Livro discute mitos e tradições sobre a vida após a morte e Oferece uma resposta bíblica à nossa impotência diante da sepultura
André Vasconcelos
Cedo ou tarde, todos vamos nos deparar com a morte. Apesar de sabermos que o fim da existência é inevitável, sofremos quando ela se aproxima de nós. Lamentamos a perda de amigos, familiares e até mesmo de pessoas desconhecidas. A verdade é que nos sentimentos impotentes diante da sepultura.
Desde tempos imemoriais, o mistério que envolve a morte tem mexido com a imaginação humana. Por isso, histórias e mitos foram criados para arquitetar mundos e dimensões além da tumba. Essas tradições passaram a compor o pensamento popular, especialmente em torno da crença na reencarnação, na imortalidade da alma e no inferno.
O livro O Mistério da Morte (CPB, 2019, 112 p.) discute a origem dessas crenças, a razão da popularidade delas e, principalmente, a perspectiva bíblica a respeito do assunto. Esclarece, por exemplo, o que significam os conceitos de alma, espírito e inferno nas Escrituras, além de elucidar a controversa alegoria do rico e de Lázaro, contada por Jesus (Lc 16).
A obra também destaca a influência do pensamento helenístico na propagação de mitos e tradições relativos à vida após a morte. Os gregos acreditavam que a Terra e o Hades, o local sombrio dos mortos, eram separados por um rio mitológico, o Estige. Como resultado, era comum que as pessoas colocassem moedas sobre a boca ou os olhos do cadáver durante o funeral, a fim de que o morto tivesse como pagar o barqueiro que o conduziria na travessia do rio.
A aventura de navegar nessa leitura será como esvaziar o rio Estige. É necessário se desprender de mitos pagãos e ensinos populares sobre a morte, que foram incorporados ao pensamento judaico-cristão ao longo de 2 mil anos, para compreendermos o conceito bíblico de imortalidade condicional, por exemplo.
Escrito por Shawn Boonstra, orador do programa de rádio A Voz da Profecia nos Estados Unidos, o livro O Mistério da Morte beneficiará especialmente àqueles que não se conformam com a triste realidade da morte nem se contentam com explicações simplistas para o fim da vida. Em resumo, essa obra ajudará o leitor a embarcar no tema da morte sem os pressupostos de séculos de superstição projetados sobre a Palavra de Deus.
TRECHOS
“É possível que o aspecto mais surpreendente da imagem bíblica acerca da morte seja o quanto ela é real. Os seres humanos nunca foram espíritos etéreos nem foram destinados a passar a eternidade, ou parte dela, como almas desencarnadas. Os gregos e outras culturas pagãs dividiram nossa existência em duas partes, uma física e outra espiritual, mas a Bíblia nos descreve como seres indivisíveis e completos, formados tanto pelo físico quanto pelo espiritual.”
“A divisão da existência em duas partes – a vida presente física e a vida futura espiritual – vem da mitologia pagã, não da antropologia bíblica. Os filósofos gregos desprezavam a existência material, por ser imperfeita e, portanto, algo de que necessitamos nos livrar o mais rápido possível. Posteriormente, os gnósticos importariam essas ideias heréticas para a igreja cristã. A Bíblia, porém, revela um Deus que criou pessoas materiais, que as colocou no mundo físico e então sorriu ao declarar que Sua criação era muito boa (Gn 1:31).”
“A Bíblia é uma história real para pessoas reais. Embora certamente lide com temas que desafiam nossa capacidade de compreensão, ela não fala de conceitos que só existem em um mundo esotérico no além. As Escrituras tratam de pessoas de carne e osso que enfrentam questões reais, de vida ou morte. Assim, a Bíblia é um guia para quem precisa enfrentar a realidade e uma fonte de esperança para aqueles que anseiam por um mundo real quando passarem pela morte.”
“Gastamos tempo demais consolando os outros com as palavras de que os mortos ‘estão em um lugar melhor’. Não é isso que a Bíblia nos orienta a dizer como consolo junto à sepultura. “Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras”, diz Paulo. Quais palavras? As que dizem que os mortos estão dormindo, mas que Jesus não Se esquecerá deles quando voltar.”
“Deus não é um monstro. Seu maior desejo é levar as pessoas para dentro do reino, não as deixar ao lado de fora. Ele não enviou Seu Filho ao mundo para condená-lo, mas para salvá-lo. O Senhor não quer perder você. Ele deu tudo o que poderia dar, inclusive a própria vida, a fim de garantir seu lugar no reino celestial. Deus ama você. Ele não é um Ser vingativo que tortura as pessoas que discordam Dele. É um Deus misericordioso que dará fim à miséria do mundo sofredor. O Senhor não força ninguém a amá-Lo.”
ANDRÉ VASCONCELOS é pastor e editor de livros denominacionais na CPB
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