Como uma igreja da zona sul de São Paulo consolidou um modelo de classes bíblicas que já alcançou várias pessoas com a mensagem adventista
QUÉZIA SALLES
Há 15 anos, um projeto de evangelismo integrado tem promovido o crescimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia do Brooklin, na zona sul de São Paulo, onde congregam cerca de 1,2 mil pessoas. Os resultados têm sido não apenas numéricos, mas principalmente no que diz respeito ao engajamento missionário.
O método evangelístico se baseia nas tradicionais classes bíblicas. Porém, diferentes meios têm sido empregados para atrair interessados. Telemarketing, correspondências e publicações são algumas abordagens usadas.
Desde o início, em 2004, o projeto tem atraído muitos visitantes para as classes bíblicas na igreja. Após o sucesso inicial, a equipe se envolveu ainda mais e deu início às atividades de telemarketing, que consistiam em convites feitos via telefone.
Certo dia, em vez de ligar, a igreja recebeu uma ligação. A chamada era de um homem misterioso que costumava entrar no templo e dele sair discretamente, e que, apesar de não querer ter contato com a igreja, sentiu-se compelido a buscar ajuda para alguns problemas pessoais. Semanas após esse episódio, Marcos Tanaka finalmente se identificou e estreitou laços de amizade com o grupo. Passou a visitar a igreja aos sábados e também a frequentar as classes bíblicas.
Contudo, algo ainda o preocupava. Como sócio de um restaurante oriental, ele enfrentava dilemas relacionados à guarda do sábado, bem como à venda de bebidas alcoólicas e alimentos impuros. Como explicar suas novas crenças para uma família tradicional de origem japonesa? A oração trouxe a resposta e a força necessária para um passo de fé. Tanaka abdicou de sua parte do restaurante e abriu uma loja de produtos naturais, concluiu estudos bíblicos e foi batizado.
Na comunidade adventista do Brooklin, os alunos que concluem os cursos bíblicos e passam pela experiência do batismo são direcionados para outras classes, que fazem parte do ciclo de crescimento. Ali eles são motivados a desenvolver a liderança e os dons. Durante esse processo, Tanaka teve outras orações atendidas. A esposa, Andrea, também decidiu ser batizada e o casal foi abençoado com o nascimento de Felipe, que eles acreditam ter sido uma resposta às orações intercessoras dos membros da igreja. Tanaka sentiu o desejo de trabalhar na obra de publicações e hoje ele e o filho, Victor, atuam como colportores no território da Associação Paulistana.
Correspondências e publicações
Outras pessoas passaram a ser contatadas por meio de correspondências personalizadas e pelo ministério de publicações. Em parceria com a sede administrativa da igreja nessa região e a CPB, a igreja implantou um “guichê missionário”, no qual disponibiliza, em média, 4 mil folhetos por mês, lições da Escola Sabatina, meditações, DVDs e CDs, além de outras literaturas.
Helvio Rocholli foi alvo dessa influência. O advogado tinha certa resistência à mensagem da Bíblia e aos escritos de Ellen G. White. Certo dia, ele recebeu de sua cunhada um exemplar do livro O Grande Conflito. Cauteloso que era, começou a questionar e participar dos estudos bíblicos para entender mais sobre o tema. “Sempre gostei muito de ler e estudar. Então, pesquisei bastante sobre a Bíblia antes de frequentar a igreja. Quando comecei a ler O Grande Conflito, fiquei maravilhado ao perceber como tantas informações se encaixavam”, relembra.
Após a série de estudos no Brooklin, ele e a esposa foram batizados. Anos mais tarde, passaram a frequentar uma pequena igreja no município de Ibiúna (SP). “Vimos que eram pessoas carentes financeiramente, mas espiritualmente muito ricas, com as quais temos aprendido muito”, avalia. Como gratidão, ele abriu mão de parte de seus recursos financeiros para auxiliar na construção de um templo, inaugurado no fim de maio. Localizado em uma esquina, o prédio da igreja pode ser visto de todas as direções, tornando-se um ponto de referência para a cidade.
Histórias como estas evidenciam o potencial e a importância do evangelismo integrado, que promove um ciclo de crescimento, transitando por todas as fases, desde o estudo bíblico até a formação de um membro maduro. A igreja do Brooklin tem recebido visitas de líderes das sedes administrativas adventistas ao redor do Brasil e de outras pessoas interessadas em levar o modelo de classes bíblicas para suas regiões.
QUÉZIA SALLES é jornalista
Última atualização em 30 de julho de 2019 por Márcio Tonetti.