do Sábado renova nosso entendimento de que o dia santificado é mais do que uma doutrina: é uma revelação do próprio Deus a Seus filhos. 

TRECHO

“Muitas vezes, não é que não O amemos; simplesmente não sabemos mais como passar tempo com Ele. Sabemos que Jesus é o Criador, mas falhamos em nos lembrar de que Ele também é o Senhor do sábado. Podemos estar ocupados trabalhando, até mesmo para Deus, e perder a comunhão com Ele. O sábado nos dá tempo para ouvir as batidas do coração do nosso Criador – um dia inteiro em que podemos deixar de lado todo o estresse e realmente descansar em Jesus” (p. 218).

OSCAR LOPES é editor de livros na CPB

(Resenha publicada na seção “Estante” da Revista Adventista de agosto/2025)

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Última atualização em 1 de setembro de 2025 por Márcio Tonetti.