O legado missionário do casal Halliwell na Amazônia
Max Pfeffer
Toda vida é digna de um livro, mas a de alguns rende várias obras. Este é o caso dos missionários norte-americanos Leo e Jessie Halliwell. Os relatos da experiência desse casal, que deixou o conforto da classe média dos Estados Unidos para pregar o evangelho nas regiões mais desafiadoras do Brasil na primeira metade do século 20, foram registrados por diversos pesquisadores.
Contudo, Luz na Selva (CPB, 2024, 208 p.) não é apenas mais um livro sobre a vida missionária deles; trata-se da autobiografia escrita por Leo Halliwell, pela primeira vez disponível em língua portuguesa.
A narrativa aborda os desafios enfrentados pela família no Brasil, desde a chegada ao Rio de Janeiro, no início dos anos 1920, até o fim dos anos 1950, quando decidiram deixar a floresta amazônica e retornar aos Estados Unidos. Leo, um engenheiro, e Jessie, uma enfermeira, ambos com boas perspectivas de trabalho e renda, escolheram se voluntariar para a missão. Juntos, trouxeram o filho pequeno, embarcando numa aventura que atravessou décadas e alcançou lugares em que poucos haviam estado antes.
Leo Halliwell descreve a intensa experiência médico-missionária de sua família, principalmente entre os ribeirinhos e as tribos indígenas da Amazônia, destacando a importância das questões sanitárias, porque doenças tropicais, como a malária, faziam muitas vítimas na região.
Enquanto viviam no coração da floresta, também enfrentavam ataques de animais selvagens, como jacarés e cobras. Assim, a entrega de medicamentos, a prescrição de tratamentos, a realização de procedimentos cirúrgicos e o ensino de hábitos de higiene tornaram-se essenciais. Além das necessidades físicas, a família também supria as necessidades espirituais e emocionais das comunidades ribeirinhas.
Luz na Selva é uma fonte inspiradora para os missionários atuais, motivando-os a buscar novas conquistas. Afinal, os frutos colhidos pelos esforços e sacrifícios de Leo e Jessie Halliwell ressoam ao longo de diversas gerações.
O ministério de barcos missionários iniciado pela família Halliwell com a lancha Luzeiro I, em 1931, continua ativo, com a dedicação de missionários atuais que, usando embarcações maiores e mais modernas, atendem às comunidades do Amazonas.
TRECHO
“Éramos pastor e médico, psiquiatra e casamenteiro, salvador de casamentos, padrinhos de milhares de crianças, grande parte das quais a própria Jessie tinha ajudado a trazer ao mundo” (p. 9).
MAX PFEFFER é editor na CPB
(Resenha publicada na seção Estante da Revista Adventista de abril/2024)
Última atualização em 17 de abril de 2024 por Márcio Tonetti.