Encontro inesperado

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Um livro entregue de presente e a surpresa de, quatro anos depois, reencontrar uma família transformada
Créditos: arquivo pessoal

Incrédulo quanto a tudo que se relacionasse com Bíblia e religião, Decliê Paz não queria aproximação nenhuma com denominações religiosas, mesmo tendo amigos e parentes evangélicos. Porém, seu encontro com a “luz da verdade”, como ele define, se deu de modo inesperado.

Morador da cidade de Anapu, região sudoeste do Pará, o pecuarista havia viajado 700 quilômetros até Belém, capital do estado, para a cerimônia de casamento da irmã. Durante o ensaio para o evento, que aconteceria numa igreja adventista, Decliê encontrou sobre a mesa da recepção do templo um exemplar do livro O Grande Conflito e começou a folheá-lo. A publicação despertou sua curiosidade pela forma com que a autora procurou desmascarar o inimigo de Cristo. Diante das perguntas que o inquietavam a respeito dessa guerra cósmica em que toda a humanidade está envolvida, ele procurou o pastor local, que seria o oficiante do casamento.

Percebendo o interesse do visitante pelo tema, o líder religioso, que já havia dado estudos bíblicos para a irmã de Decliê, aproveitou a oportunidade para presenteá-lo com um exemplar do mesmo livro. A partir daquele momento, a vida de Decliê começaria a dar uma guinada de 180 graus.

O paraense não esperou voltar para casa. Em Belém mesmo começou a ler a obra e ficou cada vez mais impressionado à medida que avançava nas páginas do clássico de Ellen White. Sedento por mais esclarecimentos, passou a buscar na Bíblia as referências indicadas em cada capítulo, conferindo verso por verso.

Aos 34 anos, o jovem, que até então não lia a Bíblia, teve a atenção voltada para alguns dos seus grandes temas. “Para mim, a Bíblia seria um conto de fadas. Mas, conforme eu avançava nos estudos, percebi que os textos bíblicos têm fundamento”, relata.

Ao voltar para sua cidade, Decliê compartilhou com a família o que estava aprendendo. Milton, uma das pessoas que trabalhavam para ele, era membro da Igreja Adventista e se ofereceu para estudar a Bíblia com o casal. Paralelamente, começaram a frequentar a igreja.

Lá, Gustavo, o filho mais velho, conheceu o Clube de Desbravadores e, pouco tempo depois, foi o primeiro membro da família a ser batizado, durante um campori. A decisão dele foi um incentivo para que o pai também passasse pela mesma experiência. Batizado em maio de 2016, Decliê se tornou membro da Igreja de Alto Bonito, em Anapu. Pregar é uma das atividades que ele desenvolve no templo. Denise e o filho mais novo, que o acompanham nas reuniões, pretendem em breve selar seu compromisso com Cristo.

Diante das transformações na vida e na rotina da família, Decliê entendeu que precisava proporcionar aos filhos uma educação cristã. Por sugestão da irmã, matriculou Gustavo no Colégio da Faculdade Adventista da Amazônia (Faama). “Quero que ele aprenda não só a educação dos homens, mas também a de Deus”, sublinha.

Recentemente, ao viajar para Belém a fim de deixar o filho no internato onde ele irá cursar o ensino médio, Decliê teve um encontro inesperado. Quatro anos depois do primeiro contato com a mensagem adventista na capital, seu caminho se cruzou novamente com o do pastor que lhe ofereceu o livro.

Ao saber de toda a história, Ezinaldo foi tomado pela emoção. “Reencontrá-lo nessas circunstâncias me fez experimentar um pouco da alegria e das surpresas que teremos no Céu ao ver pessoas que influenciamos, seja por meio de um folheto ou de um livro”, conta Ezinaldo, que é professor do curso de Teologia da Faama.

Ver uma família transformada pela influência de um livro também o fez recordar-se da história de sua própria família. Há aproximadamente 30 anos, ele recebeu de presente uma revista Nosso Amiguinho. Algum tempo depois, também chegou às mãos de sua mãe um folheto que a motivou a visitar a igreja do endereço mencionado no impresso. O resultado também foi uma família inteira batizada, da qual saiu um pastor e uma professora da rede adventista.

“E, assim, as histórias de conversão pelas publicações vão se avolumando nos anais da história”, conclui.

LAÍS SANTANA é jornalista e assessora de comunicação da Faculdade Adventista da Amazônia

Última atualização em 16 de outubro de 2017 por Márcio Tonetti.