Reflexões de uma vida dedicada ao ministério
Milton Andrade

Emilson dos Reis nasceu na cidade de Porto Alegre (RS) e é doutor em Teologia Pastoral pelo Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. Durante 44 anos de ministério, exerceu diferentes funções. Lecionou Ensino Religioso no Instituto Adventista Cruzeiro do Sul (Iacs) e foi professor por 31 anos na Faculdade de Teologia do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), onde também ocupou os cargos de secretário acadêmico e diretor. Casado com a professora Irani Reis, teve dois filhos: Thompson e Hudson (já falecido). É autor de livros publicados pela CPB e pela Unaspress, e permanece como professor emérito do curso de Teologia no Unasp. Frequentemente tem sido convidado para falar em concílios pastorais e de anciãos.
Como foi seu chamado ao ministério?
Eu tinha 16 anos e cursava o último ano do Científico no Iacs quando, ao ler o livro Patriarcas e Profetas, de Ellen White, fui impactado pelo relato da vida daqueles grandes homens do Antigo Testamento e sua relação com Deus. Embora tivesse nascido em uma família adventista, foi durante essa leitura que tive meu encontro com Deus e senti que Ele me chamava para ser um pastor.
Quais são os maiores desafios para um pastor adventista?
Há várias expectativas em relação ao trabalho do pastor: as de Deus, da liderança da denominação, das congregações locais que ele pastoreia e aquelas que ele próprio possui, e elas nem sempre coincidem. Acima de tudo, o mais importante é saber qual é a vontade de Cristo para o ministério. Em meio a tantas demandas, que só aumentam com o tempo, e a tantas distrações que o mundo oferece, o pastor deve reservar um tempo fixo, diário, prioritário e inegociável para estar a sós com Deus.
O que uma igreja espera do seu pastor?
Espera-se que ele apresente sermões relevantes, visite as famílias, faça evangelismo, coordene os programas da igreja, apoie os diversos departamentos e ministérios, atenda a todas as congregações do seu distrito pastoral e planeje o futuro delas, além de ser um conselheiro amigo dos jovens. Na realidade, essa lista parece interminável. Pensando nisso, alguém poderia perguntar, como Paulo: “Quem, porém, é capaz de fazer estas coisas?” (2Co 2:16). Mas, referindo-se àquelas coisas que Deus quer que nós façamos, ele mesmo responde, dizendo: “A nossa capacidade vem de Deus, o qual nos capacitou para sermos ministros” (2Co 3:5, 6).
Se pudesse voltar ao início do seu ministério, o que faria diferente?
Uma pessoa idosa, ao rever experiências passadas, pode tomar decisões melhores devido ao aumento de conhecimento, experiência e uma visão mais abrangente. Isso não implica que tenha falhado antes; talvez tenha feito o melhor possível com os recursos e conhecimento disponíveis na época. No meu caso, eu destacaria ainda mais os dons espirituais.
Quais conselhos o senhor daria à nova geração de pastores?
Precisamos ter em mente que estamos a serviço de Cristo. Pastoreando submissos ao “Supremo Pastor”
(1Pe 5:1-4), estamos engajados em uma missão na qual “Deus é por nós” (Rm 8:31), Cristo é por nós (v. 34), o Espírito é por nós (v. 26) e que, por isso, “somos mais que vencedores” (v. 37). É também importante considerar que, por causa do grande conflito, Ellen White menciona que os pastores são alvos especiais dos ataques de Satanás. O inimigo tem muitas estratégias para prejudicar nosso ministério e até nos afastar definitivamente. Ele pode usar opositores e caluniadores, mas também aduladores. Pode usar o desânimo, mas também o aparente sucesso e a honra que nos elevam. O segredo para vencê-lo consiste em permanecer humilde e confiante nas mãos de Cristo, porque delas ninguém pode nos arrebatar (Jo 10:28, 29).
(Entrevista publicada na Revista Adventista de outubro/2024)
Última atualização em 15 de outubro de 2024 por Márcio Tonetti.